
Como transformar uma equipa do meio da tabela, numa equipa do fundo do pelotão, em apenas uma época? Este deveria ser o título do artigo e quem deveria responder era Monisha Kaltenborn. A equipa fundada por Peter Sauber passa por dificuldades económicas, isso ninguém tem dúvidas, mas serão apenas as questões económicas a justificação para uma época de 2014 tão má? Desde a fundação da equipa em 1993 (excepção feita aos anos da BMW) que a Sauber pontuou sempre, mesmo não passando da 4ª posição (2001 com uma dupla muito boa: Kimi Räikkönen e Nick Heidfeld).
A verdade é que a dupla de pilotos escolhida, não foi a melhor: se em 2013 já nos parecia que Gutierrez era fraco, confirmou-nos em 2014 que tínhamos razão; Adrian Sutil nunca foi um piloto para fazer carreira ao mais alto nível no Grande Circo. A continuação do mexicano é fácil de ver. Tem um bom patrocínio por trás… com certeza não foi pelo curriculum que a Ferrari o contratou para os seus quadros em 2015! A escolha de Sutil já é mais difícil de perceber.
Pese embora o facto de os pilotos não serem os melhores, não são a única razão para o desastre que foi o ano passado. O motor Ferrari não era famoso por ser potente, como pudemos avaliar no artigo sobre a Scuderia Ferrari e Eric Gandelin (designer do C33) e Willem Toet (responsável pela aerodinâmica do C33), deviam ter-se esforçado bastante para conseguirem um carro tão mau. Juntando uma direcção de equipa que não fez nada para mudar o rumo dos acontecimentos durante a época. Nota:2

Esteban Gutierrez: Não fosse o dinheiro e possivelmente não veríamos o mexicano dentro de um monolugar de F1. Em duas épocas na F1, tem 6 pontos na carreira. Em 2014, com 19 corridas no campeonato, Gutierrez desistiu em 7 corridas (4 por problemas técnicos e 3 por acidente), vendo um piloto com o mesmo tempo de F1 do que ele (Jules Bianchi) pontuar, com material pior. Provavelmente não foi uma época fácil de viver, mas quem está na F1 tem de se motivar e tentar dar a volta. Nunca vimos isso no piloto mexicano. Nota:2

Adrian Sutil: O piloto alemão é daqueles que aparece no line up das equipas sem que ninguém esteja à espera. O seu melhor contributo para a F1, é um 9º lugar no campeonato em 2011, na Force India. Nunca foi um piloto que fizesse mais que aquilo que lhe pediam (quando faz o que lhe pedem!) e, tal como o seu companheiro de equipa, deixar-se levar esta época por Bianchi, deve ter sido a machadada final na sua carreira de F1. Ainda pensamos que com a Marussia arredada das últimas provas do ano, que um piloto da Sauber pudesse pontuar, mas nem assim, provando que os pilotos da equipa estavam bem um para o outro! Nota:3
2015
Será mais um ano de sofrimento para a Sauber, com uma dupla parecida com o ano passado, embora o rookie Felipe Nasr sejam bem melhor, porque de Ericson não prevemos nada de bom. Se o carro ajudar, Nasr tem potencial para pontuar, algo bastante necessário para a equipa suíça, com a possibilidade de poderem sair do fundo da tabela. Podem tentar lutar com a Toro Rosso, mas arriscam-se a serem a última equipa da tabela de construtores, já que existe ainda a indefinição quanto à Caterham e Marussia. A contratação dos pilotos foi tomada tendo em conta a crise que a equipa atravessa, com dois pilotos que podem pagar o seu lugar, mas como já dissemos, a decisão de Nasr pode até ser benéfica. O brasileiro já mostrou qualidade no passado e pode ser de facto uma boa adição para a equipa.
A Sauber precisa urgentemente de novos investidores e a Audi pode ser a solução, como a BMW o foi na história da equipa, mas ainda não é para este ano e como tal, 2015 pode muito bem ser um ano ainda pior para Peter Sauber e Cia.

Pedro Mendes