Na nossa análise do rally da Suécia afirmamos que o andamento do C3 era bom e que o problema estaria nos pilotos e não na máquina. Para chegarmos a essa conclusão baseamo-nos como habitualmente nos meios de comunicação disponíveis. O que fazemos é pegar em várias fontes, fazer a selecção da informação obtida e dar a nossa opinião, essa sim pessoal e original. Assim a informação já é apresentada de forma a ser simples de entender e sem grandes subterfúgios. Tem sido sempre esse o nosso método e tomáramos nós ter fontes fidedignas para poder complementar o nosso trabalho mas não temos.
Voltando ao assunto deste texto, afirmamos que o problema não estava no C3 pois algumas fontes assim o afirmavam e embora os tempos das PEC´s estejam disponíveis online pusemos esse facto na nossa análise pois foi de tal forma repetido que achamos que merecia o destaque.
Ora no final do dia vimos declarações de Meeke e Breen e ficamos confusos:
Kris Meeke: “foi muito estranho, estava com grandes dificuldades com a traseira do carro no troço, desde a primeira curva onde apanhei de imediato um grande susto. Com isso em mente, não quis fazer nada estúpido, protegi-me, mas num ligeiro topo, a traseira passou-se e o carro saiu em frente completamente atravessado, sem me permitir poder fazer a curva. Aproveitamos cada quilómetro para aprender, mas vamos temos que analisar toda a informação que recolhemos e melhorar.”
Craig Breen: “Lutei muito para ter um bom feeling com a traseira do carro. Não consigo andar direito e farto-me de apanhar ‘cagaços’. Há troços menos maus, mas noutros o carro apanha-me completamente de surpresa. Tenho medo de fazer alguma coisa estúpida”
Yves Matton : “O que levamos de positivo do Rali da Suécia é o bom trabalho que os nossos jovens pilotos fizeram. Tendo em conta o seu nível de experiência excederam as nossas expectativas. Cometeram pequenos erros, que não impediram de obter um bom resultado no final do evento. Temos a consciência daquilo que precisamos de fazer para melhorar e sermos competitivos. Vamos trabalhar ainda mais na preparação das próximas provas”
Yves Matton depois de Monte Carlo: “esperava um melhor resultado em especial após os testes onde deixámos boas indicações. Depois de um rali que não correu conforme o planeado os nossos motivos de satisfação residem no Craig Breen, que fez uma prova regular e eficiente. Não estivemos bem, mas continuamos com um espírito positivo para o Rali da Suécia”.
Ora começa a surgir a dúvida se o C3 é de facto uma boa base ou não. A nível estatístico está longe disso. Em 32 especiais rodadas, a Hyundai venceu 14, a M-Sport venceu 11, a Toyota 6 e a Citroen 1. Poderá ser isto um bom indicador? Não propriamente, pois a Toyota conseguiu um segundo lugar em Monte Carlo sem vencer uma especial. Mas se o carro tivesse um bom andamento desconfiamos que provavelmente haveria mais especiais ganhas.
Será que podemos acreditar no que dizem os pilotos? Basta ver no ano passado em que Ostberg se queixava todos os dias do carro e na D-Mack Tanak fazia grandes exibições com um carro idêntico. Um piloto dificilmente irá admitir 100% de culpa. Mas a verdade é que Meeke é um excelente piloto e já atirou o C3 pra fora de estrada 4 vezes. E Breen que fez uma prova positiva e não tinha a pressão de ter um bom resultado, podia ter passado perfeitamente sem criticar o carro mas sentiu necessidade de o fazer.
