Está concluída a primeira ronda de 2017. Haverá quem tenha ficado desiludido com a corrida e a questão das ultrapassagens foi muito referida (já lá iremos) mas a conclusão fundamental que se tira deste fim de semana é que temos luta pelo titulo. Temos duas marcas que estão a começar uma batalha que se espera que dure até ao final. Temos dois pilotos motivados com a possibilidade de uma nova rivalidade. É uma Primavera cheia de novas oportunidades que se inicia. E não nos podemos esquecer que até Barcelona a ordem parece estar definida mas quando a F1 regressar ao continente europeu muita coisa pode mudar.
Ferrari – Gina vai marcar a tendência deste ano… e o dedo em riste também
Voltou ao lugar mais alto do pódio, pela 43ª vez, 18 meses depois de ter festejado pela ultima vez com a Scuderia. Vettel foi igual aquele Vettel que “odiavamos” e que dominava corridas sem dar hipóteses a ninguém. A largada, ao contrário do que se esperava, não trouxe grandes surpresas e quando Hamilton surgiu na frente depois da curva 1 pensamos que estavamos a rever o filme de 2015. Mas Vettel aguentou-se sempre e não descolou, a distância rondava o segundo e a certa altura alargou para quase 2. Mas não foi falta de ritmo… foi gestão pura e dura. Vettel deu descanso aos seus ultrasofts e deixou Hamilton ficar com as despesas da corrida. Quando o 44 foi para a boxe, Vettel agarrou a Gina pelo pescoço e aumentou o ritmo. Quando foi a vez dele sair das boxes tinha conseguido ficar à frente de Hamilton e a partir daí a corrida era dele. Um desempenho perfeito para uma vitória merecida e saborosa. Já Kimi… desapareceu. Com problemas de subviragem, o finlandês desde cedo mostrou que não tinha andamento para os 3 da frente e contentou-se com um 4 lugar ameaçado de longe por Verstappen. Longe do que pode e deve fazer. A Scuderia brilhou, voltou a sorrir e mostrou que tem argumentos para se bater com a Mercedes… para já.
Sebastian Vettel: Nota 9
Kimi Raikkonen: Nota 6
Ferrari: Nota 9
Mercedes – Queriam luta? Aí está ela!
É preciso fazer um grande esforço de memória para lembrar uma vez que a Mercedes tenha sido “encurralada” na estratégia desde 2014. Deverá ter acontecido um par de vezes apenas, mas hoje a Mercedes não teve argumentos para a Ferrari. Hamilton assustou-se com os pneus e a equipa viu que não tinham muito mais vida e mandou entrar o 44 para as boxes. O problema foi na saída em que Hamilton deu de frente com a asa traseira de Verstappen, famoso por não facilitar em nada as ultrapssagens. Foi aqui que a Mercedes perdeu a corrida. Quando o holandês saiu da frente não houve Hammertime e Lewis ficou a quase 10 segundos de Vettel. Uma corrida boa mas com algum stress à mistura, que terá tirado algum discernimento ao piloto e equipa. Quanto a Bottas… para uma estreia oficial não foi nada mau. Vimos a coisa mal parada quando “levou” 0.5 segundos no primeiro treino livre mas foi subindo de rendimento e o 2º stint que fez na corrida mostrou o que o verdadeiro Bottas pode fazer. Ficou muito perto de Hamilton e como tal não fez pior que Rosberg no passado. Vai melhorar e vai render mais. A Mercedes não vai poder facilitar este ano… a concorrência está forte e vencer o campeonato a 6 corridas do fim para já é uma miragem. Novos tempos!
