F1 – Top10 das pistas que gostávamos de rever no calendário da F1

É um assunto recorrente. A F1 está a esquecer as suas raízes e as suas melhores pistas partindo para países sem tradição na F1 em busca dos cifrões. Será que o dinheiro deveria ser o único requisito para escolher os circuitos? Será que as pistas que estão no calendário são as melhores? Achamos que há traçados que deveriam ser reintegrados, que já estiveram no calendário e fizeram as delicias dos fãs. De todas as mencionadas aqui, será difícil ver o regresso de qualquer uma delas no entanto ficam aqui as nossas escolhas.

 

 

Circuito do Estoril, Portugal

Onboard-With-Gerhard-Berger-Estoril-1989-Formula-1-Grand-PrixPrimeiro que tudo: sim, isto é puxar a brasa à nossa sardinha! E por que não? Quem melhor que nós, portugueses, para elogiar a mística e qualidade da nossa mais famosa pista? O autódromo está situado na fronteira do Parque Natural Sintra-Cascais, um dos maiores patrimónios naturais do distrito de Lisboa. O circuito é desafiante e técnico, composto por 13 curvas de média-baixa velocidade, intercaladas com duas parabólicas, sendo a maior (parabólica Ayrton Senna, em homenagem ao Rei) famosa pelas suas ultrapassagens, como a de Jacques Villeneuve a Michael Schumacher em 1996, usualmente no Top 10 das melhores de sempre. É uma pista penalizadora dos erros dos pilotos, pois apenas a curva 1 e 6 têm escapatórias asfaltadas, sendo as restantes compostas por gravilha ou relva. No seu historial, Nikki Lauda conquistou o seu tri-campeonato, assegurando o 2º lugar na prova em 84; Ayrton Senna deu um recital à chuva em 85, conquistando a sua primeira vitória na modalidade e Alan Prost assegurou o tetra-campeonato em 93. Para além disto, o muro do Estoril também foi palco da icónica foto dos candidatos ao título de 86. Já albergou provas de MotoGP, Fia GT, DTM e WSR, para citar as mais conhecidas e actualmente tem o Grau 1T em 2013, tornando-se assim no único em Portugal que pode acolher um GP de Fórmula 1. A falta de patrocínios e influência no desporto motorizado internacional deixam o nosso autódromo com poucas possibilidades de entrar no calendário do Grande Circo. No entanto, a esperança é a ultima a morrer e os adeptos portugueses anseiam pelo seu regresso!

GP Portugal Motociclismo 2011_CircuitoCurvas: 13

Comprimento: 4.360 km

Volta mais rápida: Damon Hill 1min 20s 330 (1996)

Volta mais rápida em corrida: Jacques Villeneuve 1min 22s 873 (1996)

Piloto com mais vitórias: Alain Prost (3)

Equipas com mais vitórias: Williams (6)

 

 

Circuito Citadino de Adelaide, Austrália

663314-57cc1e88-9f4c-11e3-b2ad-08c02f4f904cTeve o seu 1º GP em 1985 e foi um sucesso instantâneo. Na capital politica e financeira da Austrália do Sul, os pilotos rapidamente o elegeram como o melhor circuito do campeonato e os fãs não decepcionaram, recebendo o grande circo num clima de enorme festa. Aliás, Bernie Ecclestone mostrou-se reticente no ano a seguir, pois sabia que Adelaide tinha posto a fasquia do acolhimento à Formula 1 num patamar muito elevado, temendo pelas recepções mornas dos GPs europeus. Rodeando o Victoria Park, a pista apresenta uma longa recta onde os monolugares atingiam cerca de 308km/h, algo impressionante para um circuito citadino. Os outros sectores eram constituídos por chicanes rápidas e exigentes curvas a 90º. Por esta forte transição de zonas rápidas/lentas, o circuito punha à prova a fiabilidade dos travões mas também permitia um grande número de ultrapassagens. A influência de outro grande centro como Melbourne levou a que a F1 abandonasse Adelaide em 1996 e aterrasse em Albert Park. No entanto a pista tem sido palco para outras competições como os V8 Supercars.

