O carro: provavelmente a melhor invenção do mundo

Recentemente tive um percalço originado por uma vontade súbita de levar uma vida mais saudável. Não que tivesse adoptado uma dieta norte-americana, bebesse como um camelo alcoólico e fumasse como uma locomotiva do século XIX (até porque nem fumo), mas achei que um jovem como eu devia voltar praticar desporto com mais regularidade. A busca pela saúde perfeita levou a um triste desfecho com uma perna direita inutilizada indefinidamente enquanto a mãe natureza trata de reparar o que a estupidez humana tratou de estragar… dá-me vontade de arrancar os olhos a quem me disser que o desporto faz bem à saúde.

Como devem imaginar, estar com uma perna a fazer de acessório de beleza não é muito prático… nada prático mesmo. Do mal o menos arranjei a companhia de duas gémeas canadianas que me apoiam durante este longo e penoso processo (são apenas muletas mas que raios… posso ver as coisas pelo lado positivo).

Já lá vão quase 3 meses deste inferno e durante este tempo todo ainda não senti uma pontada de saudade de jogar futebol… ou correr. Mas tenho saudades de conduzir… Fo**-se se tenho!

Desde miúdo que o meu mundo teve carros… primeiro à escala durante muitos anos e depois aos 18 com carros a sério!  O meu mundo mudou quando conduzi pela primeira vez… finalmente podia fazer aquilo que há anos queria fazer. Claro que os primeiros tempos são de aprendizagem, nem sempre da maneira mais simples mas o tempo trata de tornar um processo complexo em algo inato e natural.

É algo de libertador. Não há nada como uma volta num fim de tarde a média velocidade com uma banda sonora escolhida a dedo. Ou como uma viagem entre amigos para ver umas corridas. Ou uma viagem a dois com rumo incerto onde apenas se pretende admirar a paisagem e a companhia. E há pouca coisa pior que não poder fazer isso (problemas de primeiro mundo eu sei).

O carro estava condenado ao sucesso. A conjugação da roda com o motor de combustão interna iria revolucionar para sempre a forma como os humanos se deslocavam. Desde a patente do primeiro motor de combustão interna por Karl Benz, até a produção em massa de Henry Ford, o mundo passou a deslocar-se de forma mais rápida e cómoda. Nesse intervalo criaram-se nomes como Peugeot, Citroen, Mercedes-Benz (fruto da conjugação da empresa de Karl Benz e da parceira entre Gottlieb Daimler, Wilhelm Maybach com o nome Daimler cujo o primeiro carro de sucesso se chamou… Mercedes), a marca que pode ser considerada a mãe do automóvel, entre tantos outros que ainda fazem parte das nossas vidas. Os anos foram passando e as evoluções nos carros foram surgindo a um passo constante, numa lista tão grande que seria  penoso tentar colocar tudo num texto.

O carro revolucionou a forma como vimos o mundo e de repente distâncias grandes deixaram de ser problema. Para cada problema o carro apresentava uma solução, transformando-se em autocarro, camião, ambulância… a diversas metamorfoses fizeram dele uma das ferramentas mais valiosas do mundo moderno. Nesta fase da história é impensável um mundo sem o carro. A indústria automóvel vale milhares de milhões, faz mover economias, dá emprego a milhões de pessoas de forma directa ou indirecta e permite que outras indústrias consigam também existir da forma que existem. Mudou também o ambiente com as emissões mas começa agora a dar os passos para se redimir dessa falta. Até foi o carro que iniciou a luta pela igualdade de géneros pois caso não saiba a primeira viagem digna desse nome por um automóvel teve como condutora a mulher de Karl Benz… no entanto não há registos se estacionou o veiculo ou não!

Mas o carro é muito mais que uma ferramenta. O carro é um dos elementos que define a sociedade e o mundo. Cada década pode ser identificada pelos carros que na altura circulavam. Pode definir também uma parte da nossa vida. É provável que quase todos os acontecimentos importantes das nossas vidas tenham tido a certa altura um carro envolvido. Aquelas férias inesquecíveis com os amigos ou com a família; Aquele primeiro fim de semana fora com a namorada; um primeiro beijo; a ida até um familiar doente que depois faleceu… O carro deu-nos motivos para sorrir, deu-nos abrigo para chorar, deu-nos a forma de começar algo novo. Deu-nos também heróis. Nomes como Fangio, Stewart, Clark, Senna, Toivonnen, Loeb, McRae, Burns passaram a fazer parte do nosso imaginário, sendo reverenciados por muitos e no mínimo conhecidos da grande maioria. Na sua busca pela glória, marcaram-nos de alguma forma e deixaram uma mensagem.

 

Conduzir é para mim uma forma de pertencer a um mundo tão grandioso, onde a funcionalidade, a tecnologia, o conforto e a paixão se conjugam de uma forma difícil de encontrar noutro lado. É por isso que o carro é provavelmente a melhor invenção do mundo…

 

Fábio Mendes

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