F1 – GP do Mónaco: O positivo e o negativo

Mónaco é um lugar especial. É uma pista imprescindível para a F1, dado o seu glamour e a sua história, mas as corridas são muitas vezes criticadas pela falta de emoção e de ultrapassagens. Vivemos num mundo onde apenas os números contam e as sensações fortes são valorizadas. Poucos são os que param para apreciar o talento e a qualidade de quem anda em ruas estreias e sinuosas, com monstros de 1000 cavalos, a velocidades nada recomendáveis, as mesmas curvas que se faziam no passado. Ninguém valoriza o que Vettel e Ricciardo fizeram num traçado difícil e muitas vezes cruel.

A magia dos traçados citadinos não tem a ver com ultrapassagens. Tem a ver com a coragem de fazer todas as voltas a fundo, andar a milímetros das protecções e ser o mais rápido. É essa magia que tende a ser esquecida… o respeito e a admiração pelos pilotos, porque em casa parece fácil. É verdade que por exemplo, a Indy500 teve emoção e incerteza até ao final… mas Mónaco é Mónaco.

 

O Positivo:

 

Sebastian Vettel – O alemão mereceu vencer e parece que todos se estão a esquecer disso. Sim, a estratégia da Ferrari não favoreceu Kimi, mas foram as circunstâncias que ditaram o desfecho. Era o resultado que a Ferrari queria, mas acusar a equipa de favorecer claramente Vettel é injusto. Os primeiros a vir para as boxes foram a Mercedes e a Red Bull para tentar o chamado undercut (parar mais cedo que os adversários e conseguir a posição com voltas muito rápidas depois da troca). O comportamento da pista e dos pneus indicavam que o contrário seria o ideal, com as borrachas a demorar a aquecer, mas a Ferrari viu a Mercedes e a Red Bull parar mais cedo… duas equipas que na maioria das vezes não falham nas estratégias (a Red Bull iria sempre apostar mais forte em Verstappen, que era até aquela altura o mais rápido da equipa… Se a Red Bull achou boa ideia, porque a Ferrari não poderia pensar o mesmo?). Além disso, Kimi já estava a perder tempo para Vettel e ele próprio pediu para ir as boxes. A conjugação de factores levou a equipa a jogar pelo seguro e imitar o que os concorrentes directos estavam a fazer. Vettel ganhou a corrida quando Kimi lhe saiu da frente e fez uma série de voltas ultra-rápidas. Esse esforço foi coroado com a liderança e depois das trocas de pneus, Kimi nunca conseguiu acompanhar o ritmo de Vettel, que na saída do Safety Car, ganhou logo quase 2 segundos de vantagem para o colega de equipa. Venceu bem e mereceu.

Daniel Ricciardo – Tal como Vettel, beneficiou por ter uma estratégia alternativa, que se revelou a mais indicada. Verstappen estava a ser o mais rápido do fim de semana e a equipa tentou pressionar a Ferrari com uma paragem mais cedo, tal como a Mercedes. Mas em pista, provou-se que não era a opção correcta. Ricciardo ainda tinha pneus para atacar forte e assim fez. Aquelas voltas antes da paragem foram um regalo e o australiano mostrou a sua fibra. Finalmente, e se calhar sem querer, a equipa deu-lhe a estratégia ideal para conseguir um bom resultado. Aquele toque nas barreiras ia correndo muito mal, mas desta vez a sorte estava com ele.

 

Carlos Sainz – Mesmo que não tivesse havido tantas desistências, o piloto da Toro Rosso teria conseguido o 6º lugar. Carlitos esteve impecável nas ruas do principado. Excelente em qualificação, provou a sua valia de novo em corrida e começa a ser cada vez mais um dos mais sólidos valores da F1. Se continuar com este nível vai ser um caso sério e pode ser um dos nomes mais falados na próxima silly season.

 

Haas – Magnussen teve sorte de ver Kvyat e Pérez embrulharem-se nas últimas voltas, mas a sorte só protege quem está no sítio certo no momento certo. A equipa conseguiu colocar os dois carros nos pontos e conseguiu assim igualar a Renault no campeonato. Não foi uma corrida brilhante para ambos os pilotos, mas a Haas aos pouco vai consolidando a equipa e vai evoluindo. Não devemos esquecer que a equipa tem apenas 2 anos.

 

Jenson Button – Vamos esquecer aquele toque com Wehrlein que podia ter acabado muito mal. Button chegou ao Mónaco sem testar, foi para a pista e conseguiu ser competitivo. Button foi provavelmente um dos mais subvalorizados pilotos, mas sempre teve o respeito dos colegas e dos fãs. Neste fim de semana vimos que o respeito por ele é real, assim como, o seu talento. Foi provavelmente a última vez que o vimos num carro de F1.

O Negativo:

 

Kimi Raikkonen –  Kimi é um dos pilotos que mais fãs tem e que menos faz por isso. A sua atitude fria e desinteressada ganhou adeptos em todo o mundo, assim como o seu talento. Todos estavam a torcer pela vitória do finlandês, que fez uma qualificação notável mas em corrida, por muito que digam que a estratégia o prejudicou, foi ele que se colocou em posição de ser prejudicado. Estava visivelmente insatisfeito no final da corrida, o que é natural, mas analisado friamente… Vettel foi superior, como tem sido ultimamente.

