McLaren-Honda e as unidades motrizes: Mas afinal o que está a correr mal?

foto: McLaren
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De acordo com as declarações públicas de Yasuhisa Arai, o maior problema da Honda assenta nas suas duas unidades geradoras: MGU-K e MGU-H. A MGU-K apresenta uma recolha deficiente da energia cinética proveniente da travagem, enquanto a MGU-H tem problemas no arrefecimento. Tal acontece pois mesmo usando a arquitectura Mercedes – turbo dividido – o posicionamento da MGU-H entre turbina e compressor está demasiado próxima da unidade de combustão e do radiador do ERS. Para além disto, a Honda apresentou o turbo mais potente da F1, debitando 125.000rpm, cerca de 25.000 acima da Mercedes. É bom ter mais rotações pois equivale a mais força motriz mas leva a um maior sobreaquecimento da MGU-H.

Numa situação normal, a MGU-H divide o seu trabalho entre disponibilizar energia à turbina ou armazenar o restante nas baterias. A energia fornecida à turbina permite as rápidas recuperações do carro à saída de curva, diminuindo assim o lag. Para piorar a situação, com a MGU-K deficitária, boa parte da energia gerada e que deveria ser fornecida à turbina, é enviada logo para as baterias. Dai que durante as provas os monolugares têm boosts interessantes em recta (proveniente do ERS), mas percam tanto à saída de curva (falta de power da MGU-H). Isto explica as recentes declarações de Alonso, referenciando a péssima performance nas poucas curvas de Monza.

Claro que os engenheiros da Honda estão cientes destes problemas. Aliás, até foram mal interpretados e alvo de chacota quando disseram que o seu motor tinha 25cv a mais que os Renault. Na verdade, eles apenas se referiam ao sucesso da sua camara de combustão. Ajustando as unidades geradoras e mantendo as boas práticas no V6, a revisão de arquitectura programada para o próximo ano poderá ser uma surpresa muito agradável.

foto: Skysports F1
foto: Skysports F1

No entanto a época ainda não acabou e é preciso arranjar atalhos para corrigir o problema sem alterar a arquitectura actual (o que é proibido pelas regras). E mais do que lutar contra um problema mecânico, é lutar contra um problema de ego. Por várias vezes Ron Dennis organizou taskforces para irem à fábrica da Honda fazer um brainstorming mais eficiente e dar a volta ao problema… E em tantas outras vezes bateu com o nariz na porta, pois os japoneses consideram ter capacidade para resolver os problemas sozinhos.

Normalmente as equipas queixam-se do factor humano na relação com a máquina, com pilotos inexperientes que não sabem dar o devido feedback. Aqui não será o caso, pois Button e Alonso para além de terem ouvidos perfeitos, possuem excelentes relações com todos os elementos da equipa. Existem é elementos demasiado teimosos (ou orgulhosos) para compreenderem que este não foi o regresso “sebastiânico” do MP4/4 à Formula 1 e é necessário juntarem forças e mostrar que são uma verdadeira equipa.

Não se avizinham tempos fáceis…

 

Marcos Gonçalves

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