A penúltima prova do mundial de ralis passou pelas estradas lamacentas e escorregadias do País de Gales na Grã-Bretanha.
Logo desde o arranque, Sébastien Ogier (#1) aproveitou o facto de não ter que limpar muito as estradas para os seus adversários. Com zonas molhadas e alguma lama, o francês até teve vantagem em ser o primeiro na ordem de saída, e impôs imediatamente um ritmo bastante difícil de seguir. Apenas o estónio Ott Tänak (#12) foi capaz de igualar o ritmo do francês, que dominou no primeiro dia.
Os rivais de Ogier tiveram um primeiro dia para esquecer. Thierry Neuville (#3) não tinha muita confiança no seu Hyundai e foi perdendo algum tempo, Andreas Mikkelsen (#9) fez um pião e depois teve um problema na transmissão que deixou o seu Volkswagen com apenas duas rodas motrizes, perdendo quase dois minutos entre SS3 e SS4, e acabou por perder mais tempo nas classificativas que se seguiram, ficando fora dos lugares pontuáveis neste rali, Jari-Matti Latvala (#2) fez um pião num gancho e perdeu tempo porque deixou o seu carro desligar-se em SS3, e para piorar a situação, teve um problema semelhante ao de Mikkelsen que o obrigou a um pião, ficando preso numa ravina, e só com a ajuda dos espetadores é que conseguiu sair, cedendo três minutos neste contratempo.
Hayden Paddon (#20) não tinha carro para se chegar a Tänak e Ogier, mas ainda assim mantinha-se na luta com Neuvlle e Kris Meeke (#7) pelo pódio através de um ritmo consistente.
Durante a tarde, Ogier afastou-se bastante de Tänak, que acabou o dia com uma série de problemas no seu Ford. Primeiro o intercomunicador do seu copiloto Raigo Mõlder deu problemas, depois a sua suspensão traseira tinha um problema que causava instabilidade no comportamento do carro e, na última classificativa do dia, em SS8, Tänak teve um furo e foi obrigado a fazer os últimos seis quilómetros em ritmo reduzido. O estónio acabou por conseguir fazer um trabalho fantástico, tendo em conta estes problemas, e acabou o dia a 37.3 segundos de Ogier, que acabou um dia com um problema, incrivelmente, na transmissão, tal como tinha acontecido a Mikkelsen e Latvala, mas o francês teve sorte que o seu problema ocorreu já no final da última classificativa. Neuville era o terceiro classificado, mas já a mais de um minuto de atraso.
No segundo dia, Ogier decidiu poupar um pouco os pneus porque, neste dia, a assistência era limitada, e a poupança de pneus era muito importante. Tänak decidiu dar tudo por tudo para colocar pressão a Ogier e começou o dia com o melhor tempo em SS9. Ogier respondeu em SS10 mas o estónio fez depois uma série de tempos mais rápidos entre SS12 e SS14, e a diferença caiu para 24.9 segundos.
Neuville parecia mais confiante com o seu carro e alargou a diferença para Paddon para mais de dez segundos. Meeke estava na luta mas teve dois furos e não teve outra opção senão abrandar o ritmo e poupar pneus.
Ogier sentiu um pouco a pressão de Tänak e decidiu voltar a atacar, sendo o mais rápido em SS15, e fechou o segundo dia com 33.8 segundos de vantagem. Na luta entre os Hyundai, Neuville tinha 12.6 segundos de vantagem para Paddon.
No último dia o piloto em destaque foi Tänak, e o estónio arrancou cinco tempos mais rápidos entre SS17 e SS21, isto apesar de ter dito que não estava a arriscar muito. Ogier foi limitando as perdas e conseguiu controlar a sua vantagem, que foi reduzida para 16.4 segundos à entrada da Power Stage. Os pneus da DMACK estavam a funcionar muito bem nestas condições.
Na Power Stage, Tänak foi o mais rápido e ainda conseguiu ganhar 6.2 segundos a Ogier, mas o francês ainda tinha 10.2 segundos na mão e garantiu a vitória no rali.
Assim, Sébastien Ogier venceu pela sexta vez nesta temporada, e deu à Volkswagen Motorsport o título de construtores pelo quarto ano consecutivo.
Ott Tänak terminou um excelente rali no segundo lugar e provou que merece um lugar no campeonato na próxima temporada, apesar do futuro da DMACK no WRC ainda ser incerto.
Thierry Neuville foi o terceiro classificado e ocupa neste momento o segundo lugar no campeonato, e está em boas condições de ser o vice-campeão este ano. O belga conseguiu levar a melhor sobre Hayden Paddon, que acabou no 4º lugar, e Kris Meeke fechou no 5º posto na sua última prova este ano. A Citroën não vai fazer o rali da Austrália.
Esapekka Lappi (#33) (Škoda) venceu no WRC-2 com o 11º lugar da classificação geral.
Martin Koči (#64) (Citroën) venceu no WRC-3 e no Junior WRC com o 28º lugar.
O último rali da temporada será na Austrália.
Classificação final:
Jorge Covas
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