 

Force India –  A excelente série de corridas com ambos os carros nos pontos acabou da pior forma. A equipa arriscou parar Perez mais cedo para tentar aproveitar um possível Virtual Safety Car, mas a aposta revelou-se errada. Depois de muito tentar, conseguiu passar Stroll, no entanto teve um toque com Kvyat que estragou o que poderia ser mais uma corrida nos pontos. Foi uma prestação menos conseguida do mexicano, que ainda assim é um dos melhores pilotos do grid e que poderá sair no final da temporada. Ocon teve o primeiro fim de semana negativo… daqueles em que quase tudo corre mal, mas que são importantes para a aprendizagem de um jovem cheio de talento como ele. Ainda assim não foi um fim de semana horrível, pois os adversários directos também tiveram muitos problemas e não encurtaram distâncias para a Force que continua confortavelmente na 4ª posição.

Daniil Kvyat – O toque de Pérez acabou com a corrida do russo que, embora estivesse longe da prestação do seu colega de equipa, estava a fazer pela vida e com perspectivas de ajudar com pontos preciosos. Decididamente, o Mónaco não é um lugar feliz para ele.

Lance Stroll – O homem que se queixou que estava a ficar sem temperatura nos travões, acabou a corrida com os travões sobreaquecidos. Mais uma vez, o canadiano esteve mal e a equipa continua a pagar caro por isso. Pode ser que seja desta que as equipas aprendem a colocar os pilotos pelo menos 1 ano na F2 para se ambientarem à competição e à exigência.

Stoffel Vandoorne – Podia ter sido o seu fim de semana, mas errou por duas vezes. O toque na qualificação prejudicou as aspirações do belga e na corrida, aquele erro na curva 1 podia ter sido evitado. Não podemos esquecer que está numa equipa que passa por um mau bocado, assim como não podemos esquecer que é um jovem cheio de talento. Não é positivo ser suplantado por um piloto sem experiência nestes carros e já na reforma, mas esperemos que não tenha o mesmo destino que Magnussen.

 

Renault – A caixa de Hulkenberg desistiu à volta 16, e Palmer não teve andamento para mais. Um fim de semana para esquecer.

 

Ericsson – Aquele erro durante o Safety Car acontece aos melhores… aos piores acontece mais vezes. Ficou muito mal na fotografia. O carro estava difícil de conduzir e o piloto apanhou alguns sustos, mas aquela saída da foram como foi é o suficiente para um pedaço de má publicidade.

Mercedes – Acabou-se a hegemonia no Mónaco. Bottas foi o melhor da equipa e a sua volta da qualificação por pouco não dava pole. O finlandês lutou e tentou subir ao pódio mas a estratégia não foi a melhor. Quanto a Hamilton, um fim de semana penoso, com um resultado positivo. Largar de 13º e acabar em 7º no Mónaco não é nada mau. A equipa não afinou o carro convenientemente para o britânico e não pôde mudar o carro depois da qualificação, pois teriam de largar das boxes. Mas foi um fim de semana complicado para a equipa que viu a Ferrari e Vettel ganharam uma vantagem já agradável para os italianos. Wolff disse que a Ferrari favoreceu de propósito Vettel. Não é a nossa opinião mas mesmo que o alemão não pense assim é sempre bom apontar o dedo ao adversário e tentar desestabilizar a equipa. Mind games as vezes podem surtir efeito.

 

Classificação dos pilotos:

POS Pilotos NAC CARRO PTS
1 Sebastian Vettel GER FERRARI 129
2 Lewis Hamilton GBR MERCEDES 104
3 Valtteri Bottas FIN MERCEDES 75
4 Kimi Räikkönen FIN FERRARI 67
5 Daniel Ricciardo AUS RED BULL RACING TAG HEUER 52
6 Max Verstappen NED RED BULL RACING TAG HEUER 45
7 Sergio Perez MEX FORCE INDIA MERCEDES 34
8 Carlos Sainz ESP TORO ROSSO 25
9 Felipe Massa BRA WILLIAMS MERCEDES 20
10 Esteban Ocon FRA FORCE INDIA MERCEDES 19
11 Nico Hulkenberg GER RENAULT 14
12 Romain Grosjean FRA HAAS FERRARI 9
13 Kevin Magnussen DEN HAAS FERRARI 5
14 Pascal Wehrlein GER SAUBER FERRARI 4
15 Daniil Kvyat RUS TORO ROSSO 4
16 Jolyon Palmer GBR RENAULT 0
17 Marcus Ericsson SWE SAUBER FERRARI 0
18 Lance Stroll CAN WILLIAMS MERCEDES 0
19 Fernando Alonso ESP MCLAREN HONDA 0
20 Antonio Giovinazzi ITA SAUBER FERRARI 0
21 Stoffel Vandoorne BEL MCLAREN HONDA 0

 

Classificação das equipas:

POS Equipa PTS
1 FERRARI 196
2 MERCEDES 179
3 RED BULL RACING TAG HEUER 97
4 FORCE INDIA MERCEDES 53
5 TORO ROSSO 29
6 WILLIAMS MERCEDES 20
7 RENAULT 14
8 HAAS FERRARI 14
9 SAUBER FERRARI 4
10 MCLAREN HONDA 0

 

Fábio Mendes

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