A Toyota conseguiu vingar-se do azar em Le Mans este ano, logo com uma vitória em “casa” que colocou em êxtase o público japonês presente no circuito. E tal como nos Estados Unidos, na última ronda, a Audi perdeu a corrida muito perto do fim, com a nuvem negra da saída da equipa do WEC a pairar sobre a competição. Vamos analisar alguns pontos, o que de mais importante se passou em Fuji.
A Porsche ficou a ganhar?
Sim e não. Por um lado a tripulação do #2 ficou com apenas 23 pontos de vantagem para os homens do Toyota #6 na tabela de pilotos do campeonato. O 5º lugar alcançado pelo trio do #2 foi francamente mau, no entanto no campeonato de construtores a Porsche tem uma vantagem mais folgada e pode já em Xangai festejar a vitória. A desistência do Audi #8 foi benéfica para a Porsche que pontuou 25 pontos, mais 6 pontos que os seus adversários alemães.
A vitória mais renhida da história do WEC
A vitória do Toyota #6 no final das 6h de Fuji por apenas 1,439s de vantagem em relação ao Audi #7 foi a mais renhida que há memória no campeonato do mundo de resistência. Foi suada esta vitória, mas se muito merecida se nos lembrarmos que em Le Mans a equipa japonesa ficou sem a vitória à entrada para a última volta. E já desde o Bahrain em 2014 que a equipa não vencia uma prova do WEC.
Mais uma prova de quanto renhido foi a corrida é o facto de termos os 3 construtores no pódio numa corrida em que não existiu um Full Course Yellow durante 6h de lutas constantes. Desde Spa em 2015 que não assistíamos a tal.

Esta vitória do último fim de semana foi tão importante e revigorante para a equipa da Toyota, que está em equação a entrada de um terceiro carro para toda a época de 2017. A liderança da equipa planeou a entrada do terceiro carro nas 6h de Spa e as 24h de Le Mans, mas existe a hipótese de fazer a temporada completa e se calhar, com José Maria Lopéz ao volante. O mais tardar em Janeiro já o saberemos.
Rebellion campeã dos privados
Os suíços, que estão de partida dos LMP1 por não terem concorrência, sagraram-se vencedores do troféu para os construtores privados da classe maior do WEC. A ByKolle, que desistiu na prova japonesa devido a problemas no motor do CLM, vai ser a única equipa a competir nos privados em LMP1, mas até lá não tem mais hipóteses de vencer o troféu.
LMP2 ainda mais renhido
Como escrevemos na antevisão das 6h de Fuji, os Oreca tinham no traçado japonês o circuito certo para apresentarem os seus trunfos. A G-Drive foi a equipa mais forte, conseguindo a sua primeira vitória do ano. Roman Rusinov com o triunfo no Japão pressionou o trio de pilotos da RGR, no entanto quem lidera ainda são os homens da Alpine, que tiveram uma prova decepcionante. Como tal, na nossa avaliação quem ganhou mais nas 6h de corrida foi a RGR. Ficaram a 38 pontos da Alpine e ainda têm algumas hipóteses de vencer o troféu para pilotos em LMP2.

A ESM, que partilha o mesmo chassis que a RGR e teve ao seu dispor 2 carros no Japão, nem com nova troca de fornecedor de pneus conseguiu melhor que o 4º posto. A equipa prepara-se para atacar o campeonato IMSA em 2017, mas a imagem que estão a deixar na Europa não é a melhor, especialmente com o campeonato que Albuquerque, Senna e Gonzalez têm feito com o mesmo chassis.
Fácil para a Ford
Nos GTE-Pro, melhor corrida para a Ford era impossível. Os dois carros garantiram os dois primeiros postos e a Ferrari apenas conseguiu o 3º lugar e o 4º lugar. A Aston não conseguiu o pódio, mas era virtualmente impossível. Os Vantage V8 “engordaram” para o Japão e com a diferença de velocidade pura entre estes e os adversários, apenas algum tipo de problemas nos Ford ou Ferrari é que trariam os carros britânicos para a frente. Se em Xangai e Bahrain o ACO baixar o lastro dos Aston, poderemos assistir a novo controlo por parte de Nicki Thiim e companhia.

A Porsche precisa urgentemente do novo modelo GTE. O actual 911 RSR está nas últimas e apetece ir ajudar os pilotos durante a corrida. Em 2017 veremos se a Porsche se habilita à vitória nos Pro.
Não vence Águas, porque ganha Lamy
Ou um ou outro! Rui Águas tem sido quase sempre batido por Pedro Lamy nos GTE-Am, mas terminam quase sempre no pódio. O Aston tem 1 excelente piloto, 1 bom piloto e outro que é o patrão, tendo em conta que o carro também é bom, têm belos ingredientes para a vitória.
Por seu turno, Rui Águas e os restantes pilotos do Ferrari 458 (que é um excelente carro) estão na liderança da tabela de pilotos em Am. É caso para dizer que os portugueses controlam a classe e caso um não possa, o outro está lá para vencer!
Pedro Mendes