Lewis Hamilton – Nota 9
Valtteri Bottas – Nota 8
Mercedes – Nota 8
Red Bull – 13 é o número do azar para Ricciardo
Estávamos todos a torcer por um fim de semana positivo para o Sr Sorrisos. Mas a qualificação foi ingrata e a corrida ainda mais. A saída de pista na qualificação obrigou-o a troca de caixa e consequente queda de 5 posições no grid e como se não bastasse, a nova caixa resolveu não colaborar. Saiu para a pista com 1 volta de atraso mas com vontade de mostrar serviço. O motor resolveu ceder a meio do seu esforço, atirando o piloto para fora da corrida e pior, ficando já sem um motor para o resto do ano. Podia ser pior? Dificilmente. Já Verstappen mostrou que tem dotes de adivinho e se ontem disse que ia ter uma corrida sem grandes motivos de relevo… acertou. No entanto acabou perto de Raikkonen o que foi uma surpresa agradável para ele (mais por demérito de Kimi do que por mérito próprio). O seu último stint foi bom mas longe de suficiente para pódio. A Red Bull tem muito trabalho pela frente. O carro é nervoso, pouco amigo dos pilotos e dos erros. Não é estável e precisa de ser revisto. No entanto o optimismo que ainda reina mostra que há soluções à vista.
Max Verstappen – Nota 8
Daniel Ricciardo – sem nota
Red Bull . Nota 7
Williams – Massa é o abono da equipa
Com um Stroll ainda em clara fase de adaptação e com um disco de travões partido que o levou a desistir, sobrava Massa para trazer bons pontos. E o brasileiro fez isso sem grandes dificuldades. Depois da desistência prematura de Grosjean, ficou com caminho livre para gerir como quis a corrida e o 6º lugar que nunca esteve em perigo. Massa é um homem feliz, motivado e parece em melhor forma que no ano passado. O “velhote” ainda tem dois ou 3 truques para mostrar. Já Stroll… foi uma estreia tímida mas serviu de aprendizagem.
Felipe Massa – Nota 8
Lance Stroll – Nota 6
Williams – Nota 7
Force India – Mesmo de cor de rosa, Perez não vacila
O mexicano começa bem o ano com uma prestação sólida e bons pontos conquistados. Perez ficou em 7º lugar com uma corrida bem gerida, sem capacidade para se chegar a Massa, mas com à vontade suficiente para não sentir a pressão dos Toro Rosso. Ocon também esteve bem e conseguiu o seu primeiro ponto na F1. Teve de suar para passar Alonso mas conseguiu e com isso ajudou a equipa. Ainda em fase de adaptação, deixou-se guiar apenas pelo seu talento, numa pista nova para ele. Tem motivos para estar satisfeito. A Force India precisa de muito mais se quiser dar luta à Williams. O que se viu foi o ritmo verdadeiro para já e parece curto.
Sérgio Perez – Nota 8
Esteban Ocon – Nota 7
Force India – Nota 7
Toro Rosso – Início prometedor
Os elogios do chassis foram plenamente justificados e a corrida de hoje mostrou isso mesmo. Sainz e Kvyat acabaram nos pontos e mostraram potencial para o futuro. Kvyat voltou a ter azar pois foi ligeiramente mais rápido que Sainz, mas um problema no motor obrigou-o a passar pelas boxes quando era 8º, cedendo o lugar ao colega de equipa. Mas o russo está de volta à boa forma e ainda bem para ele. Mas no geral foi um bom dia para ambos e se a equipa conseguir evoluir bem este ano pode muito bem estar na luta pelo 5º até final
Carlos Sainz – Nota 8
Daniil Kvyat – Nota 8
Toro Rosso – Nota 8
Renault – Eles satisfeitos… nós desiludidos
A Renault foi uma desilusão para nós este fim de semana. Esperávamos uma prestação mais sólida da equipa. Palmer não pode ser culpado. Levou com o azar todo de uma vez e para juntar aos problemas de ontem, hoje teve direito a um travão “pegajoso” que se mantinha activo mesmo quando ele não queria. Fim da história e o britânico sai da Austrália aliviado pelo pesadelo ter terminado. Já Hulkenberg… conseguiu ficar muito perto dos pontos mas provavelmente esperava mais e nós também. O discurso foi positivo no final da corrida mas falta ainda muito trabalho para o top5.
