Depois de “tanta porrada” nos motores diesel, tinha que começar a acontecer uma grande mudança e uma grande queda nas vendas por toda a Europa. E por isso durante a primeira metade deste ano, a venda de automóveis a gasolina, foi superior à venda de automóveis a gasóleo.
Já lá vão os tempos em que os automóveis com motores a diesel dominavam os mercados da Europa. Eram os favoritos de todos, especialmente dos portugueses, que mesmo sem fazendo as contas domésticas, para ver se compensava comprar um diesel em vez de um carro a gasolina, para as suas deslocações, o diesel era logo escolhido quase de olhos fechados. Porque fazendo bem as contas, ter um carro a gasóleo para fazer menos de 35 km por dia ou menos de 35 mil km por ano, não compensa.
Pagamos menos à saída de uma bomba de combustível com um carro a diesel, é verdade sim, mas depois com a manutenção muito mais cara, o selo automóvel mais caro e com o dinheiro que pagamos a mais no ato da compra, fazendo as contas, perdemos mais dinheiro do que se tivéssemos comprado o mesmo carro mas com um motor a gasolina.
E depois também com as recentes notícias do Dieselgate, do qual ainda há muito por desvendar, a possível e cada vez mais certa proibição de circulação de automóveis a diesel no centro de todas as capitais europeias em 2025, o aumento dos agravamentos nos selos dos carros a diesel, os caros problemas que alguns carros a diesel tem com os ditos filtros de partículas e o aparecimento das motorizações a gasolina de baixa cilindrada com turbo, que conseguem ter a mesma potência, o mesmo desempenho, mas com custos muito mais baixos que um diesel com a mesma potência mas com mais cilindrada, estão a fazer as pessoas pensar duas vezes antes de comprar um carro novo.
Os números não enganam, durante a primeira metade do ano de 2016 a quota de venda de automóveis a diesel era de 50,2% e para este ano, no mesmo período de tempo, a quota baixou para 46,3%. Já a quota de venda de automóveis novos a gasolina subiu de 45,8% para 48,5%. Já os outros tipos de motorizações (híbridos, elétricos, GPL e GN) tem uma quota de mercado de apenas 5,2%.
Isto traduzido para números reias, dá 152 323 automóveis vendidos a gasóleo, 328 615 automóveis vendidos a gasolina e apenas 103 215 automóveis vendidos com outros tipos de motorizações.
Mas, e tudo na vida tem um mas, apesar da venda de menos carros a diesel, não quer dizer que as emissões de CO2 baixem. Lá está, para isso acontecer e as metas da União Europeia serem cumpridas, os construtores tem que apostar ainda mais nos motores alternativos, especialmente nos motores híbridos e elétricos.
Segundo declarações de Erik Jonnaert, Secretário Geral da ACEA (Associação Europeia dos Construtores Automóveis):
“Propulsores alternativos terão, sem dúvida, um papel crescente no mix de transportes e todos os construtores europeus estão a investir fortemente neles. Para esse fim, mais terá de ser feito para encorajar os consumidores a comprarem veículos alternativos, como por exemplo, disponibilizar incentivos e implementar uma infraestrutura de carregamento por toda a UE.”
Por isso os motores a diesel começam a ter os dias contados e a perder cada vez mais expressão no mercado. Não acredito que desaparecem de “rajada” do mercado automóvel, mas com o aumento de motorizações alternativas, com os elétricos a terem mais autonomia, a terem preços mais económicos, a serem criados mais postos de carregamento, com o desenvolvimento de melhores e mais sofisticados motores a gasolina, com as marcas a desinvestir no desenvolvimento dos motores diesel por ser demasiado caro cumprir as regras de poluição e com as pessoas a mudar de mentalidade, este tipo de motores a diesel vai continuar a desaparecer cada vez mais, dia após dia …
Fonte: Razão Automóvel
Flat Out. Boas Curvas
Fábio Guedes