Corrida morna, com um vencedor definido logo na primeira curva, com demasiada estratégia à mistura. Suzuka é das melhores pistas do mundo e já viu grandes lutas em pista mas este ano não foi isso que aconteceu. Lewis Hamilton venceu sem grandes problemas e não teve um concorrente à altura.
Mercedes: O sonho tornou-se realidade

8 anos e 162 GP depois, Lewis Hamilton cumpriu um sonho de criança…igualar o seu grande ídolo Aryton Senna. A 41ª vitória do britânico coloca-o ao lado da lenda da F1. Podia ter acontecido em Singapura mas a chocante falta de andamento dos Mercedes no citadino, além de uma falha mecânica, adiaram o feito para Suzuka. E ainda bem para o piloto. Suzuka, que foi palco de grandes lutas entre o Rei Senna e o Professor Prost, considerado por muitos a melhor e mais exigente pista de F1, era o “palco” ideal para tal feito. O fim de semana foi difícil com pouco tempo de treinos e uma qualificação interrompida devido ao acidente de Kvyat, mas Lewis sabia que embora saindo do 2º posto, podia ganhar na primeira curva, tal como Senna fez anos antes. E foi mesmo isso que fez. A fase inicial da largada não parecia prometedora mas chegou lado a lado com Rosberg à primeira curva e ficou por dentro ganhando vantagem. Depois do primeiro lugar conquistado e com Rosberg em 4º, era so uma questão de voar para longe e gerir a corrida. Mais uma corrida imaculada do britânico, que ficou visivelmente emocionado por ter igualado o Rei Senna mas que teve a humildade de reconhecer que se tivesse vivido mais, o seu grande idolo teria vencido mais. A sua atitude foi menos de estrela rock e lembrou o Hamilton do passado, aquele miúdo que gostávamos e que era rápido como um raio. Está mais que visto que irá também igualar Senna com a conquista do 3º titulo. Está num momento de forma imparável e com uma confiança inabalável. E essa confiança também se deve as prestações de Rosberg, que mostra ser neste momento um piloto sem argumentos, abatido e sem confiança. Desde que passaram a ser usadas as novas regras nas largadas o alemão ficou sempre em desvantagem em relação a Hamilton. É uma caricatura do que fez em 2014. E neste momento não tem nível para sequer atrapalhar a caminhada do seu colega de equipa.
Hamilton: nota 9
Roserg: nota 7
Mercedes: nota 9
Ferrari: O regresso à realidade

A vitória em Singapura foi obtida em condições muito especificas, que dificilmente serão repetidas no restante da época. O traçado citadino favorecia as características do Ferrari, mas em Suzuka a história seria diferente. No entanto, não se esperava que a diferença voltasse a ser tão grande. A Scuderia deu-se mal com a pista e essencialmente com as novas pressões dos pneus. A Pirelli impôs um aumento de pressões que foi mal recebido por todas as equipas e a Ferrari não escapou a regra. Vettel poderia ter ficado com o 2º lugar mas a equipa demorou a responder a entrada na box de Rosberg. Uma volta a mais foi o suficiente para que Vettel perdesse o segundo lugar. Depois de remetido ao 3º lugar, o alemão não teve carro para mais e por ali se ficou. Pelo contrário, a estratégia com Raikkonen funcionou bem. O finlandês entrou nas boxes mais cedo que Bottas e conseguiu assim passar o seu compatriota sem problemas. Os Mercedes foram mais rápidos este fim de semana e a Scuderia tem motivos para ficar satisfeita com o resultado.
Vettel: nota 8
Raikkonen: nota 8
Ferrari: nota 7
Williams: Sentimentos agridoce

O carro mostrou mais andamento que no fim de semana passado e a pista era mais favorável a que isso acontecesse. Os Williams foram claramente os 3ºs mais rápidos do dia e poderiam ter saído com mais pontos. Massa teve azar no toque com Ricciardo e o consequente furo atirou o brasileiro para o último lugar, sem hipóteses de recuperação. Bottas ainda rodou em 3º e a equipa parecia estar com a estratégia correcta. Anteciparam a primeira paragem para evitar que Raikkonen ganhasse vantagem (Rosberg passou por Bottas sem problemas), mas na segunda paragem não tiveram argumentos para responder a Scuderia e Bottas caiu para 5º. O lado positivo é que a equipa voltou a ficar na frente da Red Bull no campeonato de construtores. Vai ser uma luta interessante ate ao final.
Bottas: nota 7
Massa: nota 5
Williams: nota 6
Force India: Hulk foi uma das estrelas do dia

A Force India está num momento bom. Desde que o novo carro entrou em serviço, o desempenho da equipa tem melhorado substancialmente e é visível a cada corrida. Hulkenberg foi dos melhores em pista, começando em 13º e acabando em 6º. O alemão fez uma boa largada e conseguiu estabelecer-se confortavelmente no 6º, sem nunca ser muito incomodado, depois de ter passado os Lotus nas boxes. Uma estratégia perfeita e um piloto que não comprometeu. Pérez teve uma saída de pista logo na primeira curva com um toque de Sainz e com isso não pôde fazer melhor que 12º. Se não tivesse sofrido o acidente, a Force teria hipótese de arrecadar bons pontos. A luta com a Lotus pelo 5º lugar está ao rubro mas neste momento a Force parece ter mais condições de manter o lugar. Tem melhores pilotos e o carro parece ser mais completo que o Lotus.
Hulkenberg: nota 8
Pérez: nota 6
Force India: nota 7
Fábio Mendes
Um pensamento sobre “F1 – GP do Japão: Análise às equipas (Parte I)”