
Este título pode parecer exagerado e haverá quem diga que o fizemos porque queremos cliques. Meus amigos se quiséssemos isso colocávamos um título do género “Emily Ratajkowski em topless”… e aposto que funcionava.
No entanto quem nos segue já não ficará surpreendido com a admiração que temos pela Force India.
A história da equipa começa em 2007, ano em que Vijay Mallya e Michiel Mol compraram a Spyker (que antes foi Midland e que antes tinha sido…Jordan Grand Prix).
Depois de um ano francamente mau, a Midland vendeu a equipa que se tornou a Force India e cujo objectivo era colocar o país que lhe dava nome na rota da F1. Naquela altura nomes como Colin Kolles e Mike Gascoyne lideravam a equipa.
Desde aí a equipa tem vindo a crescer gradualmente. Marcou os primeiros pontos e subiu a primeira vez ao pódio em 2009, um ano após a reestruturação e a entrada dos capitais indianos, pela mão de Giancarlo Fisichella em Spa, que depois seguiu para a Ferrari.
Crescimento constante e sustentado

A pole e o pódio em Spa em 2009 foram uma surpresa para todos, uma vez que a equipa não apresentava um rendimento capaz de fazer antever tal feito, mas seria uma primeira amostra do que a equipa iria fazer no futuro.
Em 2010, com um orçamento de 80 milhões de euros conseguiram 68 pontos e um positivo 7º lugar no campeonato. Em 2011 com o mesmo orçamento fizeram 69 pontos acabando em 6º lugar. Em 4 anos a equipa passou de 10º para 6º, feito que não pode ser menosprezado. Equipas como a Caterham e Marussia não conseguiram o mesmo. E muitas outras ficaram pelo caminho.
Em 2011 deu-se o primeiro revés na equipa. Embora batendo o seu recorde de pontos marcados numa época (109) acabaram em 7º atrás da Sauber que em 2012 tinha um excelente carro e bons pilotos (foi neste ano que Perez se mostrou ao mundo no diluvio da Malásia, repetindo o pódio no Canadá, acompanhado com um pódio de Kobayashi no Japão, na última época positiva da Sauber).

Em 2013 voltaram a subir para o 6º lugar (77 pontos), numa altura em que o orçamento da equipa passou para os 137 Milhões. Em 2014, com aproximadamente o mesmo orçamento do ano anterior e com os novos regulamentos, foram a equipa que mais brilhou na primeira fase da época, desvanecendo-se esse esforço ao longo do ano com mais um 6º lugar com 155 pontos.
Algo que sempre caracterizou a equipa foi a disparidade de rendimento de uma metade da época para a outra. Normalmente, se a primeira metade corre bem a segunda não vai ser positiva e vice versa. Isto porque se a equipa investe no inicio da época não tem dinheiro para desenvolver o carro, ou se poupa no inicio da época tem de investir na segunda metade para compensar.
Ano | Pontos 1ªmetade da época | Pontos 2ª metade época | Total |
2015 | 39 | 97 | 136 |
2014 | 98 | 57 | 155 |
2013 | 59 | 18 | 77 |
2012 | 46 | 63 | 109 |
2011 | 20 | 49 | 69 |
2010 | 47 | 21 | 68 |
Ou seja, a Force India sabe como fazer carros e sabe como os melhorar. Não tem é dinheiro para isso. E como uma manta pequena… Se tapa a cara, destapa os pés.
O ponto forte da equipa… eficácia

O que a Force India faz melhor que ninguém é maximizar os poucos recursos que tem. Não tinha as melhores infraestruturas e só há pouco tempo a equipa passou a ter uma fábrica melhorada. Este ano por exemplo o orçamento da equipa foi de 129.7 milhões de euros. Foi apenas 8ª neste campeonato, o que significa que apenas Sauber (103 milhões) e Manor (80 milhões) gastaram menos que a Force. A Lotus gastou 139 milhões, a Toro Rosso 138 milhões e a McLaren…465 milhões.
Equipas | Orçamento | Pontos conquistados | Milhoes de € / ponto |
Mercedes | 467,4 | 703 | 0,664864865 |
Ferrari | 418 | 428 | 0,976635514 |
Williams | 186,4 | 257 | 0,725291829 |
Red Bull | 468,7 | 187 | 2,506417112 |
Force India | 129,7 | 136 | 0,953676471 |
Lotus | 139,1 | 78 | 1,783333333 |
Toro Rosso | 137,5 | 67 | 2,052238806 |
Sauber | 103,25 | 36 | 2,868055556 |
McLaren | 465 | 27 | 17,22222222 |
Manor | 80 | 0 |

Se calcularmos o dinheiro que cada equipa gastou por ponto, vemos que a Mercedes foi claramente a melhor, seguido da Williams e da Force India. Logo por aqui vemos que a Force teve um rendimento ao nível das melhores equipas.
E há que ter em conta que este ano deu-se uma mudança significativa: a equipa mudou de túnel de vento usando agora o que foi da Toyota. Tudo isso implica mudanças na forma de trabalhar que podem prejudicar a equipa.
Este ano com a mudança para o túnel de vento, a equipa começou o ano com um carro muito semelhante ao de 2014 mas que gradualmente foi trabalhado até chegar a versão B do VJM08 que deu cartas. Até ao GP da Grã-Bretanha, onde foi estreada a versão B do carro, a equipa tinha 39 pontos. Depois do GP da Grã-Bretanha conquistou 97. Uma média de aproximadamente 10 pontos por GP. Para quem pouco testou no inverno com o carro novo e teve de implementar as melhorias todas já a meio da época, é um resultado francamente bom.

