WRC – Rally da Argentina: Meeke faz história e vence a sua primeira prova do mundial de ralis

foto in: newsracer.com.br
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Era com grande expectativa e alguma apreensão que a caravana do WRC de deslocava para a Argentina, para a quarta ronda do mundial de ralis, pois as três rondas anteriores tinham todas elas levado o selo de vencedor do francês S. Ogier, que já começava a ganhar uma vantagem no campeonato que poderia ser inatingível aos adversários e acontecer algo do tipo, termos um campeão a três ou quatro provas do final da temporada tal era a vantagem que o piloto da Volkswagen trazia para o país da América do Sul.

Os fãs, como nós gostam de boas lutas, emoções fortes, e incertezas até final das temporadas, numa modalidade que começa a ficar “ameaçada” pelo domínio francês que teima em perdurar. Depois de Loeb, temos um Ogier claramente acima de todos os outros, é isso que nos diz a classificação actual do campeonato, e vendo com olhos de ver, também é isso que nos diz a estrada.

Dia 1

A prova argentina tinha 4 dias, com o primeiro deles a ser apenas de “apresentação” ao público com uma curta especial citadina, vencida claro está pelo grande favorito a vencer, de novo, e pela quarta vez esta temporada, S.Ogier com o mesmo tempo de K. Meeke.

Dia 2

foto: @world
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Mas o segundo dia de rali veio trazer algo que ainda não tínhamos visto esta temporada e talvez algo que ainda não se tinha visto no seio da Volkswagen desde a sua entrada em cena no WRC. Problemas atrás de problemas e todos eles a nível de mecânica, dando provas que este Polo R WRC também falha.

Algo inédito até agora, mas não foi o único, pois grande parte dos pilotos tiveram inúmeros problemas no primeiro troço da prova o mais longo de todo o rali, deitando por terra desde logo S. Ogier. O campeão do mundo quase nem aqueceu a baquet do seu carro, quando ao quilómetro seis da primeira especial do dia, ficou parado com problemas no motor do carro nº1. Atras de si um vasto leque de outros pilotos também ficaram por terra logo no início desta longa maratona que viria a ser o Rally da Argentina. Quem não parou também não se livrou de problemas e aventuras para contar no final da “stage” senão vejamos: além de Ogier, Bertelli ficou parado no troço, Neuville furou perdendo mais de 4 minutos, Mikkelsen também com um furo cedeu quase dois minutos, Sordo embora tenha conseguido o segundo melhor registo, ficou sem direcção assistida.Tudo isto a iniciar o que eu seria o princípio da vitória K. Meeke, que vencia a especial de forma clara, dando 30´s ao segundo e mais ainda a toda a concorrência que se atrasava num troço duríssimo e muito longo.

Com Ogier de fora, era quase a garantia que iríamos ter um vencedor diferente do que tínhamos tido até agora no WRC, pois o francês havia “limpo” tudo o que mexeu nas três primeiras provas do mundial.

A segunda especial contudo trouxe um respirar de Latvala, que tinha perdido tempo para Meeke na fatídica etapa inaugural do segundo dia, mas que recuperava alguma desse prejuízo na primeira passagem por VILLA BUSTOS– TANTI, muito graças a um furo lento que o piloto da Citroen sofreu no pneu traseiro do lado direito, que lhe valeu ver Latvala aproximar-se da sua liderança retirando 18´s de diferença entre os dois.

Quem também perdia muito tempo era Sordo, com um problema na direcção assistida do seu I20 WRC, enquanto Paddon ficava pelo caminho, sendo mais uma vítima dos duros estado em que os troços se encontravam.

foto: @world/Pereyra
foto: @world/Pereyra

Na parte da tarde os pilotos repetiam as passagens pelos troços corridos de manhã e mais azares surgiram. Na segunda passagem por Agua de Oro–Ascochinga, Latvala sentiu problemas de travões e cedeu mais 13´s para Meeke que começava a cavar um fosso para a concorrência, em busca da tão desejada vitoria que teimava em lhe escapar. Enquanto isso O. Tanak era mais uma baixa, o piloto estónio arrancou uma roda na passagem por um rio, batendo numa rocha escondida na água. Antes disso já Mikkelsen tinha ficado parado no troço de ligação, com problemas no motor do Volkswagen.

