WRC – Rally de Portugal: No Norte mandam os Finlandeses.


10502013_902554913120192_5527284989669736630_nJ. M. Latvala foi o grande vencedor do Vodafone Rally de Portugal,
5ª prova do mundial de ralis. No ano em que a prova voltou ao norte do país foi de novo um piloto nórdico e da Finlândia a dar-se melhor com os ares e troços acima do rio Douro. Recorde-se que em 2001, a última edição do Rally de Portugal a realizar-se nesta região, foi T. Makinen a vencer, vindo agora Latvala continuar uma bela história de sucesso dos pilotos finlandeses nesta região do país.

Foram quatro dias de grandes emoções nas zonas do Lousada, Minho e Trás-os-Montes, com milhares de espectadores a deslocarem-se em massa a este grande evento, enchendo as zonas espectáculo destinadas a todos aqueles que queriam ver de perto máquinas e pilotos em acção, onde fica claramente uma nota positiva ao publico que na grande maioria respeitou as “regras do jogo”, e se soube comportar da melhor forma para que tudo corresse pelo melhor. E correu, claro está que toda a regra tem excepções mas, de uma maneira geral, o publico sai com uma nota bem positiva, bem como a organização do evento, que mais uma vez foi muito elogiada pelos pilotos, havendo mesmo quem afirmasse “que em Portugal parece que está sempre tudo um passo mais à frente”, com isto parece-nos ter sido dado um passo decisivo para a continuidade da prova no nosso país e a aposta na versão do rally de Portugal a norte de país completamente ganha. Espectáculo garantido, comportamento exemplar, e perto de 2 milhões de espectadores ao longo dos quatro dias de prova, demonstra bem o amor que o nosso país tem pelos ralis.

Na estrada correu-se 16 especiais cronometradas, num total de 354 km percorridos pelos pilotos, alinhado á partida mais de 90 carros, mas os duros troços fizeram estragos, e apenas 69 pilotos chegaram ao final de um rally que jamais será esquecido, quatro dias de muitas emoções.

Dia 1

11329913_901043726604644_8096138734685320310_nO primeiro dia de prova apenas continha a super especial de Lousada, pequena em quilómetros mas enorme no ambiente que se viveu em volta do circuito, com mais de 20 mil pessoas a assistirem ao vivo ao arranque do Vodafone Rally de Portugal. Foi de euforia o clima que se viveu em Lousada, onde ninguém ficou indiferente, nem pilotos nem o publico escondiam a alegria que se viveu durante toda a especial, felicidade era o sentimento geral.

Desportivamente falando, Mikkelsen foi o mais rápido, sendo o primeiro líder do rally, e atrás de si ficaram os outros Volkswagen, com Ogier a fazer o segundo tempo, e Latvala o terceiro, com menos de um segundo a separar os três mais rápidos, numa especial onde ninguém quis correr riscos, e por isso mesmo, dar espectáculo para a multidão eufórica era a prioridade.

Dia 2:

11012527_901043663271317_99831564171867403_nO segundo dia do rally de Portugal continha 6 especiais cronometradas, com duplas passagens por Ponte de Lima, Caminha e Viana do Castelo. Ponte de Lima acabou por ser o assunto do dia, pois esteve em risco de não se realizar logo a primeira passagem por deflagrar um incêndio bem perto da especial classificativa, colocando em risco a sua realização. Durante a madrugada os bombeiros conseguiram controlar a frente activa daquela zona e desta maneira pode arrancar o dia, e o Ponte de Lima 1, foi mesmo para a estrada. Quem acabaria por vencer este troço “amaldiçoado” pelo fogo foi mesmo D. Sordo, num excelente arranque de rally pelo piloto espanhol, deixando atrás de si O. Tanak que também começava em grande estilo a prova portuguesa. Aliás neste troço os cinco mais rápidos ficaram separados apenas por 6´s, demonstrando bem o equilíbrio que existiu. Sordo era então o líder por 0,1´s sobre Mikkelsen. Quem saiu penalizado foi Ogier, cedeu 12´s, sendo penalizado por abrir a estrada, e ainda teve de se haver com um furo lento num dos pneus do seu Polo R WRC.

Pelo caminho ficava E. Evans, que vinha a realizar uma bela especial até bem perto do final mas um problema eléctrico no seu Fiesta RS WRC fê-lo parar e ceder muito tempo, voltando à estrada mas já com mais de uma hora de atraso.

