Lembro-me de uma série que passou na TV portuguesa, que por ser escrita por Chris Rock me interessou, que se chamava “Everybody hates Chris”. Lembrei-me da dita série durante estes dois dias após o GP da Bélgica. Podemos mudar o título para “Everybody hates Max”, pois parece que se Deus tem a ajuda de S. Pedro, o Diabo tem a ajuda de Max Verstappen… isto pelo que tenho lido nas redes sociais e até em alguns meios de comunicação. Não gosto de ser o advogado do Diabo, mas desta vez vou ser o defensor de Max Verstappen… logo eu que nem gostei nada de como ele chegou à F1.
Ninguém ficou agradado com a ideia de um miúdo de 17 anos assumir o controlo de um F1, o carro que deveria ser o supra sumo da dificuldade no desporto automobilístico. Nenhum português que se preza escolheria Max a Félix da Costa, mas como isto da F1 não são só carros a dar voltas na pista e, ao contrário do que muitas pessoas querem acreditar, existem muitas decisões politicas e económicas por detrás dos motores híbridos. Por isso, a entrada de Max foi recebida com alguma surpresa, mas com certeza que agora alguns críticos do miúdo calam-se quando faz uma ou duas ou três ultrapassagens brutais num GP e aproveitam um deslize para lhe apontar o dedo. Realmente é preciso avisá-lo que algumas das coisas são desnecessárias, como por exemplo o toque em Kimi na primeira tentativa de ultrapassagem em Spa, até porque convém chegar ao fim da corrida com o carro inteiro para pontuar ou vencer. Mas foi um toque desnecessário, o resto é dor de cotovelo!
Para mim Max esteve muito bem, como tem estado durante este ano, e estas vozes que dizem que ele está farto de abusar e que nada lhe acontece, só podem ser cínicas ou verdadeiros connoisseurs do mundo por trás da F1. Não vou sequer tocar no assunto de ele ser defendido dentro do Grande Circo, porque isso está para além daquilo que me move no desporto motorizado e se quiser falar disso vou um Sábado à tarde para o café do bairro berrar sobre a bola… não estou aqui para isso, para insinuar ou dizer que não acontece, estou para ver Homens a arriscarem tudo pelo melhor lugar possível e isso, ninguém pode negar que Verstappen o faz.
Quantos de nós já comentaram com conhecidos que faltam corridas a sério na F1? Que os pilotos não têm coragem de colocar tudo naquela ultrapassagem? Que são os engenheiros que “mandam” nos pilotos? Que os carros são extremamente seguros e que é tudo feito pelos computadores?
Agora que existe um piloto que quer vencer e agarrar a sua oportunidade de ficar na história do desporto automóvel, ele arrisca demais e devia ser penalizado? Schumacher não fez o mesmo? Senna não o fez? Lauda? James Hunt? Só falta dizerem que os anos 80 foram os piores da F1!
Deixem o miúdo fazer das dele e ainda vai ter muitas amarguras antes da glória e dos louros, mas admitam ao menos que não é justo quererem a cabeça de Max Verstappen por um toque num Ferrari… sim porque nem discuto as outras situações que dizem que o holandês tem culpa, porque não a tem.
Não tenho dúvidas que Verstappen vai ser campeão do Mundo de F1 e ter uma carreira brutal. Também não duvido que não seja o gentleman driver que alguns querem na fórmula 1, mas queremos mesmo 22 cavalheiros à partida de um GP, ou queremos excitação durante duas horas? Se pretenderem isso, não faz sentido dizer que o vosso ícone é Senna, mas pelo contrário será Sir Jackie Stewart naquela entrevista a Ayrton Senna em 1991. (Não estou a comparar ninguém com Senna!)
Não quero que mais ninguém morra aos Domingos num qualquer circuito espalhado pelo Mundo, mas não faz sentido puxar com uma trela um piloto que quer ser o melhor de sempre, bater as Lendas que vieram antes dele, ser o preferido de milhões e subir ao lugar mais alto dos pódios… isto é F1 e isso não pode morrer!
Mas o que sei eu, que sou apenas um fanático pela F1?
Pedro Mendes
Um pensamento sobre “Opinião: Arriscar o mínimo ou (ar)riscar o MÁXimo?”