Parecia que estávamos a ouvir os desabafos de um estudante no final do seu ano lectivo… “Estava tudo a correr bem mas a matemática lixou-me”. Neste caso o estudante em questão era Toto Wolf. E o tal exame que falhou era um dos mais importantes do ano… Mónaco. A Mercedes errou como já há muito não se via errar uma equipa de topo. E voltou a errar com Hamilton. Mas ainda bem que assim foi. A corrida estava a ser monótona e com poucos motivos de interesse. Mónaco não estava virada para dar uma boa corrida.
Mercedes: quando o 44 + box fora de tempo = vitória do 6

É a equação que poucos esperavam que fizesse sentido. Hamilton fez tudo o que devia ter feito. Largou bem, ganhou vantagem logos nas primeiras 5 voltas e geriu o andamento da melhor forma mesmo com problemas nos travões. O britânico merecia a vitória que lhe foi “roubada” por um erro. A entrada do Safety car provocou uma confusão no pitwall da Mercedes. Dizem que um erro de cálculo que levou a pensar que Hamilton tinha menos tempo de vantagem do que o esperado . Mas a questão que fica é porquê mandar entrar um carro que está em primeiro lugar. É o Mónaco. A pista mais difícil de ultrapassar. E Hamilton tinha Rosberg atrás de si que serviria de tampão a Vettel, a ameaça maior da Mercedes. Foi uma decisão incompreensível. Mas a verdade que é com este erro Hamilton viu diminuída a vantagem de 20 pontos para apenas metade. Um dia sombrio para Lewis. Já Rosberg teve a sua prenda de natal antecipada. Nunca se chegou perto de Hamilton e esta vitória caiu-lhe no colo. O próprio admitiu que Hamilton esteve melhor e que não pensava vencer mas que não se importava nada com isso. Afinal com isto igualou grandes nomes da F1 como Hill e Senna e aproximou-se de Hamilton. O homem precisava de moral mas não era preciso assim tanto. Resta saber como ficará a relação com Hamilton e a equipa, ele que acabou de renovar por 3 anos. E como a Mercedes vai compensar o britânico? Ainda vai correr muita tinta. Nos livros não ficará o registo mas Hamilton esteve perto de vencer por 20 seg de vantagem no Mónaco. A pista não lhe dá motivos para sorrir mas este ano como ele disse, conquistou verdadeiramente o principado.
Ferrari: Não se cansam de pódios.

Mais um pódio para Vettel e para a Ferrari. O 2º lugar inesperado mas saboroso. Vettel esteve bem e conseguiu segurar a última investida de Hamilton nas voltas finais. Durante a corrida tentou colocar pressão sobre Rosberg mas sem sucesso. Foi um bom resultado para a Scuderia. Poderia ser melhor se Raikkonen fizesse melhor na qualificação. Mais uma vez o Iceman não esteve bem no sábado. Mas ao contrário de outras corridas, a recuperação no Mónaco era difícil de fazer, como se viu. 6º lugar é manifestamente pouco para o que podia fazer. Raikkonen tem de melhorar a sua prestação em qualificação. Já podia ter mais um pódio em seu nome mas errando sistematicamente nas qualificações, o finlandês prejudica-se a si e a equipa. E Raikkonen tem de provar que tem lugar na Ferrari.
Red Bull: O melhor deste ano

Dadas as fraquezas do motor e do chassis, o Mónaco seria uma cartada importante para os Bull´s. E aproveitaram da melhor forma. O grande destaque vai para Kvyat. Depois do puxão de orelhas de Marko, o russo melhorou bastante e fez a melhor corrida do ano até agora. A manobra que usou para ficar com o 4º foi arriscada e podia ter arruinado a corrida de ambos os Red Bull. Mas tudo correu bem ao russo que ainda teve de ceder o seu lugar a Ricciardo para este tentar o ataque final ao pódio, algo que não surtiu efeito. O australiano teve ordens para devolver a posição ao russo. O Sr Sorrisos perdeu a posição no início para o companheiro de equipa e nunca mais se chegou perto dele para a tomar de volta. O seu esforço final para tentar o 3º lugar foi digno de se ver mas não teve hipóteses de passar por Hamilton. Ainda teve oportunidade de matar as saudades das ultrapassagens espectaculares quando forçou a manobra com Kimi. É de facto o melhor “ultrapassador”. A F1 tem sorte ter um piloto como ele. Foi um bom dia para a Red Bull tendo em conta as condicionantes da equipa.
Force India: Grande Checo!

Sérgio Pérez já foi apontado como uma das grandes esperanças da F1. A ida para a McLaren não correu bem e o piloto parecia ter perdido o “factor x” que o distinguia de outros. Parece que está de volta o mexicano. Um brilhante 7º lugar, num carro nada competitivo e numa pista difícil. Checo está em forma e se a Force India tivesse um carro digno desse nome poderia brilhar como fez nos tempos da Sauber. Assim tem de lutar com o que tem. Mas este sim é o Checo que pode voar alto. Já Hulkenberg teve mais uma vez o azar do lado dele. O toque de Alonso arruinou-lhe a corrida. Mas este Hulk não é o que conhecemos. Está demasiado conformado. Não luta como devia. Pode fazer melhor. Está a ser goleado pelo seu colega de equipa neste momento. A F1 precisa de um Hulkenberg a 100%.
Fábio Mendes
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