O GP do Bahrain não foi tão emotivo como a sua edição anterior, mas teve muitos pontos de interesse e muita acção ao longo da corrida. Assistiram-se a boas ultrapassagens, grandes recuperações, desilusões, surpresas… Excepto no vencedor, que esse continua a querer mostrar cada vez mais a sua força. Mas ficou mais uma vez a prova que o domínio da Mercedes não será tão pacífico como o de 2014. Há uma Scuderia cheia de vontade de complicar as contas aos alemães.
Mercedes – Adivinha quem voltou?

Tiveram de se aplicar para vencer a corrida. O tempo de ficar a 20 ou 30 seg. de avanço já lá vai e agora a Ferrari, sempre que pode, aproveita para pressionar a Mercedes. A pista era muito abrasiva e exigia muito dos pneus traseiros, uma combinação que não agrada aos “Silver Arrows”. A estratégia teve de ser cuidadosamente planeada e até alterada. Rosberg teve prioridade na primeira paragem pois Vettel poderia fugir se não parassem a tempo. Rosberg voltou! O alemão andava envergonhado e vergado em pista mas resolveu dar um pontapé na crise. Viu-se ultrapassado por Raikkonen na primeira curva mas tomou a situação em mãos e tratou de passar tanto Kimi como Vettel. De cada vez que Vettel ganhou vantagem nas boxes, Rosberg resolveu o assunto em pista e quando ia enfrentar a recuperação de Kimi, ficou sem travões. A sorte não quis nada com ele mas mostrou que está a encontrar forças para retomar a luta pelo título. Já Hamilton nunca foi posto realmente à prova. Liderou quase sempre a corrida e a vantagem de 6 seg foi preciosa para se defender de um Kimi imparável. Também ele teve problemas com os travões no final mas o finlandês estava muito longe para ser ameaça. Os Mercedes quando são puxados ao limite também falham.
Hamilton: nota 8
Rosberg: nota 8
Mercedes: nota 8
Ferrari – Um gelado para o pódio se faz favor

Era uma questão de tempo. Kimi mostrava-se cada vez melhor em corrida mas a sorte não estava com ele. Hoje não teve azares. Talvez a estratégia da Ferrari não fosse a mais indicada mas no entanto, o Iceman que estava a 16 seg. de Rosberg recuperou esse tempo todo e foi ainda atrás de Hamilton. O homem da noite. Este sim é o verdadeiro Kimi. Vettel pelo contrário borrou a pintura. Depois de uma qualificação espantosa, o alemão fartou –se de errar. E errou quando não devia. Sempre que foi pressionado meteu o pé na argola. Rosberg passou por ele com relativa facilidade e nas voltas finais perdeu a luta pelo pódio com uma saída de pista que lhe danificou a asa, obrigando-o a voltar as boxes. Depois não teve argumentos para passar por Bottas. Foi uma noite não para Vettel. A Ferrari mostrou mais uma vez que vai estar sempre por perto da Mercedes para recolher as sobras. E com a chegada da ronda europeia e com as melhorias previstas, que ninguém se admire se a Ferrari der mais um grande passo em frente.
Vettel: nota 5
Raikkonen: nota 9
Ferrari: nota 8
Williams: Uma corrida morna, como esperado.

Bottas avisou que não estava à espera de ter muito trabalho. E foi o que aconteceu. Os homens da frente estavam muito à frente e atrás de si a concorrência não incomodou muito. No entanto teve de se defender de Vettel no final, o que fez com grande mestria. Voltou a ser o Bottas que conhecíamos… frio e implacável. Uma autêntica parede. Massa teve uma noite azarada (já estava a demorar o azar chatear o brasileiro). O carro deu logo problemas no início e logo ai a corrida ficou arruinada. Conseguiu ficar nos pontos o que é bom tendo em conta a noite que teve. Mas a equipa arriscou demasiado na estratégia. Massa ficou mais de 30 voltas com os mesmos pneus, cuja aderência já devia ser semelhante à da manteiga. Continuamos à espera das melhorias no carro para se chegarem mais perto da Ferrari e da Mercedes. Mas de momento parecem longe disso. Cuidado com a Lotus!
Bottas: Nota 7
Massa : Nota 6
Williams: Nota 6
Red Bull: Aguentar nos pontos e rebentar no fim

Dentro do que se esperava. Tentar marcar o máximo de pontos possível para minimizar o estrago de um início de ano horrível. Kvyat andou nos últimos lugares mas recuperou muito bem e Ricciardo manteve-se longe dos problemas e fez durar o seu motor até aos últimos metros, onde mais uma vez se viu um motor Renault explodir espectacularmente. Ao menos aguentou-se até ao final. Mas com isto é um dado adquirido que as penalizações por uso de mais motores que o permitido, estão na calha para a Red Bull. Para quando um motor Renault fiável? A Red Bull perdeu claramente o comboio da frente e se a saída de Newey é mesmo para acontecer é preciso reformular tudo. E não venham com historias de sair da F1.
Ricciardo: Nota 7
Kvyat: Nota 7
Red Bull: Nota 6
Lotus: Oh Pastor… outra vez?

A Lotus começa a confirmar o potencial. Grosjean voltou a fazer pela vida e marcou mais uma vez bons pontos. O francês ainda não teve hipóteses de se mostrar a sério mas tem assegurado pontos e não tem falhado. Já o colega de equipa. Estava tudo mais uma vez a correr bem e o 7º lugar era seu. Foi às boxes e deixou ir o carro abaixo. Depois disso o carro resolveu não ajudar e o venezuelano ficou parado na box. Começamos a suspeitar que a paciência vai ficar cada vez mais curta e que Maldonado poderá estar a fazer a ultima época na F1. São demasiados erros e por muito dinheiro que Maldonado injecte na equipa, já começam a ser muitas as perdas ao nível desportivo. Acontece aos melhores é certo, mas aos piores acontece mais vezes. O homem faz 16º na qualificação e engana-se e coloca-se na 18ª posição no grid? No entanto a Lotus está a dar os passos certos e o top 5 poderá chegar em breve.
Grosjean: Nota 6
Maldonado: Nota 3
Lotus: Nota 6
Clique aqui para ver a 2ª parte da análise.
Fábio Mendes
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