As novidades no campeonato mundial de turismos começam a aparecer em bom número e é tempo de colocar preto no branco o que já se sabe até agora. As grandes novidades vêm das equipas grandes, cujas escolhas de pilotos surpreenderam e prometem um excelente campeonato.
Citroën – Em equipa que ganha…mexe-se pouco!

A marca francesa atropelou toda a concorrência quando chegou ao WTCC. Um projecto bem estruturado e uma vontade enorme de mostrar serviço, além de meios de topo, fizeram que o percurso da Citroën no WTCC tenha sido pouco mais que um passeio, recheado de vitórias e pódios. Um carro perfeito, um line up de luxo e uma estrutura bem organizada só podia dar nisto.
Para 2016 começa o desinvestimento da equipa. A tradição pelos ralis falou mais alto e os meios serão canalizados para voltar ao primeiro lugar do WRC. Os C-Elysée deverão continuar em pista mas o apoio oficial da marca cessará em 2017, o que é mau para a competição. A falta de concorrência à altura também deverá ter pesado na decisão. Assim teremos o bi-campeão José Maria Lopez e o tetra-campeão Yvan Muller aos comandos das máquinas gaulesas e por certo serão os grandes favoritos à vitória final. Loeb ficou sem carro no WTCC e sem hipóteses tem tentar ser campeão, para seu desagrado. A equipa quererá sair do WTCC em grande e não se espera menos do que se tem visto até agora… vitórias atrás de vitórias.
Honda – Uma aposta forte que promete!

A Honda tem desiludido ao longo destes anos. Não foi capaz inicialmente de se sobrepor a supremacia dos Cruze e com a mudança nos regulamentos, que levou à criação da categoria TC1, ficou exactamente na mesma posição em relação aos Citroën. A Honda tinha obrigação de fazer melhor. A falta de coração da máquina (e com isto referimo-nos ao motor) foi o grande calcanhar de Aquiles em 2015 e quem viu os Citroen passar os Honda em Nurburgring sabe do que falamos.
Para 2016 a marca e a JAS parecem querer apostar forte. E o primeiro grande sinal foi a introdução de um 3º carro oficial da equipa que foi entregue a Norbert Michelisz. O húngaro fez por merecer esta oportunidade, muito graças ao seu talento e ao excelente trabalho da equipa Zengo, que já contava e conta com o forte apoio da Honda. Norbi foi muitas vezes melhor que Monteiro e Tarquini e com a adição de mais um carro a escolha era óbvia.
A grande surpresa aconteceu quando se soube que Tarquini iria deixar a equipa, por troca com Rob Huff. A Honda apostou forte e apostou bem. Huff é neste momento melhor piloto que Tarquini, que desde a mudança para os TC1 nunca mais mostrou o mesmo andamento do passado. Já Huff é indiscutivelmente um dos melhores do grid e o “Sr Macau” é uma adição de luxo. Esta troca aumenta e muito o nível de competitividade no seio da Honda e garante que a marca nipónica terá em 2016 3 pilotos com condições para lutar pelo título. Monteiro é o homem da casa, está no projecto desde início e sempre se mostrou mais competitivo desde a entrada dos novos regulamentos, tendo também talento mais que suficiente para levar o Civic às vitórias.
Terá a Honda terá capacidade para chegar ao titulo? Se depender dos pilotos, tem tudo para que isso aconteça. Mas a máquina tem de evoluir também. No primeiro contacto com a versão 2016 do Civic, Monteiro mostrou-se claramente entusiasmado e confiante para o futuro. Mas a equipa tem de trabalhar muito para chegar ao nível dos “Citro”. 2016 tem de ser o ano em que a Honda se assume como candidata, para bem da competição.
Lada – O velho, o novo e os russos!

A Lada é a nossa escolha a surpresa do ano em 2016. Já era em 2015 e mostrou potencial para o futuro. Mas os problemas no arranque e na tracção tornavam difícil capitalizar as boas prestações nas qualificações. A parceria com a ORECA já rendeu 2 pódios, prestações positivas e equipa identificou os problemas que impediram mais glória, que por certo serão resolvidos para este ano. Assim ao nível da máquina, podemos esperar um passo em frente.
A grande surpresa da Lada estava reservada para a escolha do Line Up. Catsburg manteve o seu lugar e bem, pois o vencedor das 24h de Spa e 2º classificado nas 24h de Daytona é um excelente piloto e tem capacidade para fazer bons resultados. Com a saída de Huff e de Nicolas Lapierre a equipa precisava de dois pilotos que mantivessem o nível. E a escolha recaiu em Tarquini e Hugo Valente.
Tarquini é experiente e ainda pode ser muito útil à equipa, o que o torna numa boa escolha. Tem muito anos de turismos e o conhecimento adquirido pode ser valioso para uma equipa que ainda busca afirmação. A escolha de Valente é interessante mas arriscada. O francês é um dos pilotos mais velozes em pista e basta ver os resultados que obteve nas qualificações para comprovar isso. Mas em corrida teima em ter saídas de pista ou toques evitáveis, que deitam por terra possíveis bons resultados. Sofre do mesmo problema que o compatriota Grosjean sofria na F1 há uns anos atrás. Se resolver essa postura demasiado agressiva em corrida pode ser um caso sério. Temos muita curiosidade em ver como será a relação em Tarquini e Valente. O francês acusou o experiente piloto italiano de já ser demasiado velho para competir, depois de um desentendimento em pista. A discussão foi azeda e não se sabe até que ponto a animosidade ainda perdurará. A seguir com muita atenção.
Volvo/Polestar – A estreia
2016 marca a entrada da Polestar, divisão de competição da Volvo, no campeonato do mundo de turismos. Para já ainda não sabemos o que esperar da equipa sueca, mas não nos custa acreditar que chegarão para discutir vitórias. A Polestar está habituada a competir no STCC e quem viu a estreia nos V8 Supercars entende que é uma equipa que está habituada a trabalhar bem e sabe fazer carros para os campeonatos de turismo. O que para já é certo é que o carro tem um aspecto fantástico e que o line up é completamente sueco e de qualidade. Thed Björk e Fredrik Ekblom foram os escolhidos para estrear o Volvo S60 Polestar TC1, dois nomes fortes com muita experiência nos campeonatos de turismos suecos. Thed Björk foi 4 vezes campeão de STCC e Ekblom 3, para além de muitos 2ºs e 3ºs lugares finais na competição para ambos. Será a Volvo capaz de fazer uma entrada “à lá Citroen”?
Novidades nos privados
Por enquanto não há grandes novidades. A Loeb Racing vai herdar o Citroën que era do patrão em 2015 e o escolhido para companheiro de equipa de Bennani é… Demoustier. O francês pouco mostrou ainda mas conseguiu uma das vagas mais cobiçadas do “reino” dos privados. Correm rumores que Chilton é o favorito para uma possível 3ª vaga na equipa. O britânico deverá querer um carro mais competitivo, depois de um ano mau com os Chevrolet da ROAL e a Loeb Racing é a melhor casa para ter acesso a isso. A Zengo ainda não tem o piloto escolhido para substituir Michelisz, mas o chefe de equipa quer um jovem talento húngaro. A ROAL ainda não definiu o seu plano para 2016, embora sigam as conversações com Tom Coronel, que poderá ir para a Münnich Motorsport caso as conversações não cheguem a “bom porto” com a ROAL. Nem nos passa pela cabeça um WTCC sem Coronel.
Mais dinheiro para os privados
O prémio final para os privados foi multiplicado por 2. Já o tínhamos dito anteriormente mas foi agora confirmado, na mesma altura troféu dos privados mudou de nome para Troféu WTCC, deixando a Yokohama de patrocinar a competição dos privados. Uma boa notícia para as equipas que precisavam e mereciam mais dinheiro dos prémios.
Fábio Mendes
2 pensamentos sobre “WTCC – O ponto da situação”