A primeira sessão de qualificação permitiu finalmente entender o que cada equipa tem para oferecer para já e o que o futuro a curto prazo reserva. Depois da conversa de “jogo escondido” e “bluff” ser várias vezes repetida, as equipas fizeram o “all in” e mostrar o que tinham…
Mercedes – Hamilton Imperial assume candidatura ao tetra
Já se sabia que a Mercedes apareceria em Melbourne mais forte, tal como Hamilton. Mas o que se viu foi um domínio que começa a assemelhar-se ao de 2015, embora seja ainda muito cedo para afirmar com 100% de certeza. O britânico foi o mais rápido nas duas primeiras sessões de treinos e na qualificação mostrou porque é o mais rápido da actualidade. Uma pole “sem espinhas” para Hamilton. Já Bottas assumiu o seu descontentamento por não ter conseguido pelo menos o 2º lugar. Uma atitude que se louva pois podia ter ficado satisfeito com o 3º e justificar-se com a falta de entrosamento da equipa. Mas assumiu que não esteve bem. Pareceu que quis fazer muito e depressa mas em pista saiu-lhe mal. As vezes tentar em demasia e atacar muito atrasa ainda mais. O finlandês vai melhorar quando o nervoso das primeiras vezes desaparecer… mas com um Hamilton a este nível vai ser difícil chegar a 1º.
Ferrari – Vettel sorri o que é bom sinal
O alemão tentou a pole mas não conseguiu. Segundo Seb, o primeiro sector da sua última volta não foi o ideal mas mesmo assim não teria argumentos para melhorar a marca de Hamilton. No entanto foi um Vettel animado e positivo. Um sinal que o trabalho da Scuderia está a compensar e o andamento pode ainda melhorar. Vettel está claramente satisfeito com as mudanças na estrutura da Ferrari e acredita que o caminho agora é o correcto. Amanhã sai da primeira linha e se a Ferrari mantiver os arranques ultra-rápidos, pode ter uma palavra a dizer na luta pela vitória. Raikkonen assumiu a 4ª posição tal como se esperava e não se viu em pista argumentos para chegar à pole.
Red Bull – Curtos em potência e… chassis
O RB13 tem um feitio difícil… é esta a conclusão que se pode tirar da qualificação. A afinação do carro é difícil e qualquer alteração desequilibra o carro e dá mais trabalho aos pilotos. Para já a Red Bull é 3ª e não assusta ainda a Ferrari e a Mercedes. Ricciardo tentou brilhar mas o carro não lhe perdoou um descuido na curva 14 e atirou-o para as barreiras. Fica mais uma vez provado que estes carros não são fáceis de domar e uma vez fora de controlo não é possível traze-los de volta à pista. Para já o australiano é 10º e estará a rezar para não ter de trocar de caixa o que o atiraria para 15º. Verstappen por seu lado nunca pareceu muito confortável. Conseguiu o 5º é certo mas esteve sempre um furo abaixo de Ricciardo e se não fosse o azar do australiano teria ficado atrás dele por certo. Verstappen afirmou que o carro é eficiente em recta mas falta apoio aerodinâmico em curva (o que pode explicar a saída de Danny Ric). E mesmo o motor Renault ainda não está no ponto (já falaremos disso).
Haas – Grosjean surpreendeu toda a gente
Magnussen está a ter um fim de semana para esquecer para já. O carro teve problemas nos treinos e na qualificação o dinamarquês errou nas suas duas voltas lançadas, o que o deixou muito para trás no grid. O piloto admitiu o erro e sente que poderia ter conseguido mais. Já Grosjean está a ter um fim de semana em grande. Foi constantemente o melhor piloto da equipa e consegue um lugar logo atrás dos “grandes” com um excelente 6º lugar. O chassis tem potencial mas não esperávamos ver tanto já em Melbourne principalmente com os travões da Haas. Mas Grosjean mostrou que é excelente piloto e levou o carro até um brilhante 6º. Provavelmente o melhor piloto da qualificação.
Williams – Massa a garantir um bom resultado.