Ponte de Lima ficaria marcado por outro incêndio, não relacionado com o que deflagrou durante a noite naquela zona, mas sim provocado pelo carro 00, que se incendiou e cujas chamas se propagaram pela mata em volta, sendo cancelado de imediato a passagem da maiorias dos carros que se seguiram após os WRC, e que acabou também por cancelar a segunda passagem pela especial, a parte da tarde.

11233532_901043789937971_2268209679019501828_nEm Caminha1, foi Ostberg o mais rápido, e Sordo perdia alguns segundos bem como Tanak, perdendo algumas posições, embora os tempos fossem ainda muito próximos, tudo se decidia ao segundo ou mesmo ao décimo de segundo, tal era o equilíbrio entre os pilotos. Mikkelsen voltava à liderança do rally, com 2´s exactos sobre Meeke, 2,2´s sobre Latvala. Ogier cedia mais 7´s, continuando a limpar a estrada para quem atrás de si seguia.
A SS4 trazia-nos a primeira passagem por Viana do Castelo, um troço muito duro e onde Latvala começava a fazer a diferença, vencendo, deixando na segunda posição um surpreendente Paddon e dai para trás, praticamente toda a gente a ceder mais de 10´s para o finlandês. Ogier voltava a perder, desta vez mais 13´s, e seguia já com um atraso de 25´s para o líder o seu colega de equipa Latvala.

A parte da tarde continha duas passagens, depois de anulada a especial de Ponte de Lima, os pilotos começavam a segunda secção em Caminha 2, e ai começa a recuperação de Ogier, vencendo a especial mas por apenas 2´s para Latvala, que marcava o segundo tempo, e Tanak era o terceiro mais rápido.

10502028_901043729937977_4998847183202846465_nNa geral era o finlandês sempre a liderar e com Meeke a 7´s na segunda posição, Mikkelsen rodava para já na 3ª posição.
A última especial do dia, a segunda passagem por Viana do Castelo, Latvala voltava a vencer, Ogier perdia mais 2 segundos para o seu adversário, e desta vez sem se poder queixar de ser ele a abrir a estrada, pois o troço já estava bem rodado e igual para todos os pilotos.

O dia terminava assim desta forma, com Latvala a liderar, com uma vantagem de 11,1´s sobre Meeke, Mikkelsen era 3º a 16´s do líder. Tanak em bom plano era 4º na geral enquanto Sordo a correr quase “em casa” fechava o top5.

Ogier terminava do segundo dia em 6º a 25,9´s do seu “adversário”, J. M. Latvala.

Dia 3:

11062144_902205203155163_1765600132325162099_nO terceiro dia do Rally de Portugal tinha contornos de decisão, pois a prova deslocava-se agora para os troços do Marão, conhecidos pela dureza e algum perigo, onde faziam parte as especiais de Baião, Marão e Fridão, sendo esta última a maior de todo o rally com 37km de extensão.

Em Baião 1 ficava pelo caminho Neuville, ele que sempre se me mostrou apreensivo com os troços do Norte, dizendo mesmo que preferia o rally no Algarve, e percebeu-se porquê. Capotou e terminou assim o seu rally. Mikkelsen foi o mais rápido, deixando atrás de si Ogier que mesmo abrindo o troço, perdeu apenas nesta especial 0,6´s para o mais rápido, entrando ao ataque ainda na esperança de recuperar algum do tempo perdido no dia anterior. Latvala e Meeke, não quiseram correr muitos riscos e fizeram praticamente o mesmo tempo, cedendo pouco mais que 6´s para o jovem da Volkswagen, que ascendia assim à segunda posição.

Em Marão 1, Meeke voltava a atacar e vencia, ainda que por uma margem muito curta, mas a suficiente para assumir de novo o segundo lugar da geral trocando com Mikkelsen, numa luta muito interessante de seguir. Sordo e Tanak não se deram bem com esta especial e perderam algum tempo, cedendo os lugares para Ogier, que duma assentada só subia a 4º na geral, depois de um tempo canhão, tendo em conta a sua posição na estrada, que apesar de não ser perfeita não era tão penalizadora como no dia anterior, pois Al Qassimi e Bertelli que regressavam em Rally2, abriam o troço, deixando mais limpo para o francês atacar.

Em Fridão 1 era de novo Meeke a ganhar e retirar mais tempo a Latvala, diminuindo a desvantagem para os 6´s. Atrás de si ficava Ogier que atacava com tudo para encurtar distâncias em relação e Latvala, para assim alcançar a liderança do piloto finlandês nos troços da tarde e no dia seguinte.

11224816_902205199821830_3563596811176128246_nA primeira secção deste terceiro dia de prova terminava com Latvala na frente Meeke em segundo, Mikkelsen em terceiro e Ogier na quarta posição a 19´s da liderança.

