Concluímos a apreciação das 6h de Silverstone, a primeira ronda do mundial de resistência, com as análises às classes GTE. Ainda não foi desta que a Ford conseguiu surpreender a concorrência e pelo ritmo imposto pelos dois GT, parece que ainda vai demorar.
GTE-Pro
AF Corse
Durante a qualificação de Sábado, o Ferrari 488 GTE #51 teve problemas mecânicos e só conseguiram que um piloto marcasse tempo. A equipa terminava o dia com sentimentos ambíguos, já que o carro #71 estava na pole da classe para a corrida e o #51 no fundo da grelha. Durante as 6h de Domingo, deu para perceber que os Ferrari eram os carros à parte da classe, nem os novíssimos Ford GT, nem os renovados 911 RSR ou o Vantage V8, iriam dar muita luta. A dupla Sam Bird/Davide Rigon controlaram a sua liderança durante toda a corrida e atrás, a dupla Gianmaria Bruni/James Calado viram os seus concorrentes a terem problemas com os carros, para além do seu 488 ser uma máquina bestial que lhes dava a segurança para recuperarem posições.
No final a Ferrari levava a vitória e o segundo lugar do pódio e, ou muito nos enganamos, será assim em muitas das provas do WEC.

Aston Martin Racing
A Aston Martin e a Porsche (Dempsey-Proton Racing) trazem para a competição, carros que quase só foram revistos para estarem de acordo com os novos regulamentos da classe, ou seja, enquanto a Ferrari, e principalmente a Ford, têm carros novos, construídos de raiz para serem as grandes máquinas de 2016, as outras marcas chegaram a campeonato com praticamente os mesmos carros de 2015. Pode parecer uma jogada de risco, ou falta de dinheiro, mas existem outras razões por trás de tais decisões.
Quem ficou a ganhar mais foi claramente a Aston, embora também tivessem tido alguns azares durante a prova britânica. O carro #97 foi penalizado, teve problemas mecânicos e terminou em último da classe, mas o #95 (Darren Turner/Nicki Thiim/Marco Sorensen) chegou ao pódio. Também tiveram uma pontinha de sorte, com o Porsche da Dempsey a parar muito tempo depois de um furo. Possivelmente, a segunda hora de corrida foi a melhor hora da Aston: subiram ao segundo lugar, atrás do Ferrari #71 e assustaram a concorrência. Foi uma corrida muito boa para a marca britânica, que nos parece um furinho abaixo do Porsche, mas que aproveitou muito bem as fragilidades do Ford GT e os azares do Porsche.
Ford Chip Ganassi Team
Como já referimos, o Ford GT mostrou estar ainda verdinho para o WEC, aliás como nos tinha parecido nas 24h de Daytona. E a tripulação do #67 pareceu estar em melhor sintonia que Billy Johnson, Stefan Mücke e Oliver Pla. Embora Raj Nair, vice-presidente da Global Ford Product Development, tenha dito no final que para a primeira corrida com um carro e equipa nova, foi uma classificação muito boa, para nós não nos parece. Os Ferrari fizeram as melhores voltas das 6h e se analisarmos a pior melhor volta, pertenceu ao #71 (1’59.753) e a melhor volta dos Ford, que pertenceu ao carro #66 (2’01.214), vemos claramente que o Ford foi muito mais lento. A melhor volta do Ford, completada na segunda volta, foi mais lenta que a melhor volta de todos os concorrentes. Ainda existe trabalho a fazer e em Spa as coisas não parecem muito boas para a Ford Chip Ganassi.

Dempsey-Proton Racing
Foi uma corrida para esquecer. O único Porsche nos GTE-Pro teve um furo quase no inicio da corrida que o fez parar muito tempo na garagem da equipa. O 911 RSR é um carro muito bom, bem equilibrado e para ser sincero, de há uns tempos para cá, sou um fã do modelo, mas mesmo regulamentado para 2016, o carro mostra alguns pontos sensíveis, no entanto tem potencial para ser melhor em corrida que o Aston e será com a marca britânica que a Dempsey travará as suas melhores lutas, isto se o Ford der um passo em frente.
GTE-Am
Ferrari
Invariavelmente vamos ser imparciais…que grande coça deu o F458 Italia de Rui Águas! São de caras a melhor equipa nos Am. Têm o melhor carro e nem o Porsche nem o Aston deverão dar muitas dores de cabeça. A dificuldade virá de problemas que eventualmente o carro poderá ter durante as provas, mas em Silverstone o “velho” 458 portou-se muito bem. E já escrevemos sobre a incrível vitória de Rui Águas? Já? Pois, nós somos muito imparciais.
Aston Martin
Se os 3 Porsche 911 não tivessem tido problemas ou terem sido abalroados pelos manos híbridos, a vida da Aston Martin Racing seria mais complicada. No entanto, deu para Pedro Lamy subir ao pódio (mais uma vez. Será que ele não se cansa das cerimónias do pódio?) e nós festejamos. A tripulação é do melhor que há, à figura do Ferrari, e têm tanta experiência que 6h para eles deve ser canja. Venham mas é as 24h de Le Mans, que isto com 6h é pouco.

Porsche
Não existe nada no mundo do desporto automóvel que não tivesse acontecido aos 3 Porsche 911 desta classe. O 911 da Abu Dhabi-Proton Racing até estava a fazer uma boa corrida e chegou a liderar a classe, com Khaled Al Qubaisi ao volante, mas uma falha na suspensão do Porsche tirou as hipóteses da vitória da equipa. A KCMG, também na última hora de corrida, teve problemas no seu 911 e terminou em 4º lugar. O Porsche 911 da Gulf Racing, bem esse foi abalroado pelo Porsche #1 na curva 2 do circuito de Silverstone.
Foi um fim de corrida pobre para os Porsche GTE-Am, que viram o Ferrari, o Aston e o Chevrolet Corvette terminarem à sua frente.
Chevrolet Corvette
Foi uma corrida proveitosa para a Larbre Competition Team, que com certeza não esperava um pódio logo na primeira corrida do ano. vamos utilizar o termo que a equipa utilizou para classificar o seu pódio: foi uma corrida de combate. O Corvette não espantou ninguém, mas foi mais fiável que os Porsche e com isso a Larbre terminou como P3 nas 6h de Silverstone. Foi um pódio que veio a calhar, mas que não sobressaiu. Os gauleses estão de parabéns.
Pedro Mendes