F1: GP da Hungria – Análise às equipas (Parte I)

Jules de certeza que sorriu com esta prenda.

 

foto: Mercedes AMG Petronas
foto: Mercedes AMG Petronas

Poucos dias depois do enterro de Jules Bianchi, o grande circo tinha de colocar os sentimentos de parte. A perda do jovem talento abalou muitos e tocou todos os fãs da F1, mas já se sabe que neste tipo de negócio, parar não é opção. Pilotos e equipas tiveram de se concentrar ainda mais para voltar à competição. A última corrida antes da pausa de Verão, aquela que marca o meio da temporada e cujo grau de dificuldade é acrescido, dadas as características da pista. Mas que corrida! Que espectáculo fantástico tivemos em Hungaroring! A homenagem perfeita para Jules, que com certeza já na companhia de outros grandes nomes da F1, que nos deixaram cedo demais, pôde ver a resposta da F1 aos críticos que a chamavam de aborrecida. Mais uma vez, a categoria rainha do desporto automóvel mostrou que se forem tomadas as medidas certas, não será destronada por muitos anos. Porque o potencial está lá. E a paixão… essa nunca faltou.

 

 

Ferrari: Para o Jules e para os fãs

Foto: Ferrari
Foto: Ferrari

Lembram-se de quando a malta não gostava de Vettel? Pois, agora é complicado para mim alinhar nesse diapasão. Mantenho que não é o melhor piloto do grid e que Alonso, Hamilton, Kimi e até Ricciardo são mais talentosos. Mas a personalidade do alemão está aos poucos a conquistar adeptos e a mim também. Boa onda, o único que consegue falar com Kimi sem que este ignore ou morda, o piloto que conseguiu motivar a Scuderia para este regresso aos bons resultados e se calhar um dos bons embaixadores da F1. Com a sua ética de trabalho e inteligência fora de pista, conseguiu fazer o que Alonso apenas com o seu talento superior não fez. Unir a Scuderia. O ambiente é melhor, há mais sorrisos e a culpa é de Vettel. E quando se apanha na liderança da corrida, é difícil tirá-lo de lá. Mais uma excelente corrida do alemão, que depois da sorte de Silverstone, mereceu inteiramente esta vitória. Uma corrida sem erros, onde foi brilhante na largada e depois manteve-se longe dos problemas. Já Kimi… o azar não o larga. É certo que o homem não está ao nível que nos habituou, mas está a ter uma época “à Webber”, onde se não é ele que falha, é o material a dar de si. Problemas no MGU-K fizeram dele um alvo fácil até desistir. Raikkonen é dos grandes pilotos da F1, mas neste momento parece que a despedida é eminente. Enquanto teve o carro a 100% foi dos melhores em pista e o 2º lugar era dele. Mas desde uma asa que sem motivo aparente se desprendeu, até problemas de motor, estava visto que não era dia de Iceman. E temos pena de não  o ter visto no pódio. A Ferrari mostrou mais uma vez que está pronta para aproveitar todas as falhas da Mercedes. E esquecer Vettel da luta pelo titulo pode ser precipitado neste momento.

Vettel: nota 9

Raikkonen: nota 8

Ferrari: nota 9

 

Red Bull: Ricciardo sorri e faz sorrir

foto: Red Bull
foto: Red Bull

É verdade que Kvyat fez pódio pela primeira vez e ficar em 2º lugar no final é excelente. O rapaz é bom piloto e tem qualidade, isso é certo. Mas o talento dele não me aquece minimamente e, quanto a mim, há melhor. Bem melhor. No entanto, estar numa equipa de topo e não falhar a subida ao pódio quando esta foi possível, merece o nosso aplauso. Mas Ricciardo… que piloto! Com a faca na boca e o coração nas mãos, atacou esta corrida como se da última se tratasse, em homenagem ao seu amigo Jules. E voltou a ser o Ricciardo de 2014. Ultrapassagens “à homem”, sem medo de arriscar nem encostar o carro, caso fosse preciso. Foi ambicioso e mostrou mais uma vez o seu talento, num ano que se queria de confirmação mas que, dadas as limitações do carro, está a ser penoso. Voltou a mostrar que é ele o nº 1 da equipa. E que pode ser o nº1 do grid. A Red Bull capitalizou da melhor forma o circuito onde podiam ter alguma hipótese de subir ao pódio. Agora só Singapura parece estar ao alcance dos Bull´s. Um balão de oxigénio numa equipa fortemente desgastada…quase tanto como os seus motores. Parabéns Ricciardo. É por pilotos como tu que a malta vê a F1.

