Perguntem-nos se estamos satisfeitos com o resultado das 24h de Daytona…. Claro que não estamos! Mesmo que não tivesse havido nenhum toque que tivesse retirado a vitória quase certa das mãos do trio luso-brasileiro do Cadillac #5, não ficaríamos felizes, mas da forma como foi ainda custa mais. Tão certo como isso, é que esta edição da prova norte-americana foi fantástica, com quase todas as vitórias nas classes a serem discutidas até ao fim. A resistência está na “moda” e não é um parente pobre de outras modalidades automóveis e em Daytona comprovou-se isso, pela assistência que esteve presente (fora aqueles que como nós, seguiram a transmissão) quer pela presença de fabricantes de automóveis presentes na exposição associada à prova. Os stands de exposição eram mais de uma dezena, tanto norte-americanos como europeus. Apenas um destaque para a Ferrari, que esteve presente com um stand, mas à imagem da competição nos GTLM, não expôs nenhum dos seus carros, tinha apenas um stand com produtos de marketing da marca.
Max Angelelli terminou a carreira no topo
Vamos tentar ser imparciais o mais possível. A luta pela vitória na classe Prototype colou-nos ao ecrã do PC, com uma bela surpresa. Os novos Cadillac DPi são as melhores máquinas para atacar o campeonato do IMSA, isto pelas primeiras impressões em Daytona, mas a tripulação do Riley #90 esteve fantástica e o carro ajudou. Terminaram em 3º, subiram ao pódio e colocaram os Cadillac em sentido. Não deu para lutar directamente pela vitória, mas fica o registo de uma bela corrida por parte de Marc Goosens, Renger van Der Zande e particularmente de Rene Rast.
Terminou a imparcialidade… Filipe Albuquerque merecia passar a meta na frente de Rick Taylor! Vimos, revimos e chegamos à mesma conclusão: Albuquerque abre um pouco a porta ao norte-americano, mas não o suficiente para a ultrapassagem. Percebemos e até achamos bem que Taylor tentasse a ultrapassagem, até porque em última instância é disso que gostamos, mas também sabemos que as provas têm uma direcção de corrida para actuarem. Como tal, esperaríamos uma penalização a Rick Taylor, que não se confirmou.
Fica para a memória este episódio, que esperamos seja vingado numa próxima, e a vitória de Max Angelelli na sua última corrida. Se esquecermos que os seus adversário eram portugueses, foi bonito de se ver.
Atenção ao novo Porsche 911
Os chefes da marca alemã vinham a dizer que um resultado bom era os carros terminarem a corrida. O que devem achar agora que um dos carros terminou no pódio à frente do Ferrari 488 GTE? É um cartão de apresentação excelente para o novo protótipo 911 que poderemos apreciar também no WEC quando o mundial começar.
Os Ford quase que não davam hipóteses, aliás antes da corrida quase só víamos os carros americanos nas listas de tempos. É um protótipo bem construído… escrevemos protótipo mas queríamos escrever GT. Com certeza vamos ter uma bela luta pela vitória entre Ford GT, Ferrari 488 GTE e Porsche 911 em Le Mans, isto se Aston Martin não se intrometer.
Os BMW M6 decepcionaram um pouco, mas há que dar algum tempo ao carro e à divisão alemã. Com certeza com Félix da Costa envolvido no desenvolvimento do GT, o carro ficará bem melhor.
No final venceu o carro que mais voltas esteve na liderança, e daí nada nos espantou, mas como referimos antes, o segundo lugar do Porsche #911 foi algo surpreendente, até porque James Calado esteve muito bem aos comandos do Ferrari. Teremos luta pela certa no WEC, algo que nos agrada muito.
Audi infeliz na recta final da prova em GTD
O Porsche na classe GTLM surpreendeu-nos, mas o final da prova em GTD surpreendeu a tripulação e restante equipa do Porsche 911 GT3 R #28. O Audi de Christopher Mies e companhia liderou durante 111 voltas, enquanto o #28 apenas 28 voltas.
Foi um pódio totalmente alemão, com Porsche, Audi e Mercedes-Benz nos 3 primeiros lugares. Destaque positivo também para o Acura NSX, que foi o melhor não-alemão na classe, terminando em 5º lugar com o carro #86. Foi uma boa estreia do Acura (bem melhor que dos Lexus que não estiveram tão bem) que mostrou ter potencial para surpreender no futuro.
Não podemos terminar a classe sem fazer referência ao terceiro português em prova. Pedro Lamy e seus companheiros terminou fora do top10, em 12º na classe, mas os quatro pilotos da Aston fizeram um bela recuperação durante a prova, também beneficiando da desistências de adversários é certo, mas ainda assim a máquina não é rápida e os pilotos estiveram muito bem durante as 24h.
Prototype Challenge fraquinho
Até tivemos pena do Oreca#88… à entrada da noite o Oreca bateu, em pouco tempo, duas vezes e numa delas ficou despido da carroçaria. Ver um bom bocado de plástico cor de rosa a voar até foi engraçado. Fora isso, pouca coisa levou-nos a prestar atenção à classe PC.
O Oreca #38 venceu com 22 voltas de vantagem… é suficiente! É caso para pensar se esta classe faz sentido. A lista de inscritos não era grande e em termos de andamento, não foram raras as vezes que vimos GTLM a passar por eles. Com a introdução dos LMP2, com os GTLM e com os novos Prototypes, os PC parecem ser um pouco… notícias do passado. E com o grid bem composto como estava sem os PC é caso para repensar se vale mesmo a pena.
Foi uma prova bem disputada (na quase totalidade das 24h), o BoP deve ter feito a diferença também pois o andamento dos “Cady” era claramente superior a todos os outros protótipos. Ficou a impressão que era conveniente que houvesse um Cadillac na frente. Afinal trata-se de uma competição puramente americana. Mesmo o tratamento entre o #10 e o #5 na transmissão era diferente. Mas ficamos com muita água na boca quanto aos GTLM. Esta classe está se a tornar cada vez mais interessante e embora os carros sejam cada vez menos GT´s são maquinas espantosas, lindas e que proporcionam boas corridas. 2017 promete.
Resultados das 24h de Daytona, aqui.
Situação no campeonato,aqui.
Pedro Mendes
Um pensamento sobre “24h de Daytona: Análise”