Na rubrica do “Chicane Classics”, recordamos uma corrida interessante do Mundial de 500cc de 2001.
Jerez de la Frontera recebia mais uma vez o Grande Prémio de Espanha na temporada do Mundial de 500cc de 2001.
À chegada para esta corrida, o líder do campeonato era Valentino Rossi (#46). O italiano estava em grande forma e tinha vencido as duas primeiras corridas do campeonato, em Suzuka, no Japão e em Phakisa, na África do Sul. “The Doctor” já levava uma grande vantagem para os seus rivais, que estavam algo inconstantes. Rossi tinha 50 pontos já levava 22 de vantagem para Loris Capirossi (#65), e empatados no 3º lugar estavam o seu grande rival, Max Biaggi (#3), Norifumi “Norick” Abe (#6) e Shinya Nakano (#56), com 24 pontos.
O campeão do mundo em título, Kenny Roberts, Jr. (#1) era apenas 7º, com 17 pontos, e o campeão de 1999, Àlex Crivillé (#28), cada vez mais pressionado para obter resultados na equipa oficial da Honda, era 9º, com apenas 17 pontos.
Na qualificação, Valentino Rossi assinou a pole pela segunda vez na temporada. Loris Capirossi era 2º, Norick Abe foi o 3º mais rápido.
No arranque, Abe foi muito forte e chegou à primeira curva na primeira posição. Rossi não conseguiu colocar a potência da melhor forma e caiu para 3º, passado por Shinya Nakano (#56), que fez um excelente arranque do 4º lugar com a Yamaha da equipa Tech 3, só que o japonês cedeu imediatamente a posição ao italiano.
Mais impressionante foi o arranque de Jurgen van den Goorbergh (#17), na Proton KR3, que veio de 9º para ocupar por breves momentos o 4º lugar.
Ainda na primeira volta, Rossi recuperava a liderança, passando Abe na curva Dry Sack.
Rossi tentava imediatamente descolar de Abe, e ambos afastavam-se depressa de Nakano, que era incapaz de se manter no mesmo ritmo.
Na volta 4, Capirossi, que tinha feito a volta mais rápida, conseguia passar Nakano em Dry Sack e subiu ao 3º lugar. O italiano tentava não perder o contacto com Rossi e Abe, que já rodavam juntos. Abe conseguiu ganhar algum tempo em apenas uma volta e colocava pressão ao italiano.
Mais atrás, o herói local, Àlex Crivillé, que tinha arrancado do 12º lugar, perdeu uma posição mas começava a fazer uma recuperação. Ao fim de quatro voltas era 10º e não queria ficar por ali.
Max Biaggi (#3) tinha que passar os rivais para evitar perder muitos pontos no campeonato, e na volta 10 atacou Alex Barros (#4) em Dry Sack, mas alargou demasiado a trajetória e perdeu ainda o 7º lugar para Crivillè, que já tinha deixado para trás o seu colega de equipa na Honda, Tohru Ukawa (#11).
Duas voltas depois, o espanhol passou Barros, também em Dry Sack, para se elevar ao 6º posto, e à entrada para a votla 13, na curva 1, Crivillè ultrapassava o campeão em título, Kenny Roberts, Jr., não dando hipótese ao piloto da Suzuki.
Na frente da corrida, Rossi e Abe deixavam definitivamente Capirossi à distância. O italiano chegou a estar a um segundo mas o seu esforço inicial terá feito com que os seus pneus não aguentassem a pressão.
Na volta 14, Rossi trava demasiado tarde em Dry Sack e perde a liderança para Abe. Agora trocavam-se os papéis, e os fãs estavam ao rubro. Abe era piloto da equipa de Luís d’Antin, e a equipa espanhola tinha também um patrocinador local, justificando os festejos nas bancadas.
Max Biaggi cometeu um erro e saiu de pista, caindo para o 11º lugar, e foi aí que terminou esta corrida. Pouco depois, na volta 15, Capirossi também foi à gravilha e caiu para 5º, perdendo posição para Nakano e Crivillè.
Crivillè passou Nakano para subir ao lugar mais baixo do pódio, na volta 16, e os fãs espanhóis nas bancadas estavam em êxtase. Agora faltava saber se o campeão do mundo de 1999 era capaz de reduzir o défice de três segundos para Rossi, que pressionava imenso Abe. Certamente que o italiano estaria a adorar esta luta pela vitória, porque Abe era o seu ídolo durante a sua adolescência.
Rossi estudou uma maneira de passar Abe e na volta 21 conseguiu travar mais tarde para o gancho Ducados, a última curva do ciruito, e a partir daqui afastou-se de Abe.
Até ao final, Abe viu Crivillè aproximar-se perigosamente da sua traseira, mas o espanhol não conseguiu chegar a tempo de atacar o segundo lugar.
Valentino Rossi vencia pela terceira vez em três corridas e começava a mostrar que era o grande candidato ao título de 2001, que iria confirmar em Phillip Island, na Austrália, com duas corridas para o final.
Norick Abe assinou o segundo lugar e confirmava o seum bom arranque de temporada, e Àlex Crivillé terminou em 3º, com um resultado que o deixou muito satisfeito. Apesar deste fator positivo, Crivillé estava na mó de baixo, e só iria somar mais um pódio até ao final da temporada, na República Checa. Os seus sintomas persistentes de desmaio e de vertigens que foi sentindo durante 2000 comprometeram bastante as suas corridas e depois de ter sido despedido da Honda, pelos maus resultados em 2000 e 2001, ainda tentou continuar com a equipa d’Antin, mas foi precisamente em Jerez, antes do Grande Prémio de Espanha de 2002, que anunciou o seu abandono como piloto, numa conferência de imprensa onde se mostrou muito emocionado.
Nos lugares seguintes ficaram Shinya Nakano, um bom resultado para o nipónico, Tohru Ukawa conseguiu passar os seus adversários para terminar em 5º, Alex Barros foi 6º, Kenny Roberts, Jr. foi apenas 7º, claramente a ter um mau início de temporada, Loris Capirossi caiu para 8º, Garry McCoy (#5) foi 9º e Sete Gibernau (#15) fechou o Top 10.
No campeonato, Rossi tinha 75 pontos, Norick Abe era agora 2º com 44, Shinya Nakano subia ao 3º lugar com 37, mais um do que Loris Capirossi e Àlex Crivillé passava a ser 5º, com 33.
Jorge Covas