2º Artigo sobre a carreira de Fernando Alonso. O 1º artigo pode ser lido aqui.
Foi Campeão do Mundo. E repetiu.
O fantástico desempenho na Minardi levou Flavio Briatore a chamar o seu pupilo de volta. Apostando num crescimento sustentado, Briatore não lhe concedeu um lugar directo na grelha, optando por deixar o jovem espanhol a rodar como piloto de testes.
E em boa hora o fez. Protegido das luzes da ribalta, pode aprimorar a velocidade pura, a táctica, o ‘afinar de ouvido’ e a relação com os mecânicos. Tudo isso tornou-o um elemento fulcral (e querido) da equipa. Alguns meses depois, a saída de Jenson Button para a BAR-Honda, levou Briatore a procurar em ‘casa’ uma solução à altura. E Fernando foi o promovido.
Em 2003, a Formula 1 era dominada pela parceria Ferrari/Michael Schumacher, detentora de um tri-campeonato. Mas não foi por isso que Fernando se intimidou. Tendo o quarto melhor motor do campeonato – atrás da Ferrari, BMW e Mercedes – o espanhol conseguiu vencer o Grande Prémio da Hungria. Deixou Raikonnen e o seu McLaren-Mercedes a uns impressionantes 16 segundos. Conseguiu mais dois pódios (3º lugar na Malásia e no Brasil) e pontuar em mais 7 GPs. No ano anterior, nem Trulli ou Button conseguiram mais do que um 4º lugar durante todo o campeonato. No final, as contas provavam a mais-valia de Fernando: em 2002 a Renault acabou com 23 pontos e em 2003 somou 88. Nada mau para um rookie. Ao ver este desempenho, o tetra-campeão Schumacher dizia impressionado: “este miúdo vai ser campeão no futuro”.
Mas nem tudo são rosas. O ano de 2004 travou um pouco o ímpeto do espanhol. A consistência estava lá, mas o carro não respondia. Terminou o ano com 4 pódios, sendo o mais alto em França, com o 2º lugar. Schumacher e o seu F2004, dominantes como sempre, concretizavam o penta-campeonato. Internamente, Trulli também apresentou um desempenho superior, conquistando duas poles e uma vitória no Mónaco, contra apenas uma pole do espanhol em França. No Mundial de construtores, a Renault terminaria em 3º, com 105 pontos.
Apesar de ter sido mais constante ao longo da época, Alonso (59 pontos) não teve uma grande vitória como Trulli (46 pontos). O espanhol necessitava de um 1º lugar, tanto como de água para beber. As ambições de Alonso eram maiores do que bater apenas o italiano; ele queria bater o alemão. A hegemonia da Ferrari assustava os demais, mas Alonso sabia que no seu melhor dia e com um carro competente, Schumacher perderia. E com isso em mente, começou a preparar a próxima época.
E em 2005 o seu sonho concretizou-se. Alonso foi Campeão do Mundo de Formula 1. Sendo a temporada mais balanceada desde o início da hegemonia da Ferrari, Alonso demonstrou que o alemão podia ser derrotado. Tendo um monolugar competitivo, conseguiu 6 pole positions e 7 vitórias. Raikonnen, seu antigo rival do karting, foi um adversário digno na maioria dos GPs mas Alonso não deu margem para duvidas. Muitos irão argumentar que as desistências de Raikonnen deram a Alonso a vantagem que precisava. Mas tudo se deve ao espirito guerreiro do espanhol. Ao invés de ter uma condução cuidada para proteger a vantagem pontual, o espanhol andou sempre nos limites. O que colocou uma pressão enorme na McLaren-Mercedes, obrigando Raikonnen a um esforço extra para reduzir a vantagem. E em algumas alturas, o Mercedes cedia.
O piloto espanhol mostrou também que quando não ganhava, pouco faltava. Facto confirmado por cinco 2º lugares e três 3º lugares. Em 19 corridas, Alonso terminou 15 vezes no pódio. Exemplo máximo de regularidade. Naquela época, tornou-se o campeão mais jovem de sempre, com 24 anos.
E nos pormenores, Alonso fazia a diferença. Aliado a um grau de concentração altíssimo, o espanhol tinha (e tem) uma inteligência táctica acima da média. Sabendo contemporizar, os ataques em pista eram efectuados com uma precisão milimétrica e muitas vezes em locais improváveis. O estilo estava cada vez mais refinado, sendo descrito pelo próprio: “Eu curvo mais rápido e mais agressivo que os outros pilotos. Depois de o fazer, realizo pequenos ajustes em direcção ao apex, de forma a encontrar o melhor balanço do carro. A partir dai, a saída de curva é perfeita.”
A caminho de 2006, a opinião pública não era consensual: uns viam Alonso como o sucessor natural de Schumacher enquanto outros como um ‘acaso’; alguém que ganhou por demérito da Ferrari. Mas rapidamente as duvida se dissiparam, pois Alonso voltaria a ser Campeão do Mundo.
(continua…)
Marcos Gonçalves
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