F1 – A minha gasolina é melhor que a tua

foto: s/f
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Falou-se muito das melhorias do motor Mercedes no último fim de semana. A cartada inesperada dos alemães, que gastaram os seus 7 “tokens” restantes para um upgrade significativo no seu motor, deu que falar e produziu resultados inquestionáveis na primeira sessão de treinos, em que os motores rodaram em potência máxima, de forma a poder verificar qualquer tipo de problemas. Resultado? Os Mercedes estavam mais de 1 seg por volta mais rápidos que os Ferrari, que também tinham melhorias no seu motor. A sexta-feira mostrou que a Mercedes tem ainda uma vantagem importante. Se conseguirem resolver os problemas de fiabilidade que afectaram Rosberg e o obrigaram a mudar para o motor antigo, os alemães terão de novo uma margem de segurança considerável para o resto do ano.

 

Em que consiste a melhoria da Mercedes?

foto: Mercedes
foto: Mercedes

Muito resumidamente, deve-se ao esforço conjunto da Mercedes e da Petronas, fornecedora de combustível, que conseguiram melhorar a câmara de combustão da sua unidade motriz. O desenvolvimento de um combustível melhorado, permitiu repensar a forma das câmaras de combustão e assim ter uma queima de combustível mais eficiente e capaz de dar mais potência.

O grande problema dos motores de combustão é chamado de detonação, um fenómeno que consiste na explosão não controlada de restos de combustível no interior da câmara. Este fenómeno diminui a eficiência dos motores e acima de tudo diminui o tempo de vida dos componentes do motor. O que se quer de um motor de combustão é que toda a queima do combustível injectado seja controlada. Se houver combustível gasto de forma não controlada, estamos a perder combustível e a gastar as peças, sem retirar o rendimento desejado.

A Mercedes e a Petronas conseguiram minimizar este fenómeno. E sim, não é apenas um desenvolvimento da Mercedes. A sua fornecedora de combustíveis teve um papel fundamental nesta melhoria, que rendeu à volta de mais 40Cv para o motor germânico.

Foto: Ferrari
Foto: Ferrari

A Ferrari também têm aproveitado ao máximo a sua parceira com a Shell. Desde o inicio do ano que as melhorias que a Shell fez ao seu combustível renderam a Scuderia 40Cv. Só o combustível, nada mais.

E se continuam a achar que esta conversa dos combustíveis não interessa para nada, fica outra informação. No ano passado, a McLaren com o mesmo motor Mercedes debitava menos …40cv que o mesmo motor na Mercedes, apenas porque o combustível era diferente e menos eficiente.

Esta nova era da F1 trouxe mais uma novidade para além do uso da energia eléctrica nos propulsores. Trouxe a necessidade de construtores e fornecedores de combustível trabalharem de forma muito próxima para retirar o máximo rendimento possível dos motores e também poderem desenhar motores diferentes e mais eficazes graças as características dos novos combustíveis. Não é por acaso que a Ferrari renovou o contrato com a Shell por mais 5 anos. A parceira tem dado frutos.

foto: McLaren
foto: McLaren

É bom para a F1 e é bom para nós que, quem sabe no futuro, poderemos estar a fazer medias de 1.5 l aos 100 com um motor de combustão graças a estas inovações. Isto conjugado com os novos motores ( o ecoboost da Ford é um exemplo disso e falaremos dele se conseguirmos) poderá ser ainda o futuro dos motores de combustão.

 

 

Fábio Mendes

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