A versão B foi uma melhoria clara em relação ao antecessor e provou mais uma vez que os engenheiros da equipa trabalham muito bem com os recursos à disposição. Não tentam inventar a roda com soluções mirabolantes. Usando um trabalho simples mas eficaz, conseguem carros que geralmente são meigos para os pneus, rápidos em linha recta e com um equilíbrio positivo para enfrentar secções sinuosas, não tendo no entanto a melhor aerodinâmica do grid. Mas contabilizando todos os pormenores, os Force India são no geral carros bem conseguidos, para o orçamento da equipa.
A escolha acertada de pilotos

Outra coisa que distingue a Force India das restantes equipas e a forma como evita a tentação de escolher pilotos pagantes. A Lotus, que será a equipa que mais se aproxima da Force ao nível de estatuto e orçamento, foi obrigada a escolher Maldonado (e os seus milhões) como piloto. A Force India foi buscar Perez e fez regressar Hulkenberg, depois de um ano excelente na Sauber. Cada um deles ganha 4 milhões de euros /ano. Não foram as escolhas mais baratas mas foram as mais acertadas. É uma dupla com muita qualidade e que pode fazer a equipa voar alto. Pérez já rendeu 2 pódios e Hulkenberg para além de muitos pontos (embora 2015 tenhas sido um ano menos bom por parte do alemão), também conseguiu publicidade pela vitória em LeMans. É de louvar a coragem para apostar em pilotos com talento e não ter medo de gastar mais por causa disso. Nenhuma das outras equipas de meio da tabela o faz. E os frutos estão à vista. Dois pilotos que começam a atingir o auge das suas capacidades (Pérez teve um ano excelente) e que trazem muitos pontos para casa.
Quanto gastou cada equipa com os pilotos:
1. Ferrari €46m
2. McLaren-Honda €45m
3. Mercedes €38.5m
4. Force India €8m
= Lotus F1 team €8m
6. Williams €6m
7. Red Bull Racing €2.25m
8. Scuderia Toro Rosso €500,000
9. Sauber €400,000
10. Manor €200,000
O potencial de crescimento

A Force India sempre foi algo menosprezada pelos resultados que obteve até agora e pelo facto do seu líder estar constantemente envolvido em processos judiciais. Todos os anos saem noticias que fazem prever o pior. Mas a verdade é que a equipa nestes últimos dois anos conseguiu mais alguns patrocinadores importantes, para além de conseguir manter-se competitiva quando a Lotus, Sauber sofreram com problemas económicos e baixaram de rendimento não capitalizando as boas épocas de 2012 e 2013.
Com a mudança de nome para Aston Martin, que deverá ficar concluída em breve, a equipa ganhará ainda mais projecção. O nome pouco apelativo Force India dará lugar a um nome incontornável do automobilismo. E por certo muitas marcas quererão ficar associadas. No entanto a estrutura será a mesma, a forma de trabalhar também. Muda o nome, a cor dos fatos e se tudo correr bem o volume de negócio da equipa.
No entanto, hoje surgiram noticias que os accionistas da Aston estão reticentes em relação à operação, duvidando que a entrada para a F1 seja de facto benéfica para a marca. Mais uma prova que a F1 precisa de rever urgentemente a forma como trabalha. É uma oportunidade de ouro que pode estar a escapar entre os dedos da Force India.
Considerar a Force India a melhor equipa do grid de 2015 pode ser exagerado, mais ainda quando a McLaren teve um ano claramente atípico e a Toro Rosso sofreu muito com o fraco motor Renault no ano em que conseguiu criar um dos melhores chassis de sempre da equipa (senão o melhor). Mas tendo em conta o momento actual da F1 e acima de tudo o momento financeiro das equipa médias/ pequenas, ver que a Force India consegue aguentar a tempestade, manter-se competitiva e até conseguir aproximar-se dos níveis da Williams e Red Bull no final do ano, é um sinal claro que há trabalho bem feito e que o seu modelo, embora não perfeito, pode servir de exemplo para outros numa altura em que cada vez mais se fala em poupar e cortar nas despesas. Desde 2008, por altura da criação da Force India até os nossos dias acabaram equipas como a Toyota, HRT, Virgin e Caterham. Minimizar a regularidade e a consistência da equipa ao longo dos anos é algo que não devemos fazer.

Somos fãs dos pilotos. O Pérez de 2015 foi uma versão melhorada do Pérez de 2012 que maravilhou o grid com as suas performances na Sauber. Um piloto mais maduro, que não arrisca manobras impossíveis e que faz da regularidade o seu novo ponto forte. Ainda falha nas qualificações mas tem melhorado nesse aspecto também. Hulkenberg não esteve ao seu nível mas tem características de um piloto de topo. Sóbrio na condução, rápido e muito consistente, É daqueles pilotos que não dá nas vistas mas que tem muita qualidade. Depois há Bob Fernley, director da equipa que tem uma postura muito frontal e o Vijay Mallya, o patrão da equipa com o seu estilo irreverente mas que conseguiu fazer avançar a equipa durante este tempo todo, melhorando infraestruturas, arranjando fundos (sabe-se lá onde) e fazendo crescer a equipa sem medo dos desafios. São as faces mais conhecidas de toda uma engrenagem modesta mas que insisite em dar resultados positivos.
Esperemos que o futuro da Force India seja risonho. Seja com que nome for, esperemos que a equipa consiga cada vez mais desafiar os grandes do grid, que consiga finalmente uma vitória e que se consiga estabelecer na F1 um como um dos nomes a ter em conta. É esse o grande desafio. Provar que 2015 não foi um mero acaso e que a equipa irá dar mais um passo em frente. Será a Force India capaz disso?
Fábio Mendes
2 pensamentos sobre “F1 – Force India: Provavelmente a melhor equipa F1 de 2015”