A F1 está a iniciar uma fase de renovação e não é só fora de pista que ela acontece. Se muitos encaram a venda da F1 à Liberty Media como um balão de oxigénio que poderá revitalizar a modalidade, nós estamos mais entusiasmados com a nova colheita de pilotos que começa agora a mostrar serviço.
Com a saída de Massa e Button, resta apenas Alonso da turma que se estreou no início do novo milénio e com Hamilton e Rosberg já trintões, temos de nos preparar para os novos valores que despontam agora e que muito nos entusiasmam.
E se nomes como Ricciardo, Pérez e Grosjean já nada têm a provar e têm ainda alguns anos de F1 pela frente, o nosso foco hoje estará na malta nova. Pilotos que se estrearam há pouco tempo, ou que estão prestes a dar o salto para o grande circo.
Max Verstappen: O novo holandês voador, a nova coqueluche da F1, o menino que arrasou com as expectativas e que já começou a quebrar recordes. Max é um sobre-dotado, um predestinado da F1, que pelo talento que apresenta, está “condenado” a ser campeão. Teve uma ascensão meteórica e muitos questionaram a sua chegada precoce à F1 (nós incluídos). Mas Verstappen foi calando as críticas e agora é cada vez mais uma certeza embora tenha ainda muito para melhorar e amadurecer. Depois de ter vencido quase tudo o que havia para vencer nos kartings mudou-se para a Formula 3, acabando em 3º atrás de Ocon e Blomqvist. Mas a sua qualidade deu tanto nas vistas que a Red Bull não hesitou em chamar o jovem para a Toro Rosso, sendo piloto titular em 2015. Em 2016 a equipa aproveitou a fase menos boa de Kvyat para substituir o russo pelo prodígio holandês, garantindo assim que este ultimo não fugisse para outras paragens. É claramente o jovem que merece mais atenção dos media e apresenta muita qualidade para a idade que tem mas os seus futuros rivais não lhe ficam atrás e para Max vencer terá de ser melhor que eles. É um piloto assumidamente agressivo que não tem medo arriscar que ataca sem receios e defende as vezes de forma pouco limpa. Tem a postura de campeão e o talento para chegar a tal.
Carlos Sainz Jr.: O jovem espanhol, filho do mítico piloto de ralis com o mesmo nome, desde cedo mostrou mais vontade de correr em pistas em detrimento dos troços, para desgosto do seu pai, tendo Alonso como ídolo. Mostrou-se nos karts, subiu para a Formula BMW, deu nas vistas na Formula Renault 2.0, onde foi campeão da taça norte-europeia. Seguiu para a Formula 3, atingindo aí resultados interessantes, mas foi na Formula Renault 3.5 que voltou a brilhar ao mais alto nível, vencendo o campeonato em 2014 com a Dams. Foi chamado pela Red Bull em 2015 para assumir os comandos do Toro Rosso, juntamente com Verstappen. Foi ofuscado pelo mediatismo do colega de equipa mas as suas prestações dentro de pista em nada ficaram atrás das de Max. Não teve o destaque que merece até porque foi mais fustigado pelas falhas mecânicas do Toro Rosso de 2015, mas é um dos valores seguros para o futuro da F1. Juntamente com Ricciardo (e Gasly) a Red Bull tem provavelmente os pilotos com maior potencial do grid. Não é tão agressivo quanto o holandês, mas é igualmente rápido e até levou a melhor nas qualificações em relação ao ex-companheiro de equipa.
Pascal Wehrlein: a nova esperança da Mercedes chama-se Wehrlein. Deu nas vistas no DTM quando aos 18 anos substituiu Ralf Schumacher na Mercedes, conseguiu ser campeão em 2015 naquela que é uma das mais competitivas e equilibradas categorias de turismos do mundo. Foi também campeão na ADAC Formel Masters e vice-campeão na Formula 3 Euro Series. É a nova jóia da Coroa da Alemanha, que desde Vettel não via um piloto a ter tanto potencial. Está agora na Manor a ganhar experiência mas é quase certo que quando houver uma vaga na Mercedes o seu nome ser o escolhido. Tem uma postura fria e em pista faz lembrar Kimi Raikkonen pela forma como defende e pela calma que apresenta.
