
A Williams é um dos nomes incontornáveis da F1. A competir desde 1975 e com já 9 títulos de construtores no seu currículo, a equipa merece o respeito de todos os fãs. Mas os últimos anos da equipa não foram de todo os melhores. A Williams vinha de um período negro da sua história. Desde 2004 que a equipa ficava de fora do top 3 de construtores e as épocas de 2011, 2012 e 2013 marcaram uma fase ainda mais complicada para a equipa. Em 2011 e 2013 a equipa apenas fez 5 pontos, o que denota bem a pobreza desta fase.
Em 2013 deu-se a revolução na equipa. Frank Williams abriu a porta à sua filha Claire, que desde 2002 foi subindo gradualmente na estrutura, e agora é directora da equipa. Ao mesmo tempo, Pat Symonds foi contratado para director técnico da equipa.
O engenheiro britânico ficou conhecido por estar envolvido no “Crashgate” em 2008, quando Pique Jr. forçou um acidente para beneficiar o colega de equipa. Antes disso tinha trabalhado para a Toleman, que passou a ser Benetton, sendo engenheiro de corrida de Schumacher. Manteve-se na estrutura quando a Benetton passou a ser Renault e ai se manteve até 2008.
Depois da polémica de 2008, Symonds tornou-se consultor da Marussia até 2013, ano em que recebeu o convite para chefiar o departamento técnico da Williams, já a meio da época. Pouco pôde fazer para melhorar o fraco FW35 mas a sua entrada trouxe mais clarividência e objectividade à equipa.
Embora 2013 tenha sido um ano mau, o final trazia algum optimismo para 2014. O projecto do FW36 já tinha 2 anos de desenvolvimento e a equipa estava optimista em relação ao futuro.

Em 2014 entraram mais duas peças fundamentais. Felipe Massa e Rob Smedley, ambos vindos da Ferrari. De Massa esperava-se que a experiência e a vontade de provar que ainda é de topo, elevasse a equipa, e de Smedley, esperava-se que a experiência adquirida na Scuderia trouxesse frutos para a equipa.
Tudo isto a juntar a uma remodelação profunda dos quadros técnicos, com muitas entradas de engenheiros de outras equipas, levou a que 2014 fosse um ano de renascimento. Desde o início que se percebeu que o carro tinha muito potencial. Além disso, um golpe de marketing espectacular, com o regresso da Martini, fez suspirar de alegria os mais saudosistas. Todos os ingredientes estavam reunidos para uma boa época.
E o decorrer da época comprovou isso mesmo. Se no início a equipa pagou caro erros infantis, que custaram pontos fáceis, desde o GP da Áustria a equipa “fartou-se de facturar”. Para este ano ser perfeito só faltou a vitória. Ficou no ar a sensação de que se a equipa tem errado menos no início e não tivesse tanto azar, talvez conseguisse desafiar a Red Bull pelo 2º lugar final. Mas ainda assim 3º lugar e 8 pódios não é nada mau para uma equipa que vinha de uma época desastrosa. Os 320 pontos conquistados em 2014 superam em muito o que a equipa fez nos últimos 4 anos.
Nota 8

Felipe Massa
O brasileiro passou demasiado tempo na Ferrari. Ficou como que acomodado a um papel secundário, vendo Alonso dominar por completo a equipa. Com o divórcio de Kimi com a Lotus, a Ferrari não hesitou em trazer o finlandês para as suas fileiras, ele que foi o último campeão pela Scuderia. Massa foi assim “convidado” a sair. Em boa hora aconteceu, pois foi exactamente nessa altura que Maldonado resolveu mudar-se para a Lotus e a Williams ficou com um lugar vago para Massa. A experiência de Massa seria sempre um trunfo para qualquer equipa e a Williams não deixou fugir o brasileiro. O inicio não foi o melhor e Massa foi acumulando erros e azares, mas a vontade de mostrar serviço superou tudo e Felipe estabilizou para fazer uma parte final de campeonato muito boa. Para o ano espera-se mais, mas para o primeiro ano numa nova equipa com uma filosofia diferente, a avaliação só pode ser positiva.
Nota 7

Valtteri Bottas
O ano de estreia não foi o melhor e o carro também não ajudava muito. O protegido de Sir Frank Williams não teve muitas oportunidades de mostrar o seu valor. Em 2014 tudo mudou. Equipa remodelada, carro competitivo, e motivação renovada fizeram o talento de Bottas surgir como se calhar poucos imaginavam. O finlandês fez uma época excelente. Acumulou pódios e boas exibições e acima disso passou a ser respeitado e olhado de outra forma no grid. Bottas mostrou que tem fibra de campeão e que se a Williams trabalhar bem o seu carro, tem em Bottas o seu “ponta de lança” para lutar por um objectivo que escapa desde 1997. Bottas alia a velocidade, à frieza e à inteligência em pista. Foi a par de Ricciardo quem mais entusiasmou os fãs.
Nota 8
2015
O ano de 2015 promete ser mais difícil para a Williams. Se em 2014 o seu bom rendimento não era um dado adquirido e passaram a maior parte do ano assumindo o papel de “outsider´s”, em 2015 a equipa terá forçosamente de dar um passo em frente e assumir novas ambições. O motor Mercedes dá garantias, e o FW36 pareceu ser uma boa base para o futuro. Será o ano das confirmações. Veremos se a Williams consegue confirmar o bom andamento, se Bottas mantem o nível que mostrou este ano, tal como Massa. A pressão será claramente maior. Terá a Williams capacidade para lidar com todos estes factores e mostrar-se competitiva, ou quem sabe desafiar a Mercedes? Todos os fãs de F1 esperam que sim. Mas o grande desafio será mesmo lidar com uma realidade que há muitos anos não era vivida pela equipa. E já se sabe que se os maus resultados aparecerem, todos os olhos estarão postos naqueles que parecem estar na melhor posição para desafiar de certa forma os Mercedes.

Fábio Mendes