
Falar de Colin McRae é reviver uma das mais belas épocas da história dos ralis. Colin, amado por muitos e odiado por ninguém, veio trazer uma linha de continuidade do tipo de piloto dos anos 80´s. Pilotos de “maximum attack”, como os fãs gostavam. A verdade é que McRae surgiu no momento certo no mundial de ralis, que em 1986 teve uma grande perda, com a tragédia ocorrida no rally no Rally da Córsega, onde Henri Toivonen e o seu navegador Sergio Cresto perderam a vida num grave acidente. Abriu-se um grande fosso, um espaço que precisava de ser preenchido, alguém que trouxesse de novo alegria a um campeonato que ficara mais pobre. Ninguém melhor que Colin McRae para o fazer.
Foi exactamente nesse mesmo ano que começou a carreira do então jovem McRae pilotando um Talbot Sunbeam, nos campeonatos Escoceses de ralis, uma das melhores escolas do mundo da modalidade.
Com uma condução vistosa, já comparável a Ari Vatanen, o seu grande ídolo de juventude, Colin rapidamente trocou de máquina passando a evoluir num Vauxhall Nova, carro com que se estreava na época de 1987 no mundial de ralis, mais precisamente no Rally da Suécia. Repetiria nova presença numa prova do mundial em 1989, na Nova Zelandia, com um 5º lugar final, desta vez ao volante de um Ford Sierra XR 4×4.
Cada vez mais assediado pelas grandes marcas, foi a Subaru, pela mão da Prodrive, que contratou Colin McRae, onde conquistou 5 títulos de campeão de ralis do Reino Unido.
A temporada de 1993, marcou o início da “época dourada” para o escocês. Venceu o seu primeiro rally no WRC, nessa mesma temporada, na Nova Zelândia ao volante do espectacular Subaru Legacy RS. Nesse ano Kankkunen sagrava-se campeão do mundo, mas a Subaru de Colin McRae vencia o campeonato de construtores.
Em 1994, vence mais dois ralis, numa das suas provas favoritas, de novo na Nova Zelândia e em casa, no rally do Reino Unido. Mas os inúmeros abandonos não permitiram ao escocês lutar pela vitória no mundial de ralis, que ficaria entregue a Didier Auriol. Começava a fama de Colin MaCrae, piloto rapidíssimo, que apaixonava multidões e fazia dele um dos maiores ídolos dos amantes da modalidade, mas os exageros da sua condução condicionavam a luta pela vitória nos ralis e consequentemente pelo campeonato.
A época de 1995 traz para o seu currículo, o seu único título de campeão do mundo. Numa época disputada até ao último metro com o seu colega de equipa, Carlos Sainz, numa das mais espectaculares histórias dos mundiais de WRC. À entrada para a última prova do mundial, o Rally RAC, casa do escocês, havia dois pilotos ainda em condições de se sagrarem campeões. Eram precisamente os companheiros de equipa, McRae e Sainz, embora Colin tivesse uma ligeira vantagem sobre o espanhol. Para Sainz, era o pior dos cenários, correr no Reino Unido, por uma equipa Inglesa e disputando o campeonato mundial contra um piloto escocês… tudo o que o piloto espanhol não quereria. Demasiadas condicionantes.
Como é típico por aquelas terras, a prova foi disputada debaixo de muito mau tempo, sempre muito inconstante, muita chuva, neve e os troços muito lamacentos. Colin McRae queria a toda a força vencer em casa o primeiro título mundial e logo no “seu rally”.

Mas este título ficou envolto de polémica, pois surgiram rumores, que a Prodrive beneficiou o piloto escocês, dando a este um motor mais potente do que o que equipava o carro de Sainz. A verdade é que McRae venceu a prova, tendo ainda assim apanhado alguns sustos, como na terrível especial de Kilder, uma das mais míticas especiais da prova com 60km, que mais parecia um inferno de lama. O piloto da casa não evitou uma saída de estrada, perdendo mais de um 1 minuto até conseguir regressar à estrada, caindo para a terceira posição. No último dia de prova, Colin fez uma das mais espectaculares recuperações de sempre. Partiu para a última etapa com 1:14´s de atraso sobre Sainz e Makinen seguia na segunda posição. McRae atacou a fundo, arriscou muito, embora Sainz tenha feito um grande esforço, Colin apanhou-o e ultrapassou-o vencendo a prova por 36´s.
