Finalmente começou a temporada de 2017! Depois de uma passagem pelo deserto da espera infindável, valeu bem a pena aguardar pelo domingo, onde um balde de pipocas ajudou à festa. Corrida emotiva, trocas de liderança constantes, surpresas, mas com um final aparentemente aguardado pelos mais atentos.
O GP do Qatar decidiu-se nas últimas voltas, mas até à sua decisão final, podemos ver uma luta intensa entre duas das três marcas que irão ser dominadoras durante 2017. Yamaha VS Ducati, onde a marca nipónica levou a melhor, com uma difícil mas saborosa vitória de Maverick Vinãles. Não posso deixar de referir a excelente exibição de J. Zarco até à sua queda, que o atirou para fora da corrida…se não fosse isso, talvez estivéssemos a falar do francês neste preciso momento, mas, já lá vamos.
Maverick Viñales – O grande dominador dos testes de pré-temporada e da maioria dos treinos livres no circuito de Losail. Podia dizer que ” chegou, viu e venceu”, mas nem tudo foram favas contadas para o novo recruta da Yamaha. Viñales não largou muito bem, perdendo vários lugares, mas as escorregadelas dos seus adversários catapultaram-no para as posições dianteiras, entrando numa luta “mano a mano” com Andrea Dovizioso. Levou a melhor! Vitória suada, mas a melhor maneira de começar a época na estreia oficial na sua nova equipa. Para mim é um dos candidatos ao título mundial de MotoGP, se não, o grande rival para o actual detentor do troféu. Apresenta uma mistura fantástica… Rápido, estudioso, sem receios, consistente, elementos que o vão levar à luta por vitórias e por pontos nesta luta difícil que se avizinha pelo Mundial de pilotos de 2017.
Andrea Dovizioso – Surpreendido, confesso! Já sabia que a Ducati neste circuito de Losail é rápida e dificilmente tem “rival” à altura e ontem comprovou-o de certo modo. Andrea Dovizioso mostrou a raça que caracteriza os italianos, dando seguimento a boa prestação nos treinos livres. Que duelo protagonizou com Viñales! Dovizioso colocou a Ducati no segundo lugar mais alto do pódio mas se, por ventura, viesse a vencer o GP do Qatar, não seria um escândalo. Infelizmente apanhou pela frente um super-sónico Maverick Viñales e uma Super Yamaha. Tenho curiosidade para ver como será daqui para a frente, se irá ou não mostrar esta consistência.
Valentino Rossi – Que posso dizer? Sou fã de Valentino Rossi? Sim! A minha paixão pelo MotoGP começou um pouco antes de ele aparecer, mas a sua pilotagem levou-me a ser um fã incondicional e um “Rossista”. Mas neste ramo temos que ser imparciais. Valentino Rossi fez uma boa corrida e não era fácil partir de décimo terceiro e chegar aos homens da frente, mas com o veterano da Yamaha nada é impossível. Rossi fez uma corrida de trás para a frente e não tem culpa dos acontecimentos que se sucederam, pois isso faz parte das corridas. Viveu as suas lutas, aproximando-se dos dois da frente, mas a sua Yamaha não teve capacidade para se chegar e lutar pela vitória, terminando em terceiro. É um crónico candidato ao titulo e foi o próprio a agradecer ” à sua Yamaha e a sua equipa” este pódio. Se será campeão no final? Sinceramente tenho algumas dúvidas, porque há pilotos mais fortes, mas…Ainda só agora começou e Rossi já nos habituou a estar sempre na luta!
Admito que estou satisfeito pelo desempenho dos homens da Yamaha Monster Tech3. Infelizmente tivemos um Zarco azarado. Tudo parecia correr as mil maravilhas, mas um erro do francês deitou tudo por terra, deixando escapar a sua primeira vitória na classe rainha. Digo isto porque ninguém parecia ter andamento para o piloto da Yamaha Satélite. Coloco-o como um potencial vencedor de corridas ao longo do ano e quiçá lutar por um TOP5 final. Alex Rins (Suzuki) foi o melhor rookie, largando da décima oitava posição e acabando num fantástico nono lugar, realizando uma pilotagem que deixa água na boca. Para finalizar esta senda de positividade, termino com Aleix Espargaró, num impressionante sexto lugar e mostrando que a sua Aprillia está muito rápida e pode lutar pelos “lugares da frente.”
A parte que mais custa. As desilusões. É verdade que terminou na quarta posição, mas esperava mais de Marc Márquez. Quando se fala no espanhol, falasse em vitórias e lutas pelo primeiro lugar, mas isso não sucedeu neste GP. Talvez e como ele próprio referiu, a troca de pneus o tivessem prejudicado (antes do início da corrida), mas mesmo assim, a mim, deixou um pouco a desejar. São casos pontuais e por certo Márquez estará na luta no GP da Argentina para dar resposta a esta corrida menos conseguida.
Andrea Iannone – Quando tudo se conjugava para uma boa corrida eis que o italiano da Suzuki cai… mais um erro! Depois das sessões de treinos discretas, a Sukuki apresentava-se forte, mas depois do que aconteceu só pode lamentar. Infelizmente são erros que Iannone comete com frequência, o que o prejudica e não o leva a outros patamares. Com diz e bem, mais uma lição que aprendeu.
Por fim, a maior desilusão… Jorge Lorenzo. Terminou apenas na décima primeira posição. É verdade que trocou de equipa e tudo à sua volta é completamente diferente, mas isso não serve para desculpa tudo. Tem sentido muitas dificuldades na adaptação, é um facto, mas o espanhol no mínimo deviria estar no TOP6 (sem descaracterizar qualquer prestação dos seus adversários). Esperava mais, muito mais de um candidato ao título mundial. Sim, porque não alinho nos que dizem que não o é, porque ele estará lá quando menos esperarem. Aguardo com enorme expectativa pelo GP sul americano já em Abril, para ver os progressos.
Quero realçar que todo o texto é simplesmente uma opinião de um amante do mundo MotoGP.
Ricardo Fontelas