Se perguntarmos a várias pessoas, quem foi o terceiro classificado de 2000 na Fórmula 1, serão raras as respostas certas (sem se consultar a internet!), mas se for preciso sabem quem foi o campeão desse mesmo ano. É difícil esquecer os campeões, ainda que seja mais difícil lembrarmo-nos de todos.
Foi o que nos passou pela cabeça e por isso, resumimos todas as épocas da F1, desde 1950 a 2014, para homenagear todos os campeões e os míticos pilotos, que merecem fazer parte do universo do Grande Circo.
1950 – Nino Farina

O primeiro Campeonato do Mundo começou em Fevereiro de 1950, com 6 corridas programadas. O título de construtores apenas foi introduzido em 1958, mas se houvesse campeonato de marcas, a Alfa Romeo garantiria o primeiro lugar. Os três primeiros pilotos no final da temporada eram todos pilotos da Alfa, que tinha estado afastada das competições automóveis durante um ano: Nino Farina, Juan Manuel Fangio e Luigi Fagioli. No final desse ano, a Ferrari tinha desenvolvido o seu carro e com Ascari ao volante de um deles, mostraram sinais encorajadores para o ano seguinte.
1951 – Juan Manuel Fangio

Mesmo com um espectacular ano de estreia no Campeonato do Mundo, a Alfa Romeo não se mostrou tão forte em 1951, com a Ferrari a crescer de corrida para corrida, com Ascari como a ponta da lança da Scuderia. Em 1951 houve um piloto britânico que deu nas vistas, de seu nome Stirling Moss. No final, Fangio ao volante de um Alfa, venceu o campeonato por 6 pontos de vantagem para Ascari, com José Froilan Gonzalez (também piloto Ferrari) a fechar o pódio desse ano.
1952 – Alberto Ascari

A ano de ´52 ficou marcado pela desistência da Alfa Romeo, que não conseguiu fundos para substituir o seu Alfa Romeo 158 que datava de 1938, mesmo tendo a FIA mudado as regras quanto às motorizações: os carros passaram a ter motores 2-Litros, obrigando o competição a tornar-se um campeonato de Formula 2. Com a desistência da icónica Alfa, Fangio mudou-se para outra equipa italiana, a Officine Maserati e Farina foi para a Ferrari. Os três primeiros pilotos da tabela, no final da época, eram todos pilotos Ferrari: Ascari, Farina e Piero Taruffi.
1953 – Alberto Ascari

Com o campeonato de ´53 a ser disputado em 8 provas, começando na Argentina, apenas os 4 melhores resultados é que contaram para a classificação final. A temporada ficou marcada pela luta entre Maserati, liderada por Fangio e a Ferrari, ainda com Ascari, Farina, Villoresi e o britânico Hawthorn, que impressionou Enzo Ferrari de tal maneira, que o patrão da Scuderia deu-lhe um lugar na equipa. Hawthorn não desiludiu e venceu a corrida de Reims, onde ganhou por um carro de vantagem a Fangio. Os três primeiros pilotos desse ano foram, Ascari, Fangio e Farina.
1954 – Juan Manuel Fangio

1054 marcou o fim da Formula 2, com a limitação aos motores de 2.5-Litros e o regresso da Mercedes-Benz aos Grand Prix. Os germânicos contrataram Fangio e Ascari, sentindo-se ameaçado, deixou a Ferrari para ingressar numa nova equipa, a Lancia. Nem Mercedes-Benz nem a Lancia estavam preparadas para o início do campeonato, tanto que Fangio precisou de um Maserati para conseguir correr na Argentina, onde venceu. Na segunda corrida, a Mercedes fez a sua estreia e venceu, com Fangio e o seu colega de equipa, Karl Kling, deram uma volta de avanço ao Ferrari de Robert Manzon. Na última corrida do ano, em Barcelona, o Lancia V-8 estreou-se, mas apenas por algumas voltas, já que Ascari e Villoresi desistiram. José Froilán Gonzalez e Mike Hawthorn (ambos Ferrari), terminaram em 2º e 3º, respectivamente. Onofre Márimon faleceu durante os treinos do Grand Prix da Alemanha no circuito de Nürburgring.
1955 – Juan Manuel Fangio
Stirling Moss juntou-se a Fangio na Mercedes e seriam a dupla perfeita para essa temporada. O ano de ´55 ficou marcado pela morte de Ascari, num teste em Monza. A Lancia, depois do acidente fatal de Ascari, decidiu-se retirar da competição, obrigando Castelloti a competir num Lancia privado. Nesse mesmo ano, muitos dos pilotos da F1 rumaram a Le Mans para competir na corrida de resistência das 24h. Duas horas e meia depois do inicio das 24h de Le Mans, um acidente entre Pierre Levegh e Lance Macklin, tirou a vida a 83 pessoas, depois do Mercedes de Levegh explodir no meio da multidão que assistia. O piloto do Mercedes foi uma das vítimas. As provas de F1 de França, Espanha, Alemanha e Suíça, foram canceladas. No final da época, Fangio venceu o seu 3º título de pilotos, mas a Mercedes-Benz anunciou a retirada da marca da competição, obrigando o piloto argentino e Stirling Moss, segundo na tabela de pilotos, a procurarem nova equipa. Em 3º lugar da classificação final ficou Eugenio Castellotti.
1956 – Juan Manuel Fangio