Nico Hulkenberg – Nota 6
Jolyon Palmer – Nota 4
Renault – Nota 5
Sauber – Giovinazzi impressionou
Imaginem que são chamados à ultima hora para pilotar um animal de 800 cv, capaz de criar forças de 8G, numa pista citadina exigente e apenas com uma hora de treinos livres. Pois, o cenário era complicado mas o jovem italiano mostrou que é piloto. Aguentou-se muito bem e se na qualificação esteve perto de envergonhar Ericsson, na corrida passou pelos problemas sem medo e acabou em 12. Pode parecer bom mas foi apenas penúltimo, no entanto acabou com aquele que é o segundo pior carro do grid por isso tirou do carro o que ele dava. Estamos bem impressionados com o rapaz e não nos admirava nada que ele fizesse o GP da China enquanto Wehrlein recupera. Já Ericsson levou um “chega pra lá” de Magnussen, perdeu apoio aerodinâmico traseiro e pouco depois o sistema hidraulico. Uma dupla Giovinazzi e Wehrlein é que era!
António Giovinazzi – Nota 8
Marcus Ericsson – Nota 4
Sauber – Nota 6
McLaren – Podia ter sido horrível… mas foi apenas mau
Dizem que um piloto só prova a sua qualidade quando conduz um carro mau e consegue apresentar resultados. O que Alonso precisa de fazer mais? Pegar num empilhador e ir para a pista? O espanhol afirmou que fez uma das melhores corridas de sempre e acreditamos… aguentar um Force India durante meia corrida é de homem. Só não conseguiu o merecido ponto por causa de uma falha na suspensão que o obrigou a desistir. Vandoorne foi outro que se esqueceu da sorte em casa e um problema electrónico obrigou a reiniciar a máquina nas boxes perdendo muito tempo. O rapaz também não mostrou o ritmo que talvez esperavamos mas foi um fim de semana tão complicado que nem o podemos culpar… nem todos fazem milagres como Alonso. E se a McLaren precisava de uma prova que tem de fazer tudo para manter o espanhol hoje ficou novamente claro. Só faltou sair do carro e empurra-lo ele próprio para andar mais. Será criminoso se não acabar a carreira tri-campeão.
Fernando Alonso – Nota 9
Stoffel Vandoorne – Nota 6
McLaren – Nota 4
Haas – Prometia tanto mas acabou tudo em fumaça
Magnussen sai da Austrália triste por não ter mostrado ponta de competitividade. Problemas nos treinos, qualificação atabalhoada e um acidente na corrida deitaram sentenciaram o fim de semana do piloto, que nos parecia em melhor forma nos testes. Já Grosjean deve estar com uma azia tremenda. Depois do brilharete da qualificação, um problema de pressão de agua obrigou-o a desistir mais cedo. Inglório para um dos candidatos a piloto do fim de semana.
Romain Grosjean – Sem Nota
Kevin Magnussen – Nota 3
Haas – Nota 4
Ultrapassagens
São de facto um problema mas avaliar isso numa pista como Melbourne é ingrato. É melhor dar tempo ao tempo e esperar por pistas mais convidativas. A corrida foi entretida e com motivos de interesse. Não teve as lutas que se desejaria mas o espetáculo não foi nada mau… pelo contrário.
Pneus
Estas borrachas duram muito mais e os engenheiros ainda não se habituaram a isso. Hamilton podia se calhar ter aguentado mais os ultrasofts e várias equipas tiveram decisões algo precipitadas, com medo de perder performance nos pneus, algo que no final não se verificou. Quanto aos 4 segundos mais rápidos por volta… Nem por isso.. foram 2 segundos (mais ou menos) mais rápidos. Mas gostamos mais destes carros que dos outros.
Desistências:
Fora muitas e já é um clássico nesta pista.Não tivemos Safety Car o que é novidade mas mesmo assim nota-se que as mecânicas são puxadas ao extremo nesta nova era.
Corrida completa:
Dados estatísticos dos pneus:
Outros dados estatísticos:
Fábio Mendes