Com o fim da novela McLaren, o grid para 2015 está praticamente definido. Resta apenas saber se a Caterham vai de facto continuar em prova, o que seria o abrir de mais 2 vagas para o grande circo, mas se o cenário se mantiver como actualmente, as equipas estão definidas. Interessa portanto conhecer os line up´s e analisar equipa por equipa.
Mercedes:

Em equipa que ganha não se mexe. Nico Rosberg e Lewis Hamilton foram os melhores de 2014 e ambos continuarão na Mercedes. Rosberg já assinou o novo contrato e Hamilton também não quer mudar de equipa. A Mercedes deverá continuar a ser o alvo a abater para 2015 e nenhum piloto em condições normais muda de uma equipa vencedora para outra equipa. Resta saber como será a convivência para 2015. Este ano os dois pilotos tiveram lutas muito agressivas, que tornaram o ambiente pesado. O abraço entre ambos no final do campeonato terá sido uma “semi-reconciliação”, mas já se sabe que as lutas pelo titulo são desgastantes. Rosberg quererá conquistar o titulo que lhe escapou por entre os dedos e Hamilton quer cumprir o sonho de se tornar tri-campeão, tal como o seu ídolo, o grande Senna. Continuará a ser uma das lutas mais interessantes em 2015. Como conseguirá a equipa gerir os egos dos pilotos? Esta é a grande dúvida.
Red Bull:

Ricciardo assumiu definitivamente o lugar de nº1. O australiano fez uma época brutal e conquistou a equipa. A saída de Vettel não foi encarada com preocupação pois as chefias sentiram que o futuro estava assegurado com Ricciardo. A vaga de Vettel foi ocupada por Kvyat. O jovem russo não desiludiu na sua primeira época na F1 e mereceu a confiança de Horner e companhia para subir à “equipa principal”. É uma aposta arriscada pois Kvyat, embora não tenha feito uma época má, ainda tem muito para provar. E esta aposta pode querer dizer que a Red Bull está com algum receio de 2015. A Mercedes continuará a ter os melhores motores e os regulamentos não permitem mudanças significativas nos mesmos. A Mercedes travou o possível acordo que previa a revisão dos regulamentos, de forma às unidades motrizes serem revistas e melhoradas. Como tal a Red Bull aposta num line up com muito potencial é certo mas muito barato que não garante à partida os melhores resultados possíveis. Só Ricciardo é pouco para garantir os pontos que a equipa precisa.
Williams:

Outra equipa que manteve e muito bem os seus pilotos. A Williams teve um 2014 excelente, muito graças a sua dupla. Bottas afirmou-se como um dos grandes valores do futuro, depois de um 2013 muito discreto, por força da fraca competitividade do carro. Este ano vimos um Bottas com potencial para ser campeão. Piloto frio, calculista, inteligente na gestão dos ritmos e capaz de atacar quando é preciso. Foi uma das boas surpresas do ano e por certo continuará em 2015 a fazer o mesmo. Já Massa, depois de um período mau na Ferrari, está de volta. O brasileiro renasceu para a F1 e depois de um inicio complicado e muito azarado voltou às boas exibições e aos pódios. A sua experiência poderá ser uma das chaves para o sucesso da Williams. Espera-se que a Williams consiga lutar pelo titulo em 2015. Com esta dupla tem tudo para o conseguir.
Ferrari:

A Scuderia é uma equipa em busca de identidade. Em busca de rumo. As várias tentativas frustradas ao longo dos últimos anos levaram ao gradual agravar da situação que apenas foi minorada pelo excelente desempenho de Alonso. O crescente descontentamento do espanhol levou ao divorcio inevitável. Para a sua vaga entra Sebastian Vettel, tetra campeão do mundo. O alemão segue assim as pisadas de Schumacher, o seu grande ídolo e tem a oportunidade de provar o seu real valor, que sempre foi alvo de duvidas na Red Bull, tal era o domínio dos carros. Como colega de equipa terá Kimi Raikkonen, que teve um 2014 para esquecer. Depois de um regresso em grande na Lotus, Kimi voltou a Scuderia onde foi campeão, mas as suas prestações deixaram muito a desejar. Terá de fazer muito mais no próximo ano. Não deixa de ser curioso que para esta renovação, a Ferrari escolheu os pilotos que fizeram pior que os colegas de equipa em 2014. Será desta que a Scuderia ressurge?
Mclaren:

Uma nova era começa na McLaren, com o regresso da Honda, reeditando uma parceria histórica. E para esta nova era a equipa de Woking escolheu provavelmente o melhor line up possível. Alonso já era um namoro antigo por parte de Ron Dennis e o casamento foi consumado há várias semanas atrás, tornando-o num dos segredos mais mal guardados dos últimos tempos. A grande dúvida era o companheiro de equipa do espanhol. Até ao final suspeitou-se que seria Magnussen o escolhido, mas num volte face, foi Button o escolhido. A escolha parece ser a mais indicada. Nada melhor que 2 dos mais experientes pilotos do grid para fazer crescer a McLaren/Honda. Além da experiência, ambos são garantia de conquista de pontos, o que é muito importante numa equipa que vem de 2 anos horríveis. Magnussen ficou como piloto de reserva, numa decisão dura e injusta para o piloto, mas que ao menos o mantém na F1 e na equipa, que por certo não o quer perder. É um line up muito bom, que alia qualidade, experência, maturidade e inteligência. Se depender apenas dos pilotos a McLaren tem tudo para vencer.
Force India:

Outra equipa que de forma inteligente manteve a dupla de pilotos. Perez e Hulkenberg são dois dos melhores pilotos do grid e o seu potencial não engana. A Force India teve de abrir os cordões à bolsa no ano passado para ficar com esta dupla, mas o investimento compensou. A equipa teve um ano bom, que podia ter sido melhor se o investimento na melhoria do carro fosse maior. Mas a equipa tem de gerir um orçamento limitado, que nem sempre dá para as necessidades da equipa para manter o carro competitivo. Hulkenberg foi no geral o melhor, fazendo uso da sua consistência. Perez conseguiu um pódio mas teve um ano com altos e baixos. Se Hulkenberg conseguir subir mais um pouco o seu nível e Perez conseguir ser mais consistente, a Force India pode sonhar com coisas boas.
Toro Rosso:

O line up mais jovem e mais inexperiente do grid. Um rookie de 20 anos e um rookie de 17 anos. Parece uma receita para o desastre. Para a equipa, que essencialmente serve de equipa B para a Red Bull, os resultados não deverão ter muita importância e a escolha deste line up é prova disso. Apostar num jovem com potencial é muito certo. Apostar em 2 é uma jogada demasiado arriscada. A equipa poderá sofrer com a falta de experiencia dos pilotos. Os pilotos não servem só para pilotar, servem para dar indicações à equipa para melhorar o carro. E tanto Sainz Jr. como Verstappen não tem ainda o tempo suficiente para tornar o desenvolvimento do carro progressivo. Olhamos com muitas reservas para esta Toro Rosso. Há de facto muito potencial, mas na F1 isso só não chega.
Lotus:

A dupla também se manteve mas por razões diferentes. Se Grosjean pode de facto ser o homem que traga os bons resultados, já Maldonado ficou porque traz consigo sempre muito dinheiro. Foi dos primeiros a ter o lugar assegurado para 2015, o que vendo as suas prestações poderia causar muita confusão. Mas o dinheiro fala mais alto e neste caso mais uma vez o venezuelano acaba por ter a sorte e o dinheiro do seu lado acabando com as dúvidas. Esperemos ver a Lotus de volta às boas exibições em 2015. Com a entrada dos motores Mercedes a equipa terá mais hipóteses de melhorar. Mas se o dinheiro continuar a faltar como até agora… será mais uma época difícil.
Sauber:

Foi outra das equipa que teve de escolher os pilotos em função do dinheiro que traziam consigo. Se Nasr é um piloto que pode de facto ser uma mais valia para equipa, já Ericsson não mostrou nada de relevo para se manter na F1. A equipa procura recuperar o rumo depois do seu pior ano de sempre na F1. E a falta de dinheiro obrigou a estas opções. Será que a equipa conseguirá recuperar e voltar às boas exibições? Muitas dúvidas.
Fábio Mendes