Sebastien Ogier
Desta vez Ogier teve uma concorrência forte até meio do rally. K. Meeke pôs em sentido o tricampeão do mundo, liderando durante algumas especiais e pressionando fortemente o piloto da Volkswagen, que mais uma vez não cedeu. Quem cedeu foi o piloto da Citroën, que com um problema na proteção do cárter do seu Ds3 WRC, deixou Ogier completamente à vontade para vencer este rally inaugural da temporada de 2016, tal era a diferença para a restante concorrência.
Aqui fica também o registo de um grande gesto por parte do francês, que no troço de ligação onde Meeke abandonou, vendo o seu adversário direto em apuros, foi o primeiro a dirigir-se ao local, tentando de tudo para ajudar a resolver a situação, inclusive ligou para os engenheiros da sua equipa para procurar solucionar o que já não tinha solução. Um gesto de louvar de um campeão dos ralis e do fair-play!
Andreas Mikkelsen
O jovem piloto da Volkswagen foi segundo num rally que o próprio admitiu não ser dos seus favoritos. Soube aproveitar bem os erros dos seus adversários para ascender ao segundo lugar do pódio final. Fez uma corrida inteligente, não arriscou porque sabia que não tinha capacidade de se bater com os “especialistas” neste rally e o resultado acaba por demonstrar bem que foi a tática certa. Um bom resultado a abrir a temporada, bem antes da sua especialidade, a Suécia.
Thierry Neuville
Acabou por ser uma boa estreia do novo modelo da Hyundai esta temporada. Um pódio é sempre um pódio, embora que bem longe de sonhar com outro resultado. Claramente sem andamento para os Volkswagen e para Meeke, foi gerindo o andamento com um único pensamento, levar o carro até ao fim e abrir a temporada com pontos. Se calhar, para quem seguiu o rally desde o seu inicio, nunca imaginaria que Neuville saí-se de Monte Carlo com um pódio, mas soube manter o carro na estrada sem grandes percalços durante todo o rally, enquanto outros já não. Aí esteve o segredo, regularidade e calma. Já na última especial, teve problemas no diferencial perdendo mais de um minuto, mas sem com isso influenciar a sua classificação no final da prova.
Sai motivado para a segunda prova, sobre o Hyundai é que ficamos sem saber qual o seu real valor em relação ao modelo de 2015.
Mads Ostberg
Foi a prova que marcou o regresso do piloto norueguês à M-Sport, realizando um rally bem longe do andamento dos pilotos mais rápidos, mas seguro do seus objetivos: levar o carro até ao fim e pontuar. Acaba por conseguir um bom 4º lugar final, tendo em conta que não tem andamento para conseguir mais ou melhor. Podemos dizer que o resultado foi melhor que a exibição, mas a verdade é que para se pontuar tem de se chegar ao fim e foi o que Ostberg fez. Não deslumbrou, mas também não desiludiu.
Stéphane Lefebvre
Boa estreia em 2016 para o jovem francês da Citroën. Soube gerir muito bem a sua corrida, as suas emoções e talvez a vontade de conseguir andar mais rápido. Em vez de arriscar e ficar fora de estrada, foi inteligente o suficiente para, sem grandes exageros, levar o seu carro ao final do rally e em 5º lugar, também ele aproveitando os abandonos dos pilotos mais rápidos para ir ascendendo alguns lugares. Leva uma nota muito positiva, não pelo andamento que demonstrou, mas muito mais pela maturidade que já vem evidenciando.
Dani Sordo
Longe dos tempos em que foi 2º na geral com um Mini, o espanhol foi uma pálida imagem do que já vimos dele e neste mesmo rally.
Distante dos lugares cimeiros, tempos muito abaixo do que era esperado e muito tempo perdido para o seu colega de equipa T. Neuville, que tinha ali um grau de comparação. Falhou a toda a linha e a única coisa que tiramos de bom, foi ter chegado ao fim. Um rally fraco por parte de um piloto que se esperava bem mais. Valeu o 6º lugar final e os pontos que lhe salvaram um fim-de-semana para esquecer.
Ott Tanak
O piloto estónio fez a sua estreia pela sua nova equipa a DMack World Rally Team e também ele ficou longe do que já vimos dele. Ainda assim, foi melhor “este” Tanak do que o de 2015. Andou mais devagar é verdade, mas chegou ao fim, pontuou e se assim fizer ao longo da temporada, fará com certeza melhor do que no ano passado, onde deslumbrava durante 3 ou 4 especiais antes de se “estampar” fora de estrada. Fica o 7º lugar final e os primeiros pontos da temporada.
Elfyn Evans
Este seria mais uma análise normal a um piloto do WRC que termina o rally entre os lugares pontuáveis. Mas não é. É sim, a análise a um piloto do WRC2 que simplesmente cilindrou toda a concorrência da sua categoria, vencendo a mesma de forma tão convincente que em muitas especiais até tinhamos dúvidas se ia de WRC ou de R5, tantas as vezes que fez tempos próximos, ou mesmo mais rápidos, do que alguns World Rally Cars presentes em Monte Carlo.
Ao longo do rally ainda teve tempo para furar, para fazer um “strike” no carro de Kubica e vencer entre os carros do WRC2 por mais de dois minutos. Piloto completamente descontextualizado dos outros concorrentes na “segunda divisão do WRC” e sem adversários à altura de um piloto de outro campeonato!
Jari-Matti Latvala
Mais do mesmo! Problemas e mais problemas, saídas de estrada, suspensão partida, atropelamento de um espetador…uff! Teve de tudo um pouco o rally do finlandês. A nós já nada nos surpreende, mas entristece-nos ver tanto talento desperdiçado numa cabeça que claramente não suporta a pressão que tem dentro dele mesmo. Zero pontos a abrir a temporada, de novo e já vê Ogier a 28 de distância!
Kris Meeke
Fechamos as nossas análises com um piloto que foi motivo de grandes conversas ao longo da prova. Meeke começou por ser o grande rival de Ogier, liderou a prova, mas na SS12 ficou sem a proteção do cárter do motor do seu Ds3 WRC, que lhe ditou o abandono já no troço de ligação, quando estava a fazer uma grande prova e rodava a 29s do líder e ainda não tinha deitado a toalha ao chão.
Aqui começa a polémica. No sítio onde Meeke perdeu “a tal peça”, foram vistos, fotografados e filmados vários espetadores a colocarem pedras na zona de trajetória dos carros, momentos antes de o britânico passar. As imagens são claras, Meeke bateu forte nessas mesmas pedras, o carro sofreu um impacto forte e a partir daí foi final de prova para o homem da Citroën.
Não é justo serem fatores extra prova a decidirem o desfecho de um rally ou até mesmo, de um campeonato. Não é justo ver o mais mítico dos ralis, Monte Carlo, ficar manchado, de novo pelo comportamento completamente “arruaceiro” dos seus espetadores, situação que já é repetente em outras edições.
E se fosse em Portugal? E se fosse o público do norte a ter um comportamento desordeiro?
Infelizmente, ficamos “sem rally” cedo de mais, porque alguém inconsciente o decidiu terminar.
Para trás ficam grandes registos de Meeke, numa demonstração de classe e de ser um dos poucos capazes de se bater com Ogier no “braço”. Esperemos ver o britânico mais vezes em ação esta temporada para bem do espetáculo!
Até à próxima e já sabem… if in doubt flat out!
Carlos Mota