Na parte da tarde foi o “show” de Ogier, vencendo todas as especiais, e diminuindo a desvantagem para 9,5´s face a Latvala, que ainda assim se defendeu bem e que nos pareceu de certo modo a controlar as distâncias e o seu estado de espírito, sem erros e sem excessos.

Fim do terceiro dia de prova, Latvala como já referido era o líder, Ogier de 6º para 2º na geral foi o grande animador desta terceira etapa, enquanto Meeke e Mikkelsen lutavam pelo lugar mais baixo do pódio, com curta vantagem para o piloto da Citroen, 1,1´s separava os dois. Tanak já a 1:10m fechava o top5.

Dia 4

11329924_901804396528577_8032260667384883529_nO último dia do Vodafone Rally de Portugal trazia apenas especiais, com dupla passagem pelo mítico troço de Fafe, e entre elas uma passagem por Vieira do Minho com 32km decisivos para a decisão final quanto ao vencedor da prova portuguesa.

Latvala chegava à primeira passagem de Fafe com 9,5´s de vantagem sobre Ogier, que aí retirava mais 1,7´s ao piloto finlandês, diminuindo as diferenças para 7,8´s entre ambos antes do decisivo troço de Vieira do Minho. Na luta pelo 3º lugar era Mikkelsen quem levava a melhor nesta passagem, ganhando 1,5´s a Meeke e apenas 0,4´s separava os dois pilotos. Estava ao rubro o rally de Portugal, com tudo para decidir até ao último metro de prova.

Sobre esta primeira passagem em Fafe mais duas notas, primeiro para a neutralização do troço durante a passagem dos carros do WRC2, depois do grande acidente de J. Ketomaa que capotou o seu Fiesta no salto da “Pereira”, o primeiro dos dois grandes saltos de Fafe, com o carro a bloquear a estrada e desta forma a impossibilitar a continuidade da especial. Segundo aspecto a apontar, o público. Casa cheia era de prever, e estava a abarrotar pelas costuras, mas com um grande exemplo de um excelente comportamento por parte do milhares de espectadores presentes, bem colocados nas zonas verdes, preparadas para que nada corresse mal. Foi de facto de louvar a preocupação de toda a gente em estar nessas mesmas zonas, num grande ambiente, numa grande organização com um público que sempre se soube comportar.

10422116_902554853120198_7993863059325197820_nVinha Vieira do Minho e grandes decisões pela frente. Conseguiria Ogier retirar mais tempo a Latvala, ou mesmo roubar nestes 32km de especial a liderança do Finlandês? Pois nem de perto nem de longe isso aconteceu, aliás foi mesmo o feitiço a virar-se contra o feiticeiro. Latvala de grande nível, vestiu o fato de gala e venceu mesmo a especial por mais de 2´s segundos de diferença, e praticamente garantiu a vitória no rally. Os três homens da Volkswagen aliás destacaram-se de toda a concorrência, com Mikkelsen a ganhar quase 17´s a Meeke e também ele a praticamente decidir a seu favor a luta pelo 3º lugar de um pódio que se previa cada vez mais ser totalmente Volkswagen.

Em Fafe 2, havia a decisão do rally e da Power Satge e quem venceu a especial foi mesmo Ogier por 2´s sobre Latvala, que venceu o Vodafone Rally de Portugal, 14 anos depois de outro finlandês e no mesmo sitio o ter festejado também. A Volkswagem acabou por dominar as operações neste último dia, colocando no final da especial os seus três homens e no final do rally o pódio a ser pintado também de azul e branco, as cores da marca alemã no WRC.

Vitoria então para Latvala, merecida e justa. O finlandes soube tirar proveito da desvantagem de Ogier nos dois primeiros, ganhando algum terreno face ao francês, sabendo depois gerir e muito bem um rally onde mostrou frieza, classe e sabedoria, pois talento esse, está todo lá.

10955639_902554943120189_4529377734431532177_nOgier faz segundo no rally, ganhando pontos aos seus mais próximos rivais na geral do campeonato, mas deixou no ar uma sensação de algum mau perder, com as palavras logo após terminar a derradeira passagem por Fafe onde afirmou, “muita gente ficou contente com este rali porque é aborrecido quando o melhor ganha sempre”, tentando corrigir mais tarde esta afirmação, que certamente não caiu bem no seio da Volkswagen.

Mikkelsen fez 3º no rally e na Power Stage, na prova em estreou o novo carro, e de facto os resultados foram bem visíveis.