Fangio e Moss tiveram de se separar devido ao abandono da Mercedes-Benz e seguiram caminhos bem diferentes: Fangio mudou-se para a Ferrari e Moss rumou à Maserati, mas preferindo competir por uma equipa britânica. O problema de Moss era que a Maserati era a única equipa que lhe dava oportunidade de bater o seu antigo colega de equipa. Ao lado de Fangio na Ferrari, surgia Peter Collins, um jovem piloto. Na corrida de Silverstone, a BRM, equipa inglesa que contava nas suas fileiras com Mike Hawthorn, surpreendeu ao liderar com dois carros nas primeiras 10 voltas. No final da ronda inglesa, Collins liderava o campeonato com 22 pontos mas com Fangio em segundo, a 1 ponto e Behra (também Ferrari) em terceiro a 4 pontos do primeiro. Estava tudo em aberto para a última corrida do ano, em Monza. E foi na Catedral da Velocidade, que assistiu-se a um gesto bonito e que reflete o espírito de equipa: o Ferrari de Fangio obrigou-o a desistir, logo, estava fora da luta pelo título, mas Collins foi às boxes e saiu do carro, oferecendo o seu lugar a Fangio, que regressou à corrida e terminou em 2º, conseguindo garantir o seu 4ª título mundial de pilotos. Stirling Moss e Peter Collins terminaram em 2º e 3º, respectivamente.
1957 – Juan Manuel Fangio
Novo ano, mais mudanças para Fangio e Moss. O campeão em título mudou-se para a arqui-inimiga da Ferrari, a Maserati e Moss, que pensava em mudar-se para uma equipa inglesa já em ´56, escolheu a Vanwall. A Ferrari teve em ´56 um ano terrivel, com a morte de dois dos seus pilotos: Castellotti morreu durante os testes em Modena e Alfonso de Portago morreu na mítica Mille Miglia.
Depois de ter falhado a prova francesa por doença, Moss dava nas vistas com um melhorado Vanwall, na prova seguinte, no circuito de Aintree, Inglaterra, onde galgou do 6º lugar até à vitória final. Foi a primeira vitória de um carro britânico num Grand Prix. Fangio respondeu na corrida seguinte, ao bater 10 vezes o recorde de tempo de Nürburgring. O título era seu, o 5º título de Campeão do Mundo. Ainda assim, a Vanwall (com Moss ao volante) conseguiu mais 2 vitórias, ambas em solo italiano, em Pescara (Enzo Ferrari baniu as corridas citadinas para os carros da sua equipa) e em Monza, colocando pressão em Fangio. Era a primeira vez desde 1950 que uma equipa britânica se colocava entre os primeiros. No final, os três primeiros foram: Fangio, Moss e Luigi Musso (Ferrari).
1958 – Mike Hawthorn (Titulo de construtores: Vanwall)

