Volkswagen

Foi um fim-de-semana de extremos para a marca alemã, com os três pilotos a terem “sinas” diferentes ao longo dos quatro dias de prova. Mas como é óbvio e pela grande vitória, o destaque vai todo para o francês S. Ogier, que se exibiu em grande nível, numa demonstração de qualidade e de domínio face a uma concorrência que ia caindo como um castelo de cartas. É verdade que Ogier não precisa que os adversários tenham percalços para vencer, mas nas circunstâncias em que este rally se realizou, até que facilitou a sua vida, ainda que em nada tenha beliscado o recital de condução que o piloto da Volkswagen deu ao longo de toda a prova, tendo ainda de se bater com um surpreendente Paddon, muito combativo e que liderou ao longo de mais de metade do rally. Ogier sai da Itália mais líder deste campeonato que cada vez mais pende para o seu lado, e se tudo correr com a normalidade que temos visto, Ogier caminha a passos largos para mais um título mundial de ralis.
Nas “garagens ao lado” morava o “azar”, ao qual não contagiou o carro de Ogier, Latvala e Mikkelsen tiveram uma prova muito complicada, com ambos os pilotos a sofrer na pele a dureza que o Rally da Sardenha mostrou a toda a caravana do WRC. Ainda assim Latvala dentro de tanto azar, ainda conseguiu terminar a prova dentro dos lugares pontuáveis, sendo sexto na geral final, mas ficou arredado da luta pela vitória final com um pneu da roda traseira a sair fora da jante no momento de aterragem de um salto, que o fez perder muito mais de 2 minutos na troca de roda. Mais tarde, um problema num amortecedor voltou a fazer o finlandês atrasar-se ainda mais na geral, ficando arredado da luta pelo pódio. Depois da grande vitória em Portugal Latvala voltou a normalidade, portanto, perto das “valas”. Que sina!
Já Mikkelsen teve um rally curto, já que logo na segunda especial da prova, viu um amortecedor traseiro entrar-lhe pelo carro e ficou mesmo por ali, regressando no dia seguinte mas já sem mínimas hipóteses de pontuar na geral. Conseguiu ainda assim “sacar” um pontinho na Power Stage final.
Hyundai
A marca coreana voltou às boas exibições e logo com quem menos se esperava. H. Paddon, o jovem piloto neozelandês foi a grande surpresa e um dos grandes animadores do rally, liderando durante 16 especiais, rodando a um nível nunca antes visto e realizando de longe a sua melhor aparição no WRC, mostrando que pode ser uma carta válida na discussão de bons resultados já esta temporada. Sempre avisamos que neste jovem havia qualidade, só não sabíamos que ele ia fazer questão de a demonstrar logo neste rally, um dos mais duros para as mecânicas e pilotos dos últimos anos. Está de parabéns o piloto e a marca, que apesar de alguns problemas na parte final do rally, sai da Sardenha dois homens no pódio.
Dois pilotos no pódio para a Hyundai! É verdade, pois para além de Paddon, Neuville subiu ao “palanque” final no lugar mais baixo, deixando os coreanos de olhos ainda mais em bico, mas desta vez de contentamento. É o regresso também do piloto belga a estas andanças, na sua melhor exibição desta temporada, que vinha a ser bem apagada, esperando que este bom resultado venha a ser o catalisador de outros resultados iguais ou melhores daqui em diante.
Sordo foi outro dos azarados. Ficou pelo caminho logo na última especial do primeiro dia de rally e regressou no dia seguinte para abandonar de novo. O espanhol volta a demonstrar andamento mas isso não chega quando nunca se termina ralis, pois é no final que estão os pontos e o espanhol voltou a claudicar.
Ainda assim jornada muito positiva para a Hyundai. Dois pódios e uma grande revelação desvendada… temos Paddon, temos futuro.
Citroen

Se nas marcas acima faladas as coisas estavam perto de ser um mar de rosas, na Citroen não chegaram as rosas mas sobraram muitos espinhos. Que fim-de-semana mais tenebroso para a marca francesa, que viu Meeke sair de estrada logo na abertura do rally, de forma algo violenta. O britânico desde que venceu na Argentina não mais conseguiu estar ao nível que já nos habituou, e na Sardenha ficou de fora das contas bem cedo e leva para casa zero pontos. Aqui esparvamos mais.
Ostberg também foi outros dos azarados do rally e logo na principal fase, na parte final do mesmo. O norueguês tinha quase certo mais um pódio final, mas como nos ralis nada é certo e na Sardenha menos ainda, o piloto da Citroen teve problemas no carro nos dois últimos troços e caiu na geral em forma de avalanche, de terceiro para quinto em 4 especiais, fruto desses mesmo problemas. Jornada complicada para a Citroen, que venha rápido a Polonia.
M-Sport

A participação da M-Sport não fugiu muito ao que se tem visto ao longo desta temporada e alguém tem de ter algum azar senão nem é rally. E desta vez tal e qual como noutras, foi Tanak o homem azarado. Desta vez não vamos descascar no rapaz pois não teve culpa. O Fiesta RS WRC esse sim “berrou” com problemas de caixa de velocidades, a ditar o abandono do estónio, quando seguia em 3º, em boa posição de conseguiu mais um pódio. Azar.
Quem até esteve a um bom nível foi Evans, que não deslumbra mas é eficaz e enquanto uns andam “às aranhas” com tanta pedra nos troços, o jovem britânico lá vai seguindo o seu caminho desviando-se delas, sem correr riscos, discreto, mas a terminar ralis, a pontuar e quando vamos a dar conta que ele ainda anda por ali e termina em 4º na geral. Não sendo um piloto com uma condução vistosa, nem tão pouco dos mais apoiados na estrada, até pela sua maneira discreta de ser, Evans é daqueles que me agrada. Regular, soube gerir bem a corrida e levou “ água ao seu moinho”, que é como quem diz, pontuou e é 5 no campeonato. Essa é que essa!
Carlos Mota