Meeke rodou bem nos primeiros dias de prova, mas em Vieira do Minho alguns problemas com o carro não permitiram aos britânico lutar de igual para igual com Mikkelsen pela 3ª posição final. Ainda assim um bom 4º lugar depois da vitória na Argentina.

Bom rally para Tanak, também ele a estrear a nova evolução do Fiesta WRC, e desta vez sem saídas de estrada. O estónio mostrou que pode rodar entre os mais rápidos. Teve bons momentos, boas especiais, consistente, foi certamente das melhores prestações do piloto da Ford no WRC.

Dani Sordo acabou por ser o 6º na geral final. O piloto espanhol mostrou um bom andamento no segundo dia de prova, mas no dia mais duro, o Hyundai não teve argumentos para lutar de igual para igual com os Ford e Citroen pelos lugares do top5.

Ostberg foi 7º, numa luta intensa com o Sordo, onde o espanhol levou a melhor, mas fica o bom registo da Citroen que pontua com os seus dois pilotos oficiais.

10985410_902205163155167_8821998761708074083_nPaddon fecha o rally na 8ª posição sendo o segundo melhor dos Hyundai, Kubica marca pontos e finalmente acerta com estrada e no final do rally era um homem visivelmente feliz, pois perante um rally difícil e com as suas limitações físicas, torna ainda mais saboroso este resultado para o piloto polaco.

Prokop fechou o top10, desta vez não teve a ajuda dos mais rápidos, já que não foram muitos os abandonos. Neuville capotou em Baião 1, deitou por terra a possibilidade de pontuar e Evans, logo no primeiro dia com um problema eléctrico no seu Fiesta perdeu mais de uma hora e a possibilidade de chegar aos dez primeiros.

 

Classificação final do Vodafone Rally de Portugal:

1. 2 FINJ. LATVALA 3:30:35.3
2. 1 FRAS. OGIER 3:30:43.5 +8.2 +8.2
3. 9 NORA. MIKKELSEN 3:31:03.9 +20.4 +28.6
4. 3 GBRK. MEEKE 3:31:24.0 +20.1 +48.7
5. 6 ESTO. TANAK 3:32:32.1 +1:08.1 +1:56.8
6. 8 ESPD. SORDO 3:33:03.2 +31.1 +2:27.9
7. 4 NORM. OSTBERG 3:33:07.5 +4.3 +2:32.2
8. 20 NZLH. PADDON 3:33:29.6 +22.1 +2:54.3
9. 14 POLR. KUBICA 3:35:14.4 +1:44.8 +4:39.1
10. 21 CZEM. PROKOP 3:38:06.5 +2:52.1 +7:31.2

 

 

Geral do campeonato:

 

Pos Driver Rallye Monte Carlo Rally Sweden Rally Guanajuato México Xion Rally Argentina Vodafone Rally de Portugal Rally Italia Sardegna LOTOS 72nd Rally Poland Neste Oil Rally Finland ADAC Rallye Deutschland Coates Hire Rally Australia Rallye de France - Tour de Corse RALLYRACC CATALUNYA-COSTA DAURADA Wales Rally GB Total
1. FRASébastien Ogier 25 25+3 25+3 0+3 18+3 105
2. NORAndreas Mikkelsen 15 15 15+2 0 15+1 63
3. NORMads Østberg 12 1+1 18 18+1 6 57
4. GBRKris Meeke 1+3 6 0 25 12 47
5. FINJari-Matti Latvala 18 +1 0 0 0 25+2 46
6. GBRElfyn Evans 6 8 12 15 0 41
7. ESPDani Sordo 8 10 10+2 8 38
8. BELThierry Neuville 10 18+2 4+1 0 0 35
9. CZEMartin Prokop 2 4 8 12 1 27
10. ESTOtt Tanak 0 12 0 1 10 23

Foi em festa que terminou mais uma edição do Rally de Portugal, desta vez a norte, com milhares de espectadores a marcarem presença num evento que deve servir de exemplo para outras provas do mundial do WRC, pela sua organização, pela forma como o público se soube comportar num espectáculo emocionante, no qual nós também estivemos presentes. Esperamos que este esforço da organização seja premiado, e que em 2016 cá estaremos todos de novo, perto das emoções e longe do perigo. Obrigado ao WRC, aos pilotos pelo espectáculo proporcionado, aos agentes de autoridade, aos bombeiros presentes, à organização e sobretudo ao público que soube receber este enorme espectáculo que foi o Vodafone Rally de Portugal, com um comportamento exemplar. Parabéns a todos e até para o ano.

Até lá…if in doubt flat out!!!

fotos: eyes of rally

Carlos Mota

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