A penúltima especial do dia, trazia mais complicações para os homens da marca alemã, que já tinham visto Ogier abandonar e Mikkelsen a seguir-lhe o caminho, agora era a vez de Latvala sofrer problemas no diferencial do Polo R WRC e ceder mais tempo, caindo inclusive para a terceira posição, vendo Ostberg roubar-lhe o lugar já na ultima especial do dia.

Terminava assim o 2º dia de rali, com Meeke sempre no comando desde manhã, sendo Ostberg segundo, numa invulgar dobradinha da Citroen e Latvala em terceiro, mas já a perder perto de um minuto e meio para o líder. Sordo que recuperou dos problemas sofridos na direção do seu carro e já era quarto na geral enquanto Evens fechava o top5.

Dia 3

O terceiro dia de rali trazia mais quatro especiais, que já deixavam em alerta todos os pilotos, depois do dia anterior onde vários pilotos abandonaram e muitos tiveram problemas. Meeke era o líder, trazia perto de um minuto de vantagem sobre Ostberg, seu colega de equipa e 1:23m sobre Latvala.

O piloto britânico entrou com moderação, num claro abrandamento de ritmo, perdendo algum tempo para Ostberg que encurtava a distância para perto dos 30´s, enquanto Latvala rodava ainda acima de um minuto. O piloto da Citroen fez uma boa gestão da sua vantagem, não correndo riscos em demasia, dando prioridade em vencer o rally, com inteligência, fazendo tempos modestos, mas seguros. Uma prova bem inteligente por parte de Meeke.

foto: @world
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Quem tinha problemas era D. Sordo. O piloto espanhol da Hyundai teve de parar na especial com problemas de pressão do óleo do seu carro, regressando só no dia seguinte, mas caindo alguns lugares na geral. O dia acabou por ficar marcado por mais dois motivos, primeiro o novo abandono de Ogier, desta feita com problemas de direção do seu Polo, depois um momento bem complicado, com H. Paddom a perder o controlo do seu Hyundai e a sair de estrada indo de encontro a um zona com muito publico, ferindo seis espectadores, sendo todos eles levados de imediato para o hospital. Nenhum dos feridos corre riscos de vida, mas foram várias as mazelas, múltiplas fracturas e um valente susto para todos eles. O assunto já não é novo, quanto a questões de segurança, quando estamos a menos de um mês do inico do rally de Portugal fica o alerta para quem vai ver in loco os carros passar.

Chegava ao fim o 3º dia de prova com Meeke na frente controlando os acontecimentos, ficando a duas especiais da sua primeira vitória no WRC. Ostberg era segundo a 38´s do seu colega de equipa enquanto Latvala mantinha a 3ª posição a praticamente um minuto certo do líder e em condições normais estava fora da luta pela vitória. Evens era 4º na geral herdado o lugar de Sordo, que que tinha ficado parado com problemas mecânicos e Neuville era quem fechava o top5.

Dia 4

foto: wrcplus.com
foto: wrcplus.com

O derradeiro dia chegava, com duas passagens pelos 16.32 Km de El–Condor – Copina, um troço bem conhecido dos pilotos e bem difícil por sinal. Os principais avisados seriam claro os pilotos da Citroen que tinham tudo nas mãos para voltar a dar uma vitória à marca francesa, algo que já não acontecia desde 2013 quando D. Sordo venceu na Alemanha.

