Ainda não é oficial, mas pelos vistos falta apenas assinar os papeis necessários para fazer o anúncio, que se espera que seja público em Monza. A Renault finalmente assume a sua vontade de vingar na F1 e compra aquela que já foi outrora a sua equipa… a Lotus.
Era algo que já se esperava há algum tempo. O divórcio da Red Bull com a Renault era evidente desde o inicio da época, em que os motores franceses desiludiram em toda a linha. A Red Bull não teve paciência e a guerra de palavras azedou a relação entre ambas as estruturas. Existe agora uma espécie de paz podre que não parece que vá durar muito tempo. Horner anda a jantar com Toto Wolff e Niki Lauda e tudo indica que a Red Bull receberá mesmo motores Mercedes a curto prazo (pelo que se diz, Toto Wolff apenas quer que a Red Bull oficialize o divórcio com a Renault para os dois fazerem negócios).
Tendo em conta toda esta conjuntura, a Renault só tinha duas hipóteses. Ou aceitava o fracasso e saía da F1 vergada, ou virava o jogo a seu favor e comprava uma equipa para deixar de ser apenas fornecedora de motores, para passar a ser construtora e fazer assim as coisas à sua maneira. Foi escolhida a segunda opção.

Havia 3 fortes hipóteses para a Renault. A Toro Rosso, que foi muito falada no início da época, mas que por ter relações demasiado próximas com a Red Bull, deverá ter sido excluída por esse motivo. Sobravam a Force India e a Lotus. A Lotus era a escolha óbvia. Antes de ser Lotus, a equipa de Enstone era conhecida como… Renault. Como tal, conhecendo já as infra-estruturas e tudo o que envolve a equipa, será basicamente um regresso a casa para os franceses.
Em relação ao números da operação, fala-se que serão pagos 10 milhões agora e o restante pagamento será faseado até chegar aos 89 milhões de euros. Alain Prost fica com 10% e assume o papel de “Lauda da Renault”. Gerard Lopez, actual patrão da equipa, mantém os seus 25 % (será o Toto Wolf da Renault) e a Renault fica com a restante percentagem do grupo.
Ainda há muitas arestas por limar, tais como o investimento no túnel de vento e de algum software que é da Genii, mas que deverá sair da equipa. A Renault terá ainda de abrir bastante os cordões à bolsa para vencer.
Em relação aos pilotos, fala-se que Grosjean irá manter o seu lugar, mas que Maldonado poderá ceder o seu lugar a Esteban Ocon, que é a nova pérola francesa à espera de entrar no grande circo. E nada melhor para a Renault que começar com um line up 100% francês. Mas os milhões da PDVSA podem fazer muito jeito para melhorar em certas áreas e como tal, que ninguém caia do sofá de espanto se o venezuelano se mantiver na equipa.
Tudo isto são potenciais boas notícias para a F1 e mais um golpe cozinhado por Bernie (o velho sabe como fazer estes truques). São conhecidas as dificuldades financeiras da Lotus. E é também conhecida a vontade da Red Bull em voltar às vitórias. Assim, o tio Bernie conjugou os vários interesses e como resultado final, a F1 diminui o risco de perder uma equipa para 2016. Melhor ainda, ganha uma equipa oficial de uma marca que sabe como fazer carros vencedores e que está ferida no seu orgulho. Além disso, a mudança da Red Bull para os motores Mercedes poderá significar mais um candidato ao titulo. A Red Bull sabe fazer chassis com muita qualidade. Com um motor de topo serão uma séria ameaça ao domínio da Mercedes. A forma como Bernie disse, “A Mercedes tem medo de ter concorrência e por isso não cede os motores à Red Bull” soou mesmo como um desafio aos alemães.

A Mercedes torceu um pouco o nariz a esta ideia mas no fundo não tem motivos para isso, porque fica com uma concorrente directa sob controlo. Que ninguém duvide que a Mercedes terá sempre debaixo de olho a Red Bull. Mas a curto prazo, a Red Bull tem mais hipóteses de vencer com um motor Mercedes do que com um motor Renault.
Posto isto, a F1 começa a dar passos para um futuro risonho e com mais competitividade. A Renault fez aquilo que todos queríamos. Voltar a ser construtora. Esperemos que venha com “sede de vingança” e com vontade de mostrar que ainda se lembram como fazer carros campeões.
Se tudo isto se confirmar é claro. A F1 não é conhecida por seguir a lógica.
Fábio Mendes
Um pensamento sobre “F1 – Renault em vias de comprar a Lotus.”