Adelaide_f1Curvas: 16

Comprimento: 3.780 km

Volta mais rápida: Ayrton Senna 1min 13s 371 (1993)

Volta mais rápida em corrida: Damon Hill 1min 15s 381 (1993)

Piloto com mais vitórias: Ayrton Senna (2), Alain Prost (2), Gerhard Berger (2)

Equipas com mais vitórias: McLaren (5)

 

 

Circuito de Kyalami (versão 1967), Africa do Sul

1977 South African Grand Prix. Kyalami, South Africa. 3-5 March 1977. James Hunt (McLaren M23 Ford) and Niki Lauda (Ferrari 312T2) lead the field down to Turn 1 at the start. Ref-77 SA 12. World Copyright - LAT Photographic
LAT Photographic

O circuito de Kyalami esteve presente no calendário desde 1967 mas a pressão política contra o regime do Apartheid em 1985 e a Formula 1 abandonou a Africa do Sul. Após a queda do regime, ocorreu um regresso fugaz entre 1992 e 93, mas os lucros da organização ficaram aquém do pretendido e a ideia ficou por terra. No entanto na memória dos mais fãs antigos, a versão do circuito em 67 foi das mais rápidas e entusiasmantes que já foram construídas: possuía curvas bastante rápidas e uma recta onde se atingiam facilmente mais de 320km/h. Mesmo com largas escapatórias, a velocidade estonteante com que se percorria o circuito vitimou bastantes pilotos, alguns de forma fatal.

Curvas: 13

Comprimento: 4.261 km

250px-Kyalami.svgVolta mais rápida: Nigel Mansell 1min 15s 486 (1992)

Volta mais rápida em corrida: Nigel Mansell 1min 17s 578 (1992)

Piloto com mais vitórias: Jim Clark (3)

Equipas com mais vitórias: Lotus (4)

 

 

Circuito de Zandvoort, Holanda

dutchgp74-060smlPalco do 1º GP holandês, o circuito de Zandvoort foi uma constante no calendário entre 1952 e 1985. Tornou-se famoso pelo seu ziguezaguear, composto por parabólicas, chicanes, curvas apertadas e longas rectas: no fundo tinha um pouco de tudo o que qualquer amante do desporto motorizado idealiza. Caracterizada por separar os bons pilotos dos restantes, a pista tinha largura suficiente para varias trajectórias, deixando em aberto um vasto leque de ultrapassagens, mesmo nos sítios mais improváveis. Este perfil heterogéneo levou outras modalidades a realizar lá as suas corridas, como foi o caso do DTM, A1GP e a Fórmula 3.

Curvas: 13

Comprimento: 4.252 km

2000px-Zandvoort.svgVolta mais rápida: Nelson Piquet 1min 11s 074 (1985)

Volta mais rápida em corrida: Alain Prost 1min 16s 538 (1985)

Piloto com mais vitórias: Jim Clark (4)

Equipas com mais vitórias: Ferrari (8)

 

 

 

 

Circuito Citadino de Longbeach, EUA

Start_1983_LongBeach_01_PHCEste circuito foi criado com o objectivo de revitalizar a economia da cidade de Longbeach, na Califórnia. No entanto, os organizadores não esperavam que o seu sucesso fosse tão imediato. O primeiro evento em 1975 com a Formula 5000 atraiu perto de 46.000 e introduziu à cultura americana a adrenalina de um circuito citadino. O sucesso foi tanto que 6 meses depois organizou o seu primeiro GP de Formula 1, onde Clay Regazzoni levou o seu Ferrari à vitória. Dois anos depois a vitória de um piloto americano – Mario Andretti – no seu pais natal colocou o circuito nas bocas do mundo. Constituída por 11 curvas, a pista beneficia do mesmo que Adelaide: curvas rápidas, longas rectas, numa conjugação nada aborrecida. O traçado percorre as fronteiras do Centro de Convenções da cidade, que servia de paddock por altura do GP. Tudo isto com um pano de fundo turístico, com todas as atracções que uma cidade solarenga da Califórnia pode oferecer. Saiu do calendário do grande circo em 1983 mas continua a ser palco de grandes provas, como a Formula E.

Curvas: 11

Circuit_Long_BeachComprimento: 3.275 km

Volta mais rápida: Patrick Tambay 1min 26s 117 (1983)

Volta mais rápida em corrida: Niki Lauda 1min 28s 330 (1983)

Piloto com mais vitórias: Clay Regazzoni (1), Mario Andretti (1), Carlos Reutemann (1), Gilles Villeneuve (1), Nelson Piquet (1), Niki Lauda (1), John Watson (1)

Equipas com mais vitórias: Ferrari (3)

 

Fuji Speedway, Japão

japangp_rain_fuji_07_gepafpInaugurado em 1963, a pista que inicialmente pertenceu à Mistubishi foi adquirida pela Toyota em 2000. Recebe o WEC para além de outras modalidade de endurance e turismo. É uma pista fluída, caracterizada pela sua enorme recta da meta (1.5Km,) assim como pelo seu traçado com curvas abertas e muito rápidas nos dois primeiros sectores. O 3º sector é feito a subir, com curvas encadeadas de média velocidade. É um traçado espectacular e quem vê os onboards das provas de 2007 e 2008, só pode questionar-se porque Fuji não se manteve no calendário. A pista recebeu a F1 em substituição de Suzuka, mas em 2009 o grande circo voltou à pista da Honda, ficando Fuji arredada da F1 até hoje. Somos grandes fãs de Suzuka, mas Fuji é também uma pista espectacular e com potencial de proporcionar grandes corridas. O record da pista pertence a Felipe Massa (1:18:426). Em termos financeiros não deverá interessar muito ter duas corridas no Japão mas neste top não nos interessa a nacionalidade da pista mas sim as características que poderão dar boas corridas. Fuji tem tudo para ser uma das melhores pista de F1. Basta ver as corridas que o WEC proporciona neste traçado.

250px-Circuit_Fuji.svgCurvas: 16

Comprimento:4,563km

Volta mais rápida: Lewis Hamilton 1:18:404; 2008

Volta mais rápida em corrida: Felipe Massa 1:18:426; 2008

Piloto com mais vitórias: Mario Andretti, James Hunt, Lewis Hamilton, Fernando Alonso (1)

Equipas com mais vitórias: McLaren (2)

 

Magny –Cours, França

frenchgrandprix_magnycours_2006_startConstruída em 1960, foi casa da École de Pilotage Winfield, que formou nomes como François Cevert e Jacques Laffite. A pista caiu em decadência nos anos 80 mas ressurgiu em grande nos anos 90, recebendo a F1 de 91 a 2008. Mas a sua localização e falta de infra-estruturas para receber o público, aliado à fraca afluência de fãs, fez com que o circuito fosse retirado do calendário. Para substituir a pista foi pensado um circuito citadino nas ruas de Paris mas a ideia não passou disso mesmo… uma ideia. A pista, tem todos os ingredientes para dar uma boa corrida. Curvas lentas com travagens fortes (3 , 14 e 15), longas rectas e curvas rápidas em apoio. Será provavelmente das pistas mais subvalorizadas do mundo, mas infelizmente a F1 não olha às características da pista para escolher o seu destino. É estranho a França, com uma tradição forte em F1 não receber um Grande Prémio. Mas caso volte a fazê-lo Magny.Cours seria o local perfeito para isso.

 

Curvas : 17

Magny_Cours_1992Comprimento de pista: 4.441 km

Volta mais rápida: Fernando Alonso 1: 13:698; 2004

Volta mais rápida em corrida: Michael Schumacher 1:15:377; 2004

Piloto com mais vitórias: Michael Schumacher (8)

Equipa com mais vitórias: Ferrari (8)

 

 

Brands Hatch, Inglaterra

84_GB15Falar de Brands Hatch é falar de uma das pistas com mais história e tradição da F1. Brands Hatch fez parte do calendário da F1 de 1964 a 1986 acolhendo 12 provas. A origem da pista remonta aos anos 30, na altura em que se faziam corridas de motos. Mas a história deste traçado é tão rica que seria preciso um texto exclusivamente dedicado para fazer um resumo com tudo o que merece destaque. A pista tem recebido várias competições de renome internacional (DTM, BTCC, Formula 3000, WRX entre outros). Mas Brands Hatch seria um excelente regresso pelo traçado. Uma pista muito rápida, que parece ser simples demais, mas cujas elevações e curvas médias/rápidas seriam um desafio tremendo para os pilotos e máquinas. Provavelmente seriam necessárias alterações para receber o grande circo mas se mantivesse o layout da pista seria uma maravilha voltar a ver as máquinas nesta pista que viu Nigel Mansell vencer a sua primeira corrida, James Hunt estrear-se na F1 e Jo Siffert perder a vida.

Curvas: 9

Circuit_BrandshatchComprimento de pista: 3.915Km

Volta mais rápida: Nelson Piquet 1:06:961; 1986

Volta mais rápida em corrida: Nigel Mansel 1:09: 593; 1986

Piloto com mais vitórias: Niki Lauda (3)

Equipa com mais vitórias: Lotus (4)

 

 

Istambul Park, Turquia

SD-IstanbulPark-1Se calhar o melhor “Tilkódromo”, a par do COTA. Istambul Park tinha (e tem) tudo para ser uma pista de referência da F1.  Recebeu a F1 de 2005, data da sua abertura a 2011. Foi uma das pistas que apareceu fruto de um investimento desmesurado e pouco calculado tal como tantas outras pistas que apareceram exclusivamente para receber a F1 e que caíram no esquecimento (India e Coreia do Sul são outros exemplos) e depressa deixou de ser viável. Bernie exigiu e foi feito tudo como quis, mas depois rapidamente colocou a pista de parte, depois de ter dito que se tratava do melhor circuito do mundo. Talvez não o seja mas anda lá perto. Como pontos de interesse tem a curva 8 (4 curvas que se tornam apenas numa) e a grande recta oposta à meta, mas toda a pista é uma maravilha para os olhos e para quem conduz. Curvas de média velocidade, muito técnicas e com diferenças na elevação, são um desafio para pilotos e máquinas. Infelizmente foi transformada agora num parque de automóveis. Um final terrível para uma das poucas pérolas que a F1 tinha no seu calendário.

Curvas: 14

Circuit_IstanbulComprimento: 5,338Km

Mais vitórias : Felipe Massa (3)

Equipa com mais vitórias: Ferrari

Volta mais rápida: Sebastian Vettel 1:25:049;  2011

Volta mais rápida em corrida: Kimi Raikkonen 1:26:505; 2008

 

 

Imola, Itália

Foto in: thisisf1.com
Foto in: thisisf1.com

Não achamos que seja necessário acrescentar muito mais. Pelo traçado e pela história, Imola deveria fazer parte do calendário de forma vitalícia. Entrou no calendário da F1 em 1980 e ficou até 2006. Foi palco de uma das maiores tragédias da F1 em 94 quando o Rei Senna perdeu a vida na curva Tamburello. A pista é muito rápida mas ao contrário de Monza, as diferenças de elevação e os apex altos tornam-na num desafio muito maior para os pilotos. Considerada a verdadeira casa da Ferrari, a afluência dos tifosi era tremenda. Para além da morte de Senna, viu também estalar a controvérsia entre Villeneuve e Pironi, quando este último esqueceu o acordo feito antes da corrida, tal como anos depois aconteceu com Senna e Prost, no episódio que desencadeou a maior rivalidade de todos os tempos na F1. Imola está recheada de história mas é pelas características únicas da pista que esta deveria regressar.

 

Curvas: 17

Circuit_ImolaComprimento: 4,959Km

Mais vitórias na pista: Michael Schumacher (7)

Equipas com mais vitórias: Ferrari e Williams (8)

Volta mais rápida: Jenson Button 1:19:753; 2004

Volta mais rápida em corrida: Michael Schumacher 1:20:411; 2004

 

 

 

Marcos Gonçalves

Fábio Mendes

 

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