Conclusão? É simples: o carro tem algum problema que tem de ser resolvido o mais rapidamente possivel e parece que o problema deverá estar na traseira do carro. Mas não podemos tirar da equação o factor humano. Meeke tem tido um início de ano penoso, com várias saídas de pista, tendo uma delas acontecido nos testes para o rali escandinavo. Não é fácil encontrar a motivação e a confiança quando o carro está constantemente a ir para a vala. Não acreditamos que a Citroen tenha feito um ano de testes para apresentar um mau carro. A Citroen não nos habituou a trabalhar mal e com um ano sabático para evoluir com calma menos ainda. A questão é que estes 2 ralis foram muito específicos e as características do carro poderão ser sido mascaradas pela exigências dos troços. Há gato mas não deverá ser um caso muito complicado de dar a volta. O melhor é deixar as avaliações para depois do México onde as máquinas sofrerão um teste de fogo. Em pisos mais conhecidos, onde a fiabilidade será um aspecto chave, o C3 terá então hipóteses de mostrar algo mais e quem sabe dissipar as dúvidas que agora pairam no ar.
E vocês o que acham? O C3 tem algum problema ou serão os pilotos que estão a complicar a situação?
Fábio Mendes
Sem ter por base qualquer leitura, apenas refletindo no artigo, resultados e vídeos, parece-me que podemos culpar ambas as partes. Quanto aos pilotos seria de esperar mais de Meeke, é experiente e já o vimos coneguir bons resultados, mas não é um piloto regular, como se pôde ver em Monte Carlo. Para além disso, este ano a Citroen está de novo a coordenar a equipa, sendo ele o piloto principal, era expectável que os resultados fossem melhorar com base no apoio fortalecido. Mas isto pode funcionar de maneira inversa, a equipa pode estar a pressionar para obter resultados e isso traduzir-se em algum nervosismo. Quanto a Breen, é novato e não tem experiência assinalável. Vê-lo terminar o rally em 5o, apesar das queixas assinaladas sobre a máquina, prova que o carro tem potêncial. Se o piloto é razoável e a máquina não é competitiva, a soma dos factores deveria resultar numa má posição. Por fim, analisando os vídeos, dos quais se podem apenas retirar conclusões pouco fundamentadas, parece-me que o Citroen é o menos “nervoso” de todos os carros. O motor não se faz ouvir em altas. O sistema anti-lag padece da mesma experiência sonora, ouvindo-se o libertar de grandes quantidades de ar comprimido pela wastegate, mas raramente o explosivo som do “backfire”. Quanto à previsibilidade do carro, não se percebem comportamentos traiçoeiros na trajectoria. As trajectorias aparentam um arrastamento maior do carro para o exterior das curvas, podendo esta ser uma consequência do sistema anti-lag ineficiente. Mas mais uma vez, para além de serem apenas imagens, a quantidade de variáveis que podem influênciar esta percepção são imensas. Aguardemos mais uma prova e desejemos o maior sucesso à equipa e pilotos, afinal de contas todos queremos que todas as marcas se mantenham, tal é o espetáculo que esta a ser gerado.
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Definitivamente há problemas com o C3 tanto que já em Monte Carlo o Autosport.com fez um artigo sobre como todos os WRC2017 passavam numa curva em 6ª a fundo, e o Citroën passava em 5ª depois de travar.
No entanto, também há outras situações a ter em conta:
– a marca francesa errou ao fazer treinos em condições que nada tinham a ver como a prova monegasca se veio a desenrolar.
– O Meeke, dos pilotos de topo, é o mais instável de todos.
– O Lefevre está acusar os meses que esteve parado.
– O Breen tem sido o “menos mau” dos 3 pilotos, mas ainda tem muito que evoluir.
– a tripla de pilotos é (claramente) a menos experiente e isso paga-se caro (como o Malcom Wilson facilmente pode comprovar).
Posto isto: o Meeke tem conseguido andar relativamente próximo, dos 5 primeiros, mas parece-me que tem andado sempre para lá dos limites. Aparentemente o C3 não está muito longe em “andamento puro”, mas é o WRC que dá mais trabalho para lá chegar e, mesmo assim, é o mais lento dos 4 modelos. Não leva calendários, mas nunca pareceu capaz de ser vencedor (até ao momento).
Se a Citroën quiser resolver rapidamente esta situação, têm a opção Mikkelsen que facilmente os pode ajudar a evoluir e tirar duvidas acerca da componente humana.
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