Esteban Ocon: É a par de Wehrlein outro diamante do programa de jovens pilotos da Mercedes. O francês deu nas vistas no Karting em França, mas foi na Formula Renault Eurocup que se destacou sendo 3º na sua época de estreia. Venceu o campeonato europeu de Formula 3 e o GP3. Foi colocado no DTM para ocupar o lugar de Wehrlein mas o fraco rendimento de Haryanto e a falta de dinheiro do indonésio abriu a porta ao francês que agora milita na Manor. Já há algum tempo que se fala no nome de Ocon para a F1 e a Renault sempre viu com bons olhos a vinda do piloto para os seus quadros.
Stoffel Vandoorne: É o diamante da McLaren e um dos prodígios do automobilismo. Para nós é tão bom ou melhor que Verstappen e irá ser uma das maiores estrelas da F1. Brilhou em todas as séries onde competiu e o seu currículo é impressionante. Campeão da F4 Eurocup, 3º classificado na Formula Renault 2.0 NEC, campeão na Formula Renault Eurocup, vice-campeão na Formula Renault 3.5 e vice-campeão na GP2 Series em 2014, vencendo o GP2 em 2015. Esteve para ingressar na McLaren este ano mas a equipa deu primazia à experiência de Button. Com a retirada do britânico, o jovem belga terá finalmente a sua hipótese, ele que foi responsável pelo primeiro ponto da equipa de Woking em 2016, com um excelente 10º lugar no Bahrain. É o piloto que mais frente fará a Verstappen e que tem o maior potencial, na nossa opinião. Tem 24 anos, tem experiência e a calma que apenas a idade traz e pode ter um impacto imediato na F1 a partir de 2017. Se ficamos tristes pela saída de Button ficamos igualmente satisfeitos por ver um dos grandes talentos do automobilismo ter o merecido assento na F1. Vai dar muito que falar.
Lance Strool: A nova aposta de risco da Williams depois de Bottas. Com a saída de Massa a equipa está inclinada em apostar na juventude e Strool é o nome falado. O canadiano tem dado nas vistas na Formula 3 onde lidera o campeonato e já venceu na Formula 4 italiana e na Toyota Racing series. É um talento mas achamos que ainda é cedo para ocupar um lugar na F1, mais ainda com os novos regulamentos e com carros bem mais agressivos. Tem muita qualidade mas poderá dar um passo maior que a perna pois na Williams terá de apresentar resultados e não queremos outro caso Kvyat com este jovem, embora Frank Williams saiba proteger os jovens.
Pierre Gasly: é mais um produto do implacável programa de jovens pilotos da Red Bull. O francês é a sensação do GP2, que lidera neste momento e está na calha para uma vaga na Toro Rosso, caso Kvyat não mostre algo mais até ao final do ano. O francês foi 3º na Formula 4 francesa, venceu a formula Renault Eurocup e foi vice-campeão na Formula Renault 3.5. É a par de Ocon o novo prodígio francês e a Red Bull deposita muitas esperanças neste jovem. E da maneira como Marko tem o gatilho leve no que diz respeito aos pilotos, não seria estranho que Kvyat perdesse mesmo o lugar para o francês.
Escolhemos estes 6 pilotos como os mais promissores pelas carreiras que estão a ter e pelas esperanças que estão a ser depositadas nestes pilotos. Uma coisa é certa, a qualidade na F1 está garantida por mais 10 anos. Estes jovens irão proporcionar excelentes momentos aos amantes da F1. Estamos ansiosos por ver esta malta toda em acção e quando continuamos a ouvir algumas pessoas a dizer que os pilotos não têm a qualidade de outros tempos, olhamos para estes jovens e dá-nos vontade de sorrir e dizer…”tenham calma que vem lá pilotos de grande valia”. Claro que na F1 nem sempre o talento é recompensado e a lista de grandes pilotos que passaram sem glória na F1 e outros nem sequer conseguiram o merecido lugar. Mas temos fé nesta nova vaga. O futuro dirá se temos razão ou não.
Fábio Mendes
Um pensamento sobre “F1 – O futuro está assegurado”