Sabem quando dão cabo do carro do vosso pai nos primeiros tempos de carta? Depois os nervos são complicados de gerir. Stroll tentou jogar pelo seguro nos treinos livres mas na FP3 perdeu o controlo do carro… ter de reparar tudo e sair à pressa para uma qualificação não é o cenário ideal para um rookie e o resultado final está à vista. Estes carros não são meigos e ser rookie este ano é bem mais complicado do que em anos anteriores… Está a ser uma aprendizagem bem dura para o canadiano. Já Massa conseguiu um 7º lugar positivo, apenas 1 abaixo do que esperava mas Grosjean quis complicar a vida do brasileiro. O homem tem experiência e gosta destes carros. Fez o que lhe competia.
Toro Rosso – Quando o motor estiver a 100%… a STR vai sorrir
Uma excelente qualificação para ambos os pilotos da Toro Rosso. Sainz teve problemas de afinação e não abordou a Q1 e Q2 com a confiança que pretendia mas mesmo assim chegou à Q3. Kvyat não quis ficar atrás e ficou bem perto do colega de equipa… um esforço sólido de ambos e da equipa que provou que tem máquina voar mais alto.
Force India – Desilusão do dia
Para quem pretendia ameaçar o 3º lugar… há ainda um caminho muito longo a percorrer. Ficaram ambos os pilotos pela Q2 com Pérez a fazer melhor que Ocon, como seria de esperar. O francês está a aprender ainda e terá de errar mais algumas vezes até atingir a melhor forma. O potencial para a Q3 estava lá mas a Haas e os STR roubaram as vagas. Esperávamos mais mas Pérez (que se queixou do motor) está numa boa posição para atacar e trazer bons pontos.
Renault – Um mau dia… e a mentira descoberta
Embora a equipa insista que tenha sido uma boa qualificação, esperava-se mais da Renault que ficou atrás de todas as equipas com motores franceses. Hulkenberg é claramente o elemento + da equipa e não ficou longe da Q3. Palmer está a ter um fim de semana péssimo, com problemas técnicos, saídas de pista e na qualificação um carro com afinação muito fraca. O britânico, claramente desalentado, disparou em todas as direcções… Travões maus, chassis mau… só faltou queixar-se de Catering. Mas a frustração entende-se e a maré de azar já vem de Barcelona. A Renault ao contrário do que se esperava não trouxe melhorias para a Austrália. O problema no sistema de recuperação de energia que estava devidamente avaliado e com a solução a ser preparada foi conversa. A solução não ficou pronta a tempo e, com a ajuda da Red Bull, a Renault teve de adaptar as unidades de recuperação de energia de 2016 afim de garantir fiabilidade. Ou seja as equipas estão a rodar com peças do ano passado, menos eficiente e 5kg mais pesadas. E só está prevista a introdução do novo ERS para o GP de Espanha com a introdução do motor revisto. Não foi isto que nos prometeram!
McLaren – Ao menos não ficaram no meio da pista
Alonso não é de se ficar sem dar luta e pegou no carro pelos cabelos e arrastou-o até ao 13º lugar o que não foi um mau esforço. Já Vandoorne teve problemas com a pressão de combustível no motor o que o fez perder potência. Acabar a corrida será difícil, segundo Alonso, mas para já a fiabilidade não está tão má quanto isso. Se acabarem vai haver suspiros de alívio na Honda… e muito mais trabalho pela frente.
Sauber – Antonio Giovinazzi ia dando um bigode a Ericsson
Chamado à ultima hora para substituir Wehrlein que resolveu não arriscar correr com uma condição física ainda longe da ideal. O italiano deu boa conta de si e não fosse um erro na penúltima curva teria feito melhor que Ericsson e envergonhando o sueco. No entanto foi Ericsson que aproveitou os azares alheios para passar à Q2. Depois disso não se esperava nada mais da Sauber… Mas ficamos positivamente impressionados com o jovem italiano que foi chamado de emergência e conseguiu mostrar qualidade mesmo em condições longe do ideal.
Qualificação completa:
Melhores momentos da qualificação:
Fábio Mendes