Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, em que a conversa que se iniciava mais ou menos por esta altura incluía mudança de pilotos, este ano o interesse está todo nas mudanças nos fornecedores de motores. E a equipa que vai desencadear as mudanças todas é a Red Bull.
O futuro ainda demasiado incerto da Red Bull

Já falamos bastante da relação e do divórcio entre a Renault e a Red Bull. Não vamos repetir o que dissemos mas é este o cerne da questão. O facto da Renault sair iniciou o “efeito dominó” nos fornecedores. A RedBull tentou obter motores Mercedes, mas isso não irá acontecer. Niki Lauda era favorável a ideia de ter um concorrente mais forte mas Toto Wolff vetou as intenções de Lauda e negou à RedBull o fornecimento de motores. Por aqui vê-se a força que Wolff tem dentro da estrutura. É ele o patrão e disso ninguém duvida. Assim a RedBull terá de se virar para a Ferrari. Os italianos são os únicos que podem fornecer um motor à equipa austríaca. Honda não pode e Mercedes não quer e Renault acabou de assinar os papeis do divórcio. Os italianos terão de aumentar a sua estrutura para fornecer a Red Bull e a Toro Rosso. Mas ainda há dúvidas algumas se a Ferrari quer fazer esse esforço, mais ainda depois do que se viu em Singapura. Os Bull´s têm sempre o melhor chassis do grid. Como tal há ainda interrogações sobre se a RedBull terá motores ou não mas Bernie deverá pedir a Ferrari para que aceite.
A surpresa está para daqui por 2 anos. Há fortes rumores que o grupo Volkswagen irá comprar a RedBull. A marca de bebidas energéticas ficaria como o principal patrocinador (contrato de 60 milhões por ano) e o grupo alemão entraria com o nome Audi na F1, fornecendo motores e ficando com as infra-estruturas da equipa. Stefano Domenicalli, o antigo director de equipa da Ferrari é apontado como o homem forte da futura equipa secundado por Gerard Berger que faria de “Niki Lauda” da Audi. Fica a questão: onde ficaria Horner no meio disto? O britânico é um dos favoritos de Bernie para assumir o seu lugar e não espantaria que o director da RedBull assumisse as rédeas da modalidade.
Mas no fim de semana surgiu a noticia que o grupo Volkswagen falsificou os resultados dos testes de emissão de gases nos EUA, com um sistema que reconhecia quando os carros estavam a ser testados, diminuído as emissões. Em ambiente normal os carros chegaram a emitir mais 40 vezes mais do que o permitido por lei. E isso pode implicar uma multa de 18 mil milhões de dólares. É muito dinheiro mesmo para o gigante alemão. Poderá ser um entrave para o ingresso na F1? Só em 2018 saberemos, mas tendo em conta o poderio do grupo VW não deverá ser este contratempo a impedir a sua entrada.
A Ferrari poderá passar a fornecer 5 equipas

A equipa americana Haas entra na F1 em 2016 e terá a ajuda preciosa da Ferrari. Fala-se que um dos pilotos de reserva (Gutierrez ou Vergne) irá para a Haas. Será mais provável Gutierrez que tem os bolsos mais fundos. Fala-se também em Grosjean para o lugar. Mas o motor será Ferrari. Ou seja a Ferrari em 2016 passaria a fornecer 5 equipas em vez de apenas 2 (Ferrari, Sauber, RedBull, Toro Rosso e Haas) Será que a Ferrari tem a capacidade e vontade para fazer uma mudança tão drástica?
Uma coisa é certa, Sergio Marchionne afirmou peremptoriamente que o novo motor Ferrari será competitivo. Não como o deste ano que é feito de “remendos”, mas que será uma real ameaça ao motor Mercedes. O patrão da Ferrari afirmou com todas as letras que está muito optimista em relação ao futuro motor que entrará em competição em 2016 e que com ele a Ferrari será certamente candidata ao título. E Marchionne não costuma falar só para “fazer bonito”. Se o grande chefe afirma publicamente e sem medo que o motor é muito bom é porque tem dados para isso.
Renault com quase tudo definido

A Renault irá comprar a Lotus. Dizem que é negocio fechado. Nos bastidores fala-se que terá de haver algum “jogo de cintura” da parte de Bernie e da CVC para que haja mudanças na distribuição do dinheiro dos direitos televisivos (a Renault deverá querer mais e como tal colocou o negócio em “banho maria” para os patrões da F1 se decidirem). Mas é um dado quase adquirido que a Renault vai regressar com uma equipa sua e que quererá limpar o nome. Para a F1 é uma excelente notícia.
A Mercedes e a… Manor

E assim sobra um motor Mercedes que será entregue à…Manor. A equipa passará a ser a “Toro Rosso da Mercedes”. Os alemães vão fornecer os motores e a parte da tecnologia necessária (a Williams participará também neste processo e fornecerá alguns componente). Em troca, a Mercedes fica com uma equipa para colocar Pascal Wehrlein, o jovem prodígio que milita no DTM e que promete ser uma estrela. Além disso será mais uma equipa que poderá fornecer dados aos germânicos para o desenvolvimento dos motores. Fala-se que o segundo piloto poderá ser… Alex Rossi, pois a Mercedes quer melhorar a sua imagem nos “states”. Uma coisa parece certa, a Manor terá condições para ser uma equipa competitiva. Os dias de rodar 4 seg. fora do ritmo parecem ter os dias contados.
O futuro da McLaren depende da Honda

Por fim a Honda. Fala-se que há vontade de sair da F1 depois de uma campanha desastrosa em 2015 que ainda não acabou, mas não faz muito sentido sair agora e debaixo de um coro de criticas. E a McLaren fará tudo para evitar isso. Sem Honda… não há motor. Os japoneses estão a preparar um novo motor para 2016, com os dados recolhidos este ano. Ron Dennis disse que os japoneses estão a trabalhar e que sabem o que têm de fazer para tornar o motor competitivo. Há rumores que investidores chineses estão na calha para entrar na McLaren e isso seria uma excelente noticia. A falta de patrocinadores e de resultados está a afectar a equipa e sem dinheiro não há desenvolvimento do carro. Ron Dennis foi muito parco em palavras o que não é seu hábito. Será sinal que há negociações a decorrer para o futuro? Ou que o futuro é ainda muito sombrio? A F1 precisa da McLaren de volta.
Tudo isto são as previsões de… Eddie Jordan, um homem que tendencialmente acerta sempre neste tipo de futurologia. Há apenas dois pormenores que poderão complicar estas previsões. O primeiro já vimos, é o escândalo VW em que possivelmente 11 milhões de unidades vendidas poderão ter ido contra as regras ambientais. É um rude golpe para a marca e não se sabe que tipo de repercussões terá. O segundo pormenor tem a ver com a exigência da RedBull em ter igualdade de tratamento à Ferrari. Os austríacos não querem ser apenas um cliente da Scuderia. Querem ter o melhor material que os italianos tiverem e isso implica ficar sempre em pé de igualdade ao nível de motor. Se a Mercedes não aceitou, porque aceitará a Ferrari? É que mais uma vez a Red Bull ameaça sair da F1 se não tiverem o que exigem. E a RedBull saindo fica ainda mais dificil o ingresso da VW na F1.
Muito há por definir no futuro da F1.
Fábio Mendes
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