Pela primeira vez foi introduzido um campeonato para marcas, no mesmo ano que Fangio se retirou da competição, mesmo aparecendo em algumas provas durante o ano. Os regulamentos mudaram em relação ao combustível, com a obrigatoriedade do uso de combustível de aviação de 130 octanas. Na Argentina, Moss teve de correr num Cooper-Climax de 2-Litros, porque a Vanwall estava em reestruturação, voltando aos controlos de um carro da marca no Mónaco, mas nenhum dos 3 pilotos da marca britânica chegou ao fim da prova, tendo a Cooper voltado a vencer. Em Spa, foi tempo de se estrear Teresa de Filippis, a primeira mulher a competir na F1. Nessa mesma corrida, o Vanwall de Moss rebentou o motor, tendo Tony Brooks, um dos companheiros de Moss na Vanwall, ganho corrida.
O ano ficou marcado pelas mortes de Luigi Musso (Ferrari) em Muizon e de Peter Collins (Ferrari), em Nürburgring. Hawthorn a seguir ao acidente de Collins (que saiu da pista a mais de 160Km/h) desistiu da prova. Se a morte de um piloto de topo aconteceu em ´58, também foi nesse ano que apareceu um jovem num Formula 2, que iria dar muito que falar: Bruce Mclaren, terminou o ano em 5º da geral. Foi também o ano do primeiro Grande Prémio de Portugal, nas ruas do Porto, na Boavista. No final da temporada venceu Hawthorn, com Moss e Tony Brooks nas seguintes posições do top 3. Por equipas, a Vanwall levou a melhor à Ferrari e à Cooper-Climax, arrecadando o primeiro troféu de construtores.
1959 – Jack Brabham (Titulo de construtores: Cooper-Climax)
Depois do final da época de ´58, Hawthorn morreu num acidente de viação no seu Jaguar. O piloto tinha já decidido retirar-se da F1, devido à morte do seu amigo Peter Collins. O ano de ´59 começava com mais más noticias para o automobilismo inglês: Tony Vandervell, patrão da Vanwall, deciciu retirar a equipa do campeonato. Brooks mudou-se para a Ferrari e Moss teve uma época confusa, a pilotar por duas equipas, a Cooper-Climax e a BRM. A Cooper tinha nas suas fileiras Jack Brabham. Foi em 1959 que Joakim Bonnier deu a primeira vitória em provas à BRM, em Zandvoort, onde lutou arduamente com os Cooper-Climax de Brabham, Moss e Masten Gregory.

Na estreia do circuito de alta velocidade de Berlim, Hans Herrmann destruiu o BRM que pilotava, obrigando Stirling Moss a competir com um Cooper o resto da época…e ainda bem! O britânico dominou por completo o Grande Prémio de Portugal, desta vez em Monsanto, onde deu uma volta de avanço a todo o pelotão. Na corrida seguinte, em Monza, Moss voltou a vencer, arrastando a decisão do título para a última ronda, em Sebring, EUA. Moss fez a pole e liderou a corrida, mas à 6ª volta teve de desistir com problemas de transmissão e Jack Barbham teve de empurrar o Cooper T51-Climax até à linha de meta, para chegar em quarto lugar da prova, o suficiente para o título. No final da época, Brabham venceu o primeiro título de pilotos, com Brooks em 2º e Moss em 3º, enquanto a Cooper-Climax vencia o campeonato de construtores, com a Ferrari em 2º e a BRM em 3º.
1960 – Jack Brabham (Titulo de construtores: Cooper-Climax)
1960 foi o último ano dos Fórmulas 2.5-Litros. O ano arrancava com uma vitória de Bruce Mclaren na Argentina, onde o seu colega de equipa, Jack Brabham teve de abandonar devido a problemas de transmissão. Moss apareceu no Mónaco, no estreante Lotus 18, com uma vitória à chuva, sobre Mclaren. Na Bélgica, Moss teve azar e quando perdeu uma das rodas do Lotus, a roda bateu-lhe nas pernas, partindo ambas. Nessa corrida Brabham venceu com Mclaren a terminar em 2º. Jim Clark pontuou pela primeira vez em Spa ao acabar a corrida em 5º, tendo lutado pelo 4º lugar com Graham Hill.
Brabham conseguiu uma série de quatro vitórias consecutivas: Zandvoort, Spa, Reims e Silverstone. Seguiu-se Portugal, de regresso à Boavista, que com o abandono de John Surtees (Lotus), Brabham conseguiu a 5ª vitória consecutiva. Em Monza, com o boicote das equipas britânicas, a Ferrari, com Phill Hill, venceu a corrida, mas mais nada durante a época.
Brabham garantiu assim mais um título, seguido por Bruce Mclaren e Stirling Moss. Duas equipas britânicas ocuparam as duas primeiras posições da tabela de construtores, a Cooper-Climax (vencedora) e a Lotus-Climax, seguidas pela inevitável Ferrari. O ano de 1960 marcou também o fim dos carros com motor dianteiro.
Pedro Mendes
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