Num país que vive em demasia um futebol que se torna cada vez mais tóxico, comparar Oliveira a CR7 pode ser mal interpretado, mas vou tratar de já de explicar o porquê. Oliveira ainda não é ainda o melhor do mundo, ainda não tem o mediatismo que merecia, mas tem características comuns a Cristiano Ronaldo que devem ser louvadas… a determinação e a capacidade trabalho.
Oliveira está a fazer o seu caminho rumo à categoria máxima do motociclismo com muito trabalho e brilhantismo. As mais recentes vitórias são apenas o culminar de um trabalho sério e valorizado por todos os que seguem e competem no Moto2.
Começou a dar nas vistas em 2005 quando venceu o campeonato Português de MiniGP e o World Festival Metrakit em Espanha, frente a 192 pilotos oriundos de 14 nações. No ano seguinte “limpou” todas as corridas do Campeonato Andaluz (sem poder pontuar). Em 2007 o sucesso mantinha-se com a vitória no campeonato Mediterrâneo Pre-GP125.
Em 2008 mostrou-se também no Redbull Rookies, com duas vitórias consecutivas nas três participações e nos anos 2009 e 2010 participou no campeonato espanhol, onde foi vice-campeão atrás de Viñales por apenas 2 pontos, além de se ter sagrado campeão vice-europeu.
Foi para o campeonato do mundo em 2011 e depois de um início complicado, em 2012 começou a evidenciar o seu talento com 2 pódios. Em 2013 muda-se para a Mahindra e oferece o primeiro pódio à marca. Em 2015 assina pela KTM Ajo Motorsport e voltou a sagra-se vice-campeão com 6 vitórias e a 6 pontos do vencedor.
2016, o ano de estreia no Moto2 não foi o melhor com uma lesão que o impediu de participar em 4 provas e uma moto que não permitia grandes feitos. Para este ano, mudou-se de novo para a KTM e conseguiu 3 vitórias, 9 subidas ao pódio e duas pole positions, com o 3º lugar final.
Como se pode verificar, Oliveira conseguiu ser sempre bem sucedido por todas as categorias por onde passou. Além disso, teve de enfrentar dificuldades e fases menos positivas, a que respondeu sempre com trabalho e dedicação, algo sempre reconhecido pelas equipas por onde passou, sendo escolhido pelo seu talento e capacidade para fazer evoluir as suas máquinas. Oliveira é mais do que apenas um piloto para os fins de semana de competição. É também uma peça vital na engrenagem das equipas por onde passa, pelo seu profissionalismo.
O futuro do português adivinha-se risonho e todos temos a grande esperança que ele suba ao MotoGP. Já se sabe que os portugueses que competem no desporto motorizado têm sempre uma grande desavantagem em relação aos restantes… falta de apoio. Mas é tempo de enaltecer o talento, mas sobretudo o trabalho de Miguel. Num mundo onde são necessários exemplos inspiradores para os jovens, temos Oliveira que compete ao mais alto nível, estuda, consegue ser sempre bem sucedido, graças à dedicação e profissionalismo e ainda tem tempo para organizar uma competição com o seu nome para que jovens talentos possam mostrar o que valem. Que estas vitórias possam abrir portas para outros voos. Mig44 tem asas para chegar muito longe.

Devo admitir que não sou muito adepto das duas rodas e que me falta muito do conhecimento mínimo necessário para me considerar um fã a serio, mas com estas prestações de Oliveira, estou tentado em começar a seguir mais atentamente. É este o efeito que tem vermos um compatriota nosso vencer. A curiosidade pela modalidade aumenta… mas não tanto quanto o orgulho de ver a nossa bandeira tão bem representada. Obrigado Miguel.

Fábio Mendes