O Campeonato Nacional de Velocidade terminou este fim de semana no Estoril. Com ele findou-se a temporada marcada pelo regresso dos carros de Turismos à categoria máxima do desporto automóvel de circuitos em Portugal, que aderiu aos “carros da moda”, os TCR, deixando para trás os protótipos, que vinham a ser ao longo dos últimos anos os principais protagonistas dos nosso circuitos.
A ideia era clara… tentar trazer mais carros para as grelhas, com máquinas que têm muito visibilidade e mercado nesta fase. Os carros TCR tem também como vantagem ser homologados para muitos dos campeonatos nacionais na Europa e mesmo para campeonatos internacionais, o que poderia atrair alguns participantes estrangeiros, numa tentativa de “reviver” um dos melhores períodos no CNV em Portugal, quando por cá correu um tal “PTCC”, que enchia grelhas de carros e de grandes pilotos.
Vínhamos de anos complicados, com corridas onde raramente se chegava à dezena de bólides na grelha de partida, mas 2016 veio trazer mais pilotos, mas nem por isso mais carros. Infelizmente as grelhas continuaram com vários lugares por preencher, embora tenhamos tido grandes lutas em pista e uma disputa acesa pelo titulo de campeão até à última jornada. Não faltou emoção e polémica ao longo de um ano que teve cinco fins de semana de competição. É claro que tudo isto seria mais agradável de se ver com mais carros, mais pilotos em mais categorias. Mas também temos a noção que o panorama financeiro em Portugal não ajuda em nada, pois os custos de inscrições, aluguer de carros e manutenção, não está ao alcance de qualquer um.
Com a falta de apoios para os pilotos se apresentarem a correr a solo, a formação de “duplas” foi a solução viável que muitas equipas e pilotos encontraram para poderem participar na competição. Sendo que desta forma, poucos pilotos conseguiram budget para correr a solo.
Ainda assim tivemos José Rodrigues em Honda Civic TCR, da equipa GEN Motosport, num projecto apoiado pela JAS Motorsport a mesma equipa de Tiago Monteiro no WTCC, a realizar toda a temporada, sendo uma das grandes novidades da temporada.
O outro dos “a solo” foi o jovem Francisco Mora, que apoiado pela Veloso Motorsport, que realizou toda a temporada ao volante de um Seat Leon TCR, que tão bem conhece, pois já tinha realizado várias provas internacionais ao volante de carro semelhante, o que lhe valeu uma experiência e conhecimento desta mesmo viatura essencial na conquista do titulo de campeão.
Mais novidades apareceram para 2016, com o Volkswagen Golf GTI TCR da equipa de César Campaniço, a Team Novadriver, que trouxe para os circuitos portugueses esta bela novidade dos TCR e com ele uma dupla de pilotos bem interessante. O jovem Francisco Abreu que transitou da temporada transacta, que teria como colega de equipa um dos melhores pilotos portugueses neste tipo de carros, o experiente Manuel Gião de regresso aos campeonatos nacionais, com claras ambições ou não fosse ele quem é, um vencedor e cheio de experiência internacional.
A Veloso Motrsport traria também para as pistas outros dois pilotos já há algum tempo afastados do nacional de velocidade, mas de qualidade inquestionável. Francisco Carvalho e Nuno Batista alinhavam em Seat Leon TCR e seriam sem dúvida grandes candidatos a vencer o campeonato e dos grandes animadores de toda a temporada.

A Speedy Motorsport, transitava também com parte do seu “line up” de 2016 para a nova época. Apenas “saiu de cena” o patrão Pedro Salvador, entrando para o seu lugar César Machado, que fazia assim dupla com outro jovem piloto, Rafael Lobato, na mais jovem das duplas a competir este ano no CNV. Rafael Lobato tinha assim a sua primeira experiência em carros de Turismos, depois do excelente desempenho ao volante dos protótipos nos últimos anos e assumia com César Machado, vencedor do Single Seater Series de 2015, este grande desafio de enfrentar pilotos com mais experiência nesta categoria tão especifica.
Outra das grandes novidades de 2016 veio da equipa Ventilações Moura, com a estreia do novo Opel Astra TCR, num projecto arriscado e em fase de desenvolvimento, que pouco ou nada valeu à dupla inicialmente inscrita com este carro. Gustavo Moura e João Batista tiveram um ano complicado, onde o Astra nunca se mostrou competitivo nas poucas vezes que foi usado. Apenas em Vila Real e Portimão se mostrou sem nunca convencer, razão pela qual o projecto acabaria por ser “abandonado” ainda antes da temporada terminar.
O TCR português trouxe até Portugal outra estrutura estrangeira, a Baporo Motorsport, mas com uma dupla portuguesa. António Cabral e José Cabral alinharam em quase toda a temporada, apenas falhando a presença em Jerez, curiosamente.
Haveria ainda a categorias inferiores, para carros “de serie”, mas infelizmente houve pouca afluência. Apenas no TCC se inscreveram duas duplas para a participar, e só uma delas fez a temporada completa. Tiago Ribeiro e Luís Carneiro, no Volkswagen Golf GTI da MartinsSpeed, que tiveram esporadicamente a concorrência do Seat Leon de Rui Dinis e Paulo Ribeiro.
Nos TCS, nem um carro. Ainda se falou da possibilidade de juntar a este campeonato o troféu 500 Abarth, mas nunca tal aconteceu e que falta fizeram…
Carlos Mota
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