Ai agora?? O homem está à frente da FIA desde 2009 e agora reparou que a F1 é demasiado complicada e cara? Está bom!
O francês ficou visivelmente preocupado com o resultado final do GP da Austrália… a falta de ultrapassagens começa a tirar o sono ao Presidente da FIA que viu um espectáculo demasiado limitado por esse factor.
“A F1 precisa de acção e emoção. Perdemos muita emoção na pista e precisamos resolver isso, mesmo que todas as equipas estejam relutantes a falar sobre o assunto. Existe uma grande discrepância entre o menor e o maior orçamento. Os carros são mais espectaculares e mais rápidos, mas estou um pouco preocupado com a corrida e as lacunas entre as equipas. Por muito bom que seja que a Mercedes tem um adversário na Ferrari, a diferença de dois para as equipas do meio da tabela é demais. Queremos ter os dez primeiros carros em sete ou oito décimos e no momento ainda não é possível.”
Estas declarações causam-me alguma estranheza… é verdade que os direitos económicos da F1 não são geridos pela FIA mas sim pela FOM… algo que esteve a ser mal gerido até agora, pois as equipas pequenas fartaram-se de pedir que esse assunto fosse revisto… a FIA não podia fazer nada é certo… mas talvez pudesse ter tido voz activa (ou não interessava?). As últimas alterações aos regulamentos, inicialmente, visavam aumentar as ultrapassagens e por isso a largura dos pneus e do carro foi aumentada… foi isso que foi dito nos primórdios desta mudança, mas pelos vistos falhou pois pensou-se apenas nos tempos por volta. E a FIA esteve directamente envolvida nos regulamentos… porque não viram o problema? Falta de competência?
E depois seguem-se estas declarações:
“A responsabilidade final estará sempre nas mãos da FIA. Nós fazemos e controlamos as regras. Mas estou feliz pela forma como as pessoas da Liberty pensam o futuro. Estou disposto a ouvir as suas ideias sobre os regulamentos, assim como qualquer contribuição de todos os lados. Estamos prontos para fazer um esforço colectivo para tornar a F1 tão boa quanto possível.”
Então a culpa desta Formula não estar a resultar é também da FIA certo? Se são eles que fazem as regras são directamente culpados por não haver ultrapassagens este ano e a distância entre equipas se manter? Este tipo de afirmações mostra que a F1 tem sido gerida de forma pouco conveniente.
A F1 é muito cara? É!
Nem vou pela ideia da F1 ser muito complicada. Sempre foi um desporto complicado a nível técnico, politico e económico. Está na sua génese e mudar isso é quase impossível. Há simplificações a serem feitas certo mas na sua raiz será sempre uma modalidade difícil. O grau de dificuldade que cada um quer entender depende do seu gosto. Quanto aos custos… A introdução dos V6 híbridos foi um golpe duro, pois encareceu a factura para as equipas e os privados ficaram logo sem ar. Mas voltar atrás para os V10 ou V12 seria um pouco como dizer no início do século XX, “as corridas de carros fazem muito fumo é melhor esquecer isso e continuar com cavalos”.
A única forma de voltar aos V10 ou V12 ou V8 será sempre integrando sistemas híbridos de recuperação de energia. Como se faz no WEC? Por exemplo. Cada marca seria livre de pensar um motor e os sistemas de recuperação como quisesse, de acordo com um conjunto de regras que colocassem todos num plano de igualdade e assim, de acordo com a sua carteira e capacidade soluções diferentes e inovadoras surgiriam. Agora esquecer o avanço tecnológico que se fez nestes 3 anos é criminoso (avançou-se mais em 3 anos do que em 30 ao nível da eficiência de motores de combustão interna). A F1 é entretenimento? Sem dúvida que sim, mas pode ser entretenimento em pista aliada à evolução tecnológica. É isso que Brawn quer fazer e é isso que penso deve ser feito, pois a F1 sempre foi assim. Talvez ao dar mais liberdade nos regulamentos as equipas poderiam usar novas soluções adequadas às suas carteiras.
Neste momento a F1 é como um campo de batalha onde só se podem usar espadas… claro que as espadas mais fortes vão ter vantagem e as mais fortes estão nas mãos dos mais ricos. Mas se as regras mudarem e se permitirem usar outras armas… os mais pobres poderão usar arco e flecha, uma solução mais barata mas se calhar tão eficaz como a espada.
Um retrocesso não seria o indicado. A industria automóvel precisa que a F1 seja a montra das soluções do futuro, para que assim haja vontade de investir, haja dinheiro para dar a todas as equipas e haja soluções variadas que permitam boas corridas. E boas corridas vão atrair fãs e trazer mais patrocinadores e dinheiro.
Bastou mudar um pouco o aspecto dos carros (para melhor) para que os fãs delirassem e o hype deste ano fosse o maior dos últimos tempos. Não é preciso muito para nos convencerem a ver F1. Mas o que falta podia já ter sido avançado pela FIA e não o foi. Continuo a achar que a Liberty e principalmente Brawn, encontrarão soluções para resolver o assunto. Quanto às declarações do Sr. Todt… entendo a sua preocupação, só tenho pena que não o tivesse levado a tomar outras posições mais vincadas num passado recente. E revelar estes medos quando esta nova F1 tem apenas uma corrida, numa pista pouco dada a ultrapassagens não é sensato. Vamos esperar para ver se esta nova luta Ferrari vs Mercedes entusiasma, vamos ver como a Red Bull reage, vamos ver a luta a meio da tabela. As ultrapassagens são muito importantes, sim, mas não são automaticamente sinónimo de espectáculo. O DRS aumentou exponencialmente as ultrapassagens e nem por isso as pessoas acharam a F1 mais entusiasmante. Vamos deixar amadurecer este conceito antes de criticar e então sim, entender os problemas e resolver de forma definitiva e não com pensos rápidos. Lembram-se no ano passado a borrada das qualificações? Vamos tentar evitar isso de futuro e pensar as coisas de forma clara e concisa e a partir daí fazer o que for necessário.
fontes: planetf1.com; cliptheapex.com
Fábio Mendes