Certo é que nada foi confirmado em relação à suposta ajuda da Prodrive ao piloto escocês, nem tão pouco Sainz alimentou especulações acerca desse tema, ele que viria a abandonar a equipa no final da temporada.
McRae já era campeão do mundo, milhares de fãs vibraram com esta vitória, ele que arrastava multidões para junto da estrada, deixava os seus admiradores em êxtase. Ao longo da carreira não voltaria a vencer de novo o mundial de ralis, mas nunca deixou de vencer provas, foram 25 num total de 146 ralis disputados.
Os títulos, esses fugiam pela sua irregularidade, pela sua enorme e louca vontade de vencer, que fazia dele o mais espectacular dos pilotos. Mas muitas vezes os riscos corridos e os exageros dentro de uma condução apaixonante aos olhos de todos, fizeram de Colin McRae um dos mais mediáticos e idolatrados pilotos de sempre.
Em 1999, Colin McRae muda-se para a M-Sport Ford, onde estreava o novo Ford Focus WRC, nesse mesmo ano vence os ralis do Quénia e de Portugal. Mas numa época com 14 provas, apenas terminar 3…foi fatal para as suas aspirações á conquista do título.
A época de 2001, foi das melhores para McRae. Venceu 3 provas, lutou até ao último rally pelo título, mas Burns, ao volante de um Subaru Impreza oficial levou de vencida o escocês por apenas 2 pontos, num dos mais espectaculares campeonatos de sempre.
O ano de 2002, daria a Colin McRae a sua última vitória num mundial de ralis, no Quénia, o que fez dele, na época, o piloto com mais vitórias de sempre, sendo mais tarde ultrapassado por Sainz e mais tarde por Loeb. O mundo do rally não veria o seu grande ídolo vencer mais nenhuma prova.
Colin abandonou a Ford em 2003, assinando pela Citroen, sem grande sucesso, sendo apenas 7º classificado no final desse mesmo ano.
Foi tempo de fazer uma pausa na carreira que começava a entrar em declínio, fruto dos novos valores que surgiam (Solberg, Burns, Loeb e Hirvonen).
Regressou em 2004 ao volante do novo Skoda Fabia WRC no rally do Reino Unido, mas a falta de competitividade do carro não o deixou fazer mais que 7º lugar. Dai em diante, apenas a destacar o 2º lugar no Rally da Austrália, um autêntico milagre face ao material que dispunha em mãos.
Colin McRae disputa o seu último rally em 2006, na Turquia, prova que foi substituir S. Loeb, que se lesionou a andar de bicicleta. A prova não correu bem ao piloto e não conseguiu sequer um lugar entre os 10 primeiros em virtude de um problema no alternador na última especial.
Não mais voltaria a competir numa prova do mundial.
A 15 de Outubro de 2007, Colin McRae, faleceu numa queda de Helicóptero, pilotado pelo mesmo. O piloto era um apaixonado pela aviação, e a sua forma de viver, destemida, fê-lo a cometer o erro de pilotar um helicóptero para o qual não estava habilitado. Esse erro que custou a sua própria vida e a do seu filho de apenas 6 anos e também de um amigo seu seguia a bordo.
O mundo dos ralis perdia um dos maiores nomes de todos os tempos. Colin McRae, era idolatrado por milhões de fãs em todo o mundo. Portugal não era excepção, onde Colin venceu por 2 vezes a prova lusa.
Perdia-se assim um dos maiores talentos de todos os tempos. Se calhar o seu currículo não reflecte o seu talento, pois apesar de ter apenas um título mundial conquistado, ainda hoje é dos pilotos com mais vitórias em provas do mundial de ralis.
McRae, deixou uma história para contar, e imagens que perduraram para sempre nas nossas memórias. Hoje é mais que um ex-piloto, Colin McRae é uma lenda!
Porque uma lenda nunca morre…
“If in doubt flat out!!!”
As vitórias de McRae:
Colin McRae | |
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Registos no Campeonato Mundial de Rali | |
Nacionalidade | ![]() |
Anos de atividade | 1987 – 2006 |
Equipas | Subaru, Citroën, Ford,Skoda |
Ralis mundiais | 146 |
Campeonatos | 1 (1995) |
Vitórias | 25 |
Pódios | 42 |
Vitórias em etapas | 477 |
Pontos | 626 |
Primeiro rali no mundial | 1987 ![]() |
Primeira vitória | 1993 ![]() |
Última vitória | 2002 ![]() |
Último rali no mundial | 2006 ![]() |
Carlos Mota
Muito Bom!
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