Mekke era um homem ansioso, estava a pouco mais de 30km da sua primeira vitoria no mundial de ralis, mas tudo saiu de feição ao piloto nascido na Irlanda do Norte, sem riscos e sem azares chegou ao fim, venceu e comemorou de forma muito emocionada, comovente, quase sem conseguir pronunciar uma palavra e deitar um mar de lágrimas. Meeke foi o grande vencedor do Rally da Argentina, 13 anos depois do ultimo piloto britânico ter vencido uma prova do WRC, que foi precisamente o mítico C. McRae no rally do Quénia em 2002.

Mais do que vencer, a Citroen fez a dobradinha com o excelente 2º lugar de Ostberg numa prova perfeita para a marca francesa. Quem teve uma prova para esquecer, ou para recordar e nunca mais repetir, foi mesmo a Volkswagen, que viu Ogier e Mikkelsen abandonarem no segundo dia do rali e quando tudo parecia que não podia piorar mais, Latvala no último dia também com problemas de motor teve de abandonar, num fim de semana completamente azarado para a marca alemã, com três abandonos em três problemas de motor.

Com isto foi E. Evens que subiu ao lugar mais baixo do pódio, na sua melhor prestação de sempre desde a chegada ao WRC, um excelente resultado para ele e para a M-Sport. Na 4º posição Prokop, beneficiando dos abandonos de Latvala e de Neuville que ficou pelo caminho já na derradeira especial do rali, embatendo numa rocha, a mesma onde Mikkelsen embateu, em plena “Oower Stage”, danificando irremediavelmente a suspensão do Hyundai, sendo baixa de ultima hora de um rally demolidor. Com isto ainda foi D. Sordo a concluir na 5ª posição depois dos problemas no dia anterior.

@World
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A “Power Stage” foi vencida por Ogier, somando três pontos para o campeonato, Sordo foi o segundo e Ostberg terceiro, somando dois e um pontos respectivamente.

Terminou assim desta forma, e em festa para Meeke e para as cores da Citroen, aquele que talvez tenha sido ao mais duro rally dos últimos tempos. Pilotos e máquinas sofreram para levar até ao fim os seus objectivos. Uns conseguiram outros nem por isso, resta dar os parabéns a Meeke, pela sua grande e merecidíssima vitória, dominando de início ao fim. Bravo Meeke!

Classificação geral final do rally da Argentina:

1. K. MEEKE 3:41:44.9

2. M. OSTBERG 3:42:03.0 +18.1 +18.1

3. E. EVANS 3:45:12.3 +3:09.3 +3:27.4

4. M. PROKOP 3:48:11.0 +2:58.7 +6:26.1

5. D. SORDO 3:52:31.6 +4:20.6 +10:46.7

6. K. AL QASSIMI 3:53:04.8 +33.2 +11:19.9

7. A. AL-KUWARI 3:57:47.5 +4:42.7 +16:02.6

8. D. DOMINGUEZ S 4:00:33.1 +2:45.6 +18:48.2

9. G. SABA 4:03:05.5 +2:32.4 +21:20.6

10.F. VILLAGRA 4:07:04.5 +3:59.0 +25:19.6

Classificação do mundial após o rally da Argentina:

1. Sébastien Ogier 84

2. Mads Østberg 51

3. Andreas Mikkelsen 47

4. Elfyn Evans 41

5. Kris Meeke 35

6. Thierry Neuville 35

7. Dani Sordo 30

8. Martin Prokop 26

9. Jari-Matti Latvala 19

10. Ott Tanak 13

A próxima paragem da caravana do WRC será no nosso país, corre de 21 a 24 de Maio o Rally de Portugal, que já mexe com as nossas emoções. É bem pertinho aqui de casa e nós estaremos no terreno para acompanhar a par e passo tudo e para lhe fazer chegar o melhor do que acontecer no regresso do Rally de Portugal ao norte do país.

Não se esqueçam, perto das emoções e longe do perigo, é nosso conselho a quem como nós irá viver bem de perto as emoções do campeonato do mundo de ralis.

Vemo-nos por Fafe ou pelo Marão.

Até lá…if in doubt flat out!!!

 

Carlos Mota

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