Ricciardo: nota 9

Kvyat: nota 8

Red Bull: nota 8

 

Toro Rosso: O sacana do puto voltou a facturar outra vez.

foto: Toro Rosso
foto: Toro Rosso

Max é um caso sério. Se em Silverstone não esteve tão bem, na Hungria, lutou com os McLaren, que têm apenas dois dos melhores pilotos do grid e aguentou-se à bronca (ter um carro melhor ajuda). Evitou os problemas e foi aproveitando as sobras até chegar ao 4º, o seu melhor resultado de sempre na F1. E tem apenas 18 anos. Com o acumular da experiência vai ser um piloto incrível. Já Sainz teve o azar do lado dele com problemas no carro. Esteve também envolvido em boas lutas e não tem desiludido mas o carro deixou-o ficar mal. No entanto e ao contrário do que tínhamos previsto no inicio do ano, a Toro Rosso está a dar-se muito bem com esta dupla de pilotos. Esta miudagem é forte.

Verstappen: nota 8

Sainz: nota 7

Toro Rosso: nota 8

McLaren: Foi 5º mas soube a pódio

foto: McLaren
foto: McLaren

Uma época longa, desgastante e muito fraca. Mas que finalmente teve um motivo para sorrir. No meio de tanta batida, desistência e erros, Alonso foi escapando e subindo em bicos de pês sem que ninguém desse por ele. E no final acabou no Top5, à frente dos Mercedes. Um prémio para o esforço da equipa e para o piloto que claramente estava a deixar cair a máscara e mostrava algum desalento. Button podia ter feito o mesmo mas a estratégia não o favoreceu e acabou a corrida à defesa, sem pneus para isso. No entanto, ambos os carros nos pontos é excelente (faz confusão dizer isto da McLaren). A Honda diz que a partir de agora vai apostar tudo na performance, sinal que os problemas de fiabilidade estão ultrapassados. Esperemos que seja mesmo o caso. Mas não devemos iludir-nos. A McLaren ainda está longe de acabar regularmente no top5. Mas está a caminhar para isso a passos largos.

 

Alonso: nota 8

Button: nota 7

McLaren: nota 7

 

Mercedes: Não era dia dos Silver Arrows

foto: Mercedes
foto: Mercedes

Aquela máxima do futebol que se usa quando uma equipa tenta marcar golo de todas as maneiras e não consegue, pode aplicar-se aos Mercedes. Não era dia de subirem ao pódio. Hamilton fez a pior corrida de que temos memória. Errou demasiadas vezes para um bi-campeão do mundo. Em termos de velocidade não há nada a apontar. O rapaz é rápido  por natureza, mas foram no mínimo 3 erros graves que lhe custaram a vitória e poderiam ter custado a liderança do campeonato. Só que do outro lado da box, estava um homem que não teve sorte nenhuma. Rosberg teve o pássaro na mão e estava a preparar-se para ir de férias líder do campeonato mas um Ricciardo cheio de alma impediu que tal acontecesse. Ainda assim, foi um fim de semana fraco para Rosberg. Mais um. Em Silverstone não esteve em bom nível e ontem menos ainda. O engenheiro de corrida teve de (subtilmente) pedir-lhe para aumentar o ritmo por 2 vezes. Inexplicávelmente, o alemão está a perder o gás. Vinha de uma série bastante positiva mas em Silverstone não foi rápido o suficiente e em Hungaroring também não. Aquela teoria que dizia que Rosberg era mais forte psicologicamente que Hamilton… vamos por isso no frigorifico mais uns meses para tirarmos ilações mais concretas. Nesta altura é claramente ao contrário. A Mercedes continua líder, tal com Hamilton e corridas destas não acontecem todos os dias. Mas a Mercedes que tenha em conta que não pode facilitar.

Hamilton: nota 4

Rosberg: nota 5

Mercedes: nota 4

 

 

Parte 2 da análise aqui

 

 

Fábio Mendes

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3 pensamentos sobre “F1: GP da Hungria – Análise às equipas (Parte I)

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