2016 confirmou que a F1 tem pilotos de alto nível e que o talento não escasseia no grid. Mas há pilotos que por motivos óbvios deram mais nas vistas: falamos de Verstappen, Ricciardo, Rosberg e Hamilton, alguns dos nomes que poderão ter sido votados como os melhores de 2016. A nossa opinião tende para os homens da Red Bull. Ricciardo é um espectáculo dentro e fora de pista (festejar uma ultrapassagem a mais de 200 km/h como fez Ricciardo em Monza foi brutal) e quanto a nós foi o melhor. Enfrentou momentos maus e soube responder a um talento enorme como é o de Verstappen.
Mas há pilotos que por força da máquina que têm entre mãos não têm hipótese de chegar tantas vezes às luzes da ribalta. Sergio Pérez é um dos pilotos que merecia mais destaque. Não que esteja esquecido pois o seu talento começa cada vez mais a ser respeitado mas porque o seu nome merecia aparecer mais vezes associado a equipas grandes.
A sua carreira na F1 começou em 2011 com a Sauber e o primeiro ano não foi nada de espantoso. Mas o segundo foi um ano excelente com 3 pódios em seu nome. Foram essas prestações que levara a McLaren a assinar com o mexicano. Mas 2013 foi um ano horrível para a McLaren, que tinha um carro muito mau, difícil de afinar e de pilotar. Perez também não facilitou a vida e a sua atitude nas boxes não convenceu os responsáveis da equipa que o dispensaram no final da época.
Em boa hora a Force India o aproveitou e o foi buscar em 2014. Uma carreira que se pensava acabada tinha assim nova hipótese e Checo não a desperdiçou. Desde então conseguiu 4 pódios em 3 anos, dois deles em 2016.
Pérez é claramente um dos melhores pilotos do grid. Se em 2012 entusiasmava com a sua postura agressiva, sem medo de tentar a ultrapassagem, o que lhe valeu também a fama de “kamikaze” e alguns dissabores, desde 2014 que Pérez tem crescido. É agora um piloto mais maduro, não arrisca tanto e quando vai é pela certa. É um dos pilotos mais eficazes a gerir pneus, principalmente os traseiros, graças a um pé direito extremamente afinado que consegue extrair o máximo de aderência nas saídas de curva, sem desgastar em demasia as borrachas. É também muito eficaz, pois é rara a vez que se encontra em posição para subir ao pódio e não aproveita. Que me lembre, a única vez que aconteceu foi este ano em Interlagos, onde foi passado pelo “tornado Verstappen” que levou tudo à frente.
Por ter sido um dos pilotos a assinar contrato mais cedo, ficou de fora da onda de especulações para o lugar de Rosberg… porque a sua fama ainda o persegue. Na McLaren foi dito que falava pouco com os engenheiros e a sua postura não é a melhor (uma conduta arrogante que o fez perder o lugar para Magnussen). Perez já admitiu que errou nessa altura e que era demasiado jovem para fazer melhor mas se calhar ainda paga por isso. E também porque quem levar Perez não leva um piloto para se sentar confortavelmente como nº2. Pérez irá por certo lutar pelos melhores lugares nem que isso implique incomodar o colega de equipa e as chefias.
Há quem diga que as portas das equipas grandes estão fechadas para o mexicano. Mas a realidade poderá não ser assim. A McLaren tem Alonso por mais um ano e se ele não gostar desta nova F1 sai (palavras do piloto). A Red Bull está assegurada por muitos anos, a Mercedes poderá ter de pensar em substituir Hamilton, mas com a mais que provável entrada de Bottas, a dupla de futuro deverá ser Bottas e Wehrlein. A Ferrari terá Vettel e Raikkonen por mais um ano mas não é certo que Raikkonen fique muito mais tempo na F1 e mesmo Vettel não é certo que permaneça Scudeira se os resultados se mantiverem. E é na Ferrari que vejo hipóteses para Perez voltar a representar uma equipa grande. Se surgir essa chance, terá 27 ou 28 anos, estará no auge das suas capacidades e terá já a maturidade para encarar esse desafio de forma mais composta.
Somos fãs de Pérez e achamos que a Force India é pequena para o seu talento. Será que o futuro lhe dará nova oportunidade? Esperamos que sim. Hulkenberg já está na Renault que poderá dentro de 2 anos começar a ameaçar as equipas de topo (outro piloto cujos números não reflectem a sua capacidade, tal como Grosjean, Sainz e Magnussen) e resta agora Pérez encontrar uma casa onde possa dar asas ao seu talento
Nºs de Sergio Pérez:
6 épocas
117 GP
7 pódios
3 voltas mais rápidas.
Fábio Mendes