WTCC – Volvo: o mais difícil está feito!

 

Foi uma das grandes notícias da última corrida do WTCC . A Volvo conseguiu a tão desejada vitória no WTCC, na primeira época do projecto da Cyan Polestar no mundial de turismos. Um dos grandes objectivos da equipa foi conseguido e agora é tempo de festejar este primeiro marco.

Recapitular a história

Os rumores já apontavam para a entrada de uma nova marca em 2016 mas apenas em Outubro tivemos a tão desejada confirmação… A Volvo anunciou a entrada no WTCC em 2016 pela mão da sua divisão de competição Cyan Polestar, tendo sido escolhido o S60 como base para a máquina que iria enfrentar a concorrência do mundial de turismos. Era uma óptima notícia pois o campeonato precisava de sangue novo, numa altura que a Citroen continuava a usar o modo “demasiado fácil” para vencer corridas.

A ideia da marca era festejar o aniversário da conquista do título europeu de turismo conquistado em 1985 com o Volvo 240. Mas muito mais do que festejar uma efeméride, a ideia da Volvo era ingressar num campeonato mundial FIA, mostrar a sua capacidade em pista e aproveitar os desenvolvimentos feitos para os seus automóveis.

A base do S60 era a mais indicada para este tipo de competição, pois os veículos de 3 volumes apresentam um potencial aerodinâmico mais interessante do que por exemplo o 2 volumes usado pela Honda, que de certa forma limita a máquina japonesa. Quanto ao motor, seria usada uma derivação do novo motor Drive-E dos suecos, que desde cedo despertou muito interesse, pelo seu bloco de apenas 2 litros, capaz de debitar uns impressionantes 450 cv. Essa tecnologia seria usada para desenvolver o 1.6L de 400cv a ser usado no S60. Mais um passo na arte de fazer muito com pouco ao nível das motorizações.

Bonito mas ainda pouco competitivo

Quando os fãs viram as primeiras imagens do S60 TC1 não ficaram margens para dúvidas… o Volvo seria o carro mais bonito do grid  (tivemos a felicidade de o ver ao vivo em pista e podemos confirmar isso). Faltava apenas saber se seria capaz de fazer frente aos Hondas e Citroens. Os homens escolhidos para avançar com o projecto foram pilotos da casa, já habituados aos métodos de trabalho da equipa. Thed Björk, Fredrik Ekblom e Robert Dahlgren trataram de testar e afinar o S60 mas no primeiro ano apenas 2 carros seriam colocados em competição e Dahlgren ficou de fora, apostando no STCC.

Os primeiros ensaios foram animadores para a equipa que, sempre de forma realista e calculada, nunca colocou a fasquia demasiado alta, apostando apenas em alguns pódios ou vitórias (tínhamos a impressão que seriam capazes de fazer uma entrada semelhante à Citroen mas o projecto não foi criado dessa forma). Embora o ritmo no primeiro teste conjunto tenha mostrado um S60 não muito longe do todo poderoso C-Elysée, as primeiras corridas trataram de mostrar que ainda havia muito trabalho pela frente, essencialmente ao nível da fiabilidade do motor. A Volvo não quis fazer uma entrada de rompante como os franceses, optando por uma estratégia mais comedida e menos onerosa, tendo a paciência suficiente para fazer crescer o carro de forma sustentada, com os passos certos.

 

O S60 desde início que pareceu ser uma boa base, o chamado carro que “nasceu bem”. Mas pela sua juventude e pela falta de experiência, os resultados desejados demoraram a aparecer e, embora pontuado sempre em todas as provas, o tão desejado pódio ia escapando por entre os dedos da equipa. A meio da época Ekblom deu lugar a Dahlgren que fez 4 corridas, mas como o título de campeão de STCC estava em jogo, a equipa chamou Nestor Girolami (quem sabe, um candidato à vaga que se irá abrir em 2017 com o 3º carro a ser introduzido) para correr no Japão e voltou a chamar Ekblom para a ronda chinesa.

 

A primeira de muitas

E foi na ronda chinesa que a Volvo conseguiu a tão ambicionada vitória. Bjork, que largou de 6º e recuperou até ao 4º lugar, aproveitou da melhor forma o desentendimento de Chilton com Tarquini nas últimas voltas da corrida de abertura. O segundo lugar estava garantido mas o sueco tentou o 1º e conseguiu, passando Michelisz na penúltima curva, com uma manobra agressiva e que danificou o S60, conseguindo ainda assim cruzar a linha de meta em primeiro para grande alegria de toda a equipa.

 

”Que corrida e que vitória! É um sentimento extraordinário após todo o sangue suor e lágrimas que a equipa tem derramado este ano. Esta é uma das melhores vitórias da minha carreira. Estive sempre muito rápido apesar do Norbert ter defendido muito bem. Houve algum contacto mas estava muito determinado em passar e passei mesmo. É indescritível o sentimento de vitória após uma corrida tão intensa.” – Thed Björk.

 

”Foi um fim-de-semana incrível para todos, e uma primeira vitória fantástica para o Thed, para a equipa e para a Volvo Cars. Tivemos tantos convidados e atividades comerciais ligadas à prova que, uma vitória aqui, ainda se torna mais especial. Esta vitória é uma importante injeção de moral para todos pois teremos muito trabalho pela frente se queremos, no próximo ano, andar na frente do Campeonato.” – Alexander Murdzevski Schedvin – Chefe da Motorsport Polestar.
A primeira vez é sempre a mais difícil e esse marco já foi ultrapassado. A Volvo tem quanto a nós tudo para ser a próxima força do WTCC. A Honda irá insistir no actual modelo do Civic que, embora tenha evoluído muito, ainda não se mostrou capaz de vencer o campeonato, a Citroen irá entregar os carros a privados e a Lada atravessa uma fase de indefinição. Volvo tem assim uma estrutura de fábrica, bem pensada, um carro com muito potencial e um projecto que entra agora na fase “a doer”, em que os resultados têm de aparecer. Com 3 carros em 2017, será mais fácil chegar ao título de construtores e Thed Bjork mostrou que tem qualidade para fazer frente aos grandes nomes do WTCC. Resta saber quem o acompanhará… Gostaríamos de ver Girolami e se isso acontecer, apostamos que irá lutar também por vitórias. A Volvo é a peça chave para o WTCC. É a grande marca que pode manter o campeonato vivo e a rivalidade com a Honda poderá ser o prato forte, não esquecendo os privados que pilotarem Citroens. Uma coisa parece ser certa… a vitória na China foi um primeiro grande passo, numa história que tem tudo para ser de  sucesso.

 

Fábio Mendes

 

Chicane Motores para o CIVR

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