WTCC – Huff voltou a fazer história

Macau é conhecida como a capital das apostas. Mas para os fãs do desporto motorizado é sinónimo de perigo, emoção, chapa batida e olheiras. O GP de Macau decorreu este fim de semana e o WTCC voltou ao traçado da Guia, depois de 2 anos de ausência. A última vez que o WTCC visitou Macau, ficamos com uma azia tremenda pois Monteiro ficou tão perto da merecida vitória, que já estávamos preparados para trocar o sumo de laranja do pequeno almoço pelo champanhe. Para compensar, no ano passado foi tudo nosso.

Este ano, sem representantes nas 4 rodas, pudemos apreciar com mais serenidade e imparcialidade os eventos que mais uma vez não desiludiram. O inferno (ou será paraíso?) dos chapeiros, teve os ingredientes todos que esperamos de um traçado citadino como o de Macau.

Falando apenas em WTCC, o fim de semana estava destinado a correr bem a Huff. O homem realmente apresenta um nível superior nesta pista e a sua máquina tinha 0kg de lastro, o que comparando com os 70 da Honda e 80 da Volvo, era uma vantagem considerável. Mas há outro piloto que começa a confirmar a sua veia de especialista em citadinos. Michelisz já mostrou em Vila Real que é muito forte e em Macau voltou a comprovar isso mesmo. Foi o  mais rápido nas sessões de treinos livres.

 

Mas na qualificação quem se evidenciou por entre os escombros dos pilotos que não evitaram as armadilhas foi Huff, batendo o recorde de pista. Catsburg, Girolami, Bennani foram apenas alguns dos vários pilotos que deram mais trabalhos aos mecânicos das equipas. Bennani conseguiu ter a sorte do seu lado e dada a quantidade de carros acidentados, foi preciso recorrer os tempos da Q1 e aí ficou com a pole para a corrida de abertura.

 

O marroquino não deixou escapar a hipótese de vencer em Macau e não largou