Depois de quase 30 anos, vamos ter outra equipa americana na Fórmula 1. Apesar dos fundadores não serem familiares mas herdarem o mesmo apelido – Haas – Gene (Haas F1 Team) tem em mente um projecto mais sustentável que Karl (Haas Lola) teve no passado.
A contratação de Günther Steiner – antigo directo técnico da Jaguar e Red Bull Racing – é uma lufada de ar fresco. Tal como Haas, é uma pessoa prática, organizada e bastante competitiva. Numa recente entrevista ao site da F1, Steiner revela que não pretende reinventar a roda e aproveitar o know-how já existente no meio.
Segundo ele, “o projecto das equipas-cliente pode sofrer do mesmo mal que a produção dos carros de estrada: com uma plataforma comum, a determinada altura todos têm o mesmo carro ”. Como tal, afirma que “a chave é manter o foco no desenvolvimento da parte aerodinâmica”. Remata, dizendo que “o projecto resulta da colaboração com entidades experientes na matéria e não numa aposta em começar do zero ”.

Será um clichê? Talvez não. Entrar na F1 acarreta mais custos do que se possa imaginar. Há que suportar os custos da montagem e manutenção do monolugar, peças, contratos das unidades motrizes (em equipas-cliente), pessoal de corrida, pessoal de testes, pessoal de desenvolvimento, pessoal de marketing e sponsor chasing, rendas & facturas associadas à parte logística, infra-estrutura, etc. É uma dor de cabeça ter de gerir todas estas frentes. Dai que a Haas F1 Team tenha optado por externalizar uma boa parte dos serviços com entidades já amadurecidas na F1.
Até agora, conseguiram assegurar:
Equipamento & know-how: A fábrica da Marussia, em Banbury, com o respectivo equipamento. Bónus: projecto do monolugar Marussia de 2015.
Motor: Contrato com a Ferrari, ficando com a 2ª melhor unidade actual. Bónus: usar o túnel de vento da Scuderia.
Design & Aerodinâmica: Protocolo com o construtor de chassis Dallara (Indycars).

Haas também não é inexperiente nestas andanças, sendo dono da equipa de NASCAR Haas CNC Racing desde 2002. Categorias diferentes, mas a linha orientadora no desporto motorizado está presente.
Depois de terem a máquina afinada, precisam de homens para as conduzir. O caminho mais fácil seria um piloto americano, como veículo de grande patrocinadores do continente do Tio Sam. No entanto e contrariamente à postura actual de algumas equipas do plantel, já garantiu que pilotos inexperientes, sejam vindos do NASCAR ou do GP2, não serão opção. O que são óptimas noticias, pois mostram que a equipa está determinada em ter um projecto credível e sustentável a longo prazo, usando um piloto experiente não só na corrida mas também como mais-valia no desenvolvimento do carro. Devido ao protocolo com a Ferrari, pelo menos um lugar estará garantido para Esteban Gutierrez ou Jean-Eric Vergne.
Tudo isto leva-me a crêr que a Haas F1 Team tem as bases corretas para o campeonato do próximo ano. Não espero que andem a lutar por uma Q2 todos os sábados, mas quem sabe senão irão proporcionar momento interessantes em pista. E é isso que a Formula 1 precisa neste momento: emoção.
Marcos Gonçalves