O Brasil anseia por um grande nome na F1. Desde a morte do Rei Senna que os brasileiros tentam encontrar um substituto à altura. Mas a verdade é só uma… Senna é insubstituível e as comparações que se fazem com os pilotos que vieram depois dele foram sempre injustas e provocaram pressões desnecessárias. E Massa sofreu essa injustiça mas isso não o impediu de se tornar um dos mais experientes e respeitados pilotos do grid. 2016 será o ultimo ano que veremos Felipe a competir no grande circo, pois o brasileiro já tornou pública a sua intenção de sair da F1. É mais um nome que sai e que nos faz pensar “caramba estou a ficar velho”.
A Aventura de Massa começou inevitavelmente nos karts, com 8 anos e logo aí mostrou ter qualidade para outros voos. Foi campeão da Formula Chevrolet em 1999 e no ano seguinte veio para a Europa para evoluir na Formula Renault Italiana e Europeia. Escolheu seguir para a Formula 3000 em vez da Formula 3 e a aposta revelou-se acertada pois foi campeão, título que lhe abriu a porta da Sauber, com quem assinou contrato. Ainda teve tempo de dar umas voltas num Alfa Romeo no ETCC.
2002 foi o ano de estreia de Massa na F1 e tal como em toda a sua carreira, foi uma época de altos e baixos. Mostrou ser competitivo mas ao mesmo tempo falhou demasiadas vezes levando-o a acabar fora de pista por 7 ocasiões. Devido a uma suspensão imposta pela FIA, foi Frentzen chamado para substituir o brasileiro para o GP dos Estados Unidos e foi o mesmo Frentzen que ficou com o seu lugar em 2003, sendo obrigado a contentar se com o papel de piloto de testes para a Scuderia. Voltou para a Sauber em 2004 e permaneceu até ao final de 2005, ano em que o brasileiro chamado para fazer par com o hepta-campeão germânico, Schumacher.
A primeira época foi promissora, acabando em 3º lugar atrás do campeão Alonso e do seu colega Schumi, com 8 pódios, duas vitórias, uma delas em Interlagos, um dos maiores e mais emocionantes momentos da sua carreira.
2007 foi um anos menos conseguido por parte de Massa, que voltou a cometer os erros que já tinha feito na Sauber, com algumas saídas de pistas evitáveis, o que começou a levantar algumas interrogações. Ainda assim conseguiu 9 pódios 3 dos quais no primeiro lugar, conseguindo calar as vozes mais críticas.
2008 foi o seu melhor ano. A época começou de forma azarada mas o brasileiro rapidamente recuperou levando a luta pelo titulo até ao final. Venceu a última corrida, em Interlagos e foi campeão por breves segundos… o tempo de Hamilton aproveitar um erro de Glock e conseguir o ponto que precisava para ser ele o campeão. O sonho de ser campeão perante o seu público acabou em lágrimas, naquele que terá sido um dos pódios mais amargos da F1. Mas Massa conseguiu aí ganhar o respeito de todos e passou a ser uma certeza na F1.
2009 deveria ser o ano da confirmação mas foi um ano muito difícil para Massa. Um acidente na Hungria quase lhe tirava a vida, com uma peça do Brawn de Barrichello a soltar-se e embater no capacete de Felipe. Teve de colocar uma placa de titânio no crânio para poder competir de novo mas voltou as pistas em 2010.
Foi nesse ano que passou a ter como colega de equipa Alonso, piloto com quem fez uma boa amizade mas que nunca soube suplantar no seio da equipa. Passou a ser o nº 2, não deixando de ser uma peça fundamental para a Scuderia. Nunca mais passou do 6º lugar final até que em 2014 assumiu o lugar da Williams, tentando mostrar que ainda tinha o que era preciso para vencer. Não venceu mas subiu ao pódio e ajudou a equipa com a sua experiência a crescer e a sair do marasmo em que se encontrava hã alguns anos.
Sou sincero nunca fui grande fã de Felipe Massa. Nunca o foi piloto que me enchesse as medidas e depois de 2009 nunca mais encontrou argumentos para ser o elemento “mais” da Ferrari, mas está longe de ser um mero nº2. O carácter e a força de Massa tem de ser enaltecidos. Quantos de nós aguentariam a frustração de 2008 e de seguida uma experiência de quase morte em 2009, para regressar em 2010 e fazer par com aquele que será um dos mais difíceis pilotos de se ter na mesma equipa. Massa nunca virou as costas à luta e às vezes onde o talento não chegava, o brasileiro compensava com determinação e força. Não foi dos mais talentosos pilotos que passou pela F1, mas fica a ideia de que poderia ter sido algo mais. E se Glock não tem errado e Hamilton não conseguisse os pontos que precisava para ser campeão? E se não acontecesse o acidente da Hungria? Desde aí que Massa nunca mais foi capaz de encontrar aquele extra que diferencia os campeões dos restantes. A Massa o rotulo de azarado não é descabido mas é injusto falar apenas do que poderia ter sido pois os números da sua carreira são invejáveis, tendo pilotado para algumas das equipas com mais história do grid. Pode ter orgulho na carreira que conseguiu e tem o seu nome gravado na história.
Qual o passo que se segue? WEC, DTM ou Formula E são as apostas do brasileiro e não faltarão equipas que queiram um piloto com a qualidade e experiência de Massa. Resta lhe aproveitar as ultimas corridas e tentar pelo menos um pódio. Valeu Massa!
Massa em números:
243 GP
14 épocas
3 equipas
11 vitórias
41 pódios
16 poles
15 voltas mais rápidas.
Fábio Mendes
2 pensamentos sobre “F1 – Valeu Massa!”