O GP brasileiro foi tão morno que nos deu sono e só agora acordamos para fazer a análise aos poucos acontecimentos da prova. Interlagos costuma ser palco das melhores corridas do ano mas desta vez a chuva não apareceu e com as contas do campeonato praticamente feitas, sentiu-se que a corrida não passava de uma obrigatoriedade da agenda. Nas bancadas o público não desiludiu. Se todos ficaram impressionados com o apoio dos fãs no México, o calor que se sentiu das bancadas de Interlagos já não surpreende. O Brasil gosta de F1 e a F1 gosta do Brasil.
Mercedes: Onde está o campeão?
Nico Rosberg mudou o chip. Desde a desilusão de Austin, onde ficou confirmado o que há muito se sabia (que não ia ser campeão), o alemão encara esta última fase do campeonato como uma oportunidade de desestabilizar o colega de equipa. E está a conseguir. 5ª pole consecutiva e 2ª vitória consecutiva para Nico, que esteve sempre no controlo das operações. Sempre que Hamilton tentou chegar-se a ele, o alemão não se assustou e continuou a poupar os pneus e não largou o 1º lugar. A pergunta que todos se fazem é… E se Rosberg tem sido assim durante todo o ano? Já Hamilton anda a acusar as ressacas. É verdade que já cumpriu a sua obrigação e que pode descomprimir mas está a deixar uma última imagem pouco convincente. Os fãs mereciam uma luta a sério com Rosberg e não as queixas de que não se consegue ultrapassar em Interlagos. Esperemos que Hamilton se sinta espicaçado e traga o melhor de si para a corrida final. Mas já é o segundo fim de semana em que ficamos com a ideia que Hamilton já não está em 2015. Mas quem o pode censurar?
Nico Rosberg: Nota 9
Lewis Hamilton: 7
Mercedes: Nota 10
Ferrari: Mais um passo em frente.
Não foram os resultados que mostraram que a Scuderia evoluiu mais um pouco. Afinal não houve surpresas nesse capitulo. Mas Vettel ficou a 7 segundos de Hamilton e 17 de Rosberg. Ainda é muito mas foi o suficiente para atrapalhar a Mercedes. A própria Ferrari admitiu que não esperava que conseguissem aproximar-se assim. Mas se o fez foi graças a Vettel. O alemão mostrou este ano que é claramente o melhor piloto da equipa e que as esperanças da luta pelo titulo passam por ele. Kimi Raikkonen foi 4º mas teve um ano para esquecer e parece agora claro que a sua carreira iniciou a fase descendente. Não tem argumentos para responder ao andamento de Vettel, falhou muito nas qualificações e nas corridas envolveu-se em picardias desnecessárias. Gostamos muito de Kimi mas começa a ser a altura de pensar noutros voos. Há muito talento à espera de uma oportunidade na F1 e Kimi neste momento parece que não acrescenta nada. Esperamos que em 2016 nos prove que estamos errados. Nesta corrida não desapontou a equipa mas ficou demasiado longe do colega de equipa. Mesmo que o motor não fosse novo Kimi devia ter feito mais.
Sebastian Vettel: Nota 9
Kimi Raikkonen: Nota 7
Ferrari: Nota 8
Williams: Demasiado quente nas borrachas e demasiado morno em pista

Felipe Massa foi desclassificado por ter um pneu com a pressão 0.1 PSI acima do permitido. Pode parecer uma diferença mínima mas o problema é que o pneu estava demasiado quente. Foi medido 137 graus Celsius, o que é muito acima do permitido e recomendado. Mas a esta temperatura a pressão do pneu deveria ser mais alta. O que pode implicar que alguém tenha largado um pouco de ar, numa tentativa de disfarçar o caso. No entanto a desclassificação parece demasiado pesada. A Mercedes teve um problema parecido e nada aconteceu. Não foi a melhor corrida para Massa, que andou muito escondido todo o fim de semana. A afinação do carro não deverá ter sido a melhor pois notava-se que o piloto lutava em demasia com a sua máquina. Mas em Interlagos espera-se sempre mais de Massa. Já Bottas cumpriu o que lhe foi pedido. Acabou em 5º, longe de Kimi mas muito à frente de Hulkenberg. Massa melhorou muito este ano e já se viu alguns momentos do Massa de antigamente, sendo ainda um trunfo válido para a Williams. Mas Bottas é melhor e mesmo com acidentes e azares, consegue estar à frente do brasileiro.
Valtteri Bottas: Nota 8
Felipe Massa: Nota 6
Williams: Nota 5
Force India: Fez-se história no Brasil

O prémio merecido. Somos fãs da Force India e do que é capaz de fazer. Com um orçamento reduzido, conseguem sempre fazer boas surpresas. Grande parte desse orçamento vai para pagar aos pilotos mas como são dos melhores do grid, vale a pena o esforço. A nova evolução do VJM08 estreada na segunda metade do ano foi um claro passo em frente e graças a isso, a equipa conseguiu confirmar o 5º lugar nos construtores, a melhor classificação de sempre da equipa. Desta vez foi Hulkenberg a brilhar. Depois de uma série de corridas onde Pérez esteve excelente, o mexicano teve problemas em afinar o seu carro para a pista brasileira e isso viu-se em pista onde desgastou demasiado os pneus (algo pouco usual nele), mas o seu colega de equipa tratou de compensar com um excelente 6º lugar. Hulk dá-se bem com os ares brasileiros e esta vez não foi excepção. Uma época abaixo do que pode e deve fazer mas que ainda assim pode acabar bem. No geral Pérez foi melhor e esse titulo ninguém-lhe tira, mas Hulkenberg tem capacidade para responder em 2016. Uma dupla de top numa equipa que com a possível entrada da Aston Martin, poderá dar mais um passo. Só descansamos quando os virmos a vencer uma corrida.
Nico Hulkneberg: Nota 9
Sérigo Pérez: Nota 6
Force India: Nota 9
Fábio Mendes
Um pensamento sobre “F1 – GP do Brasil: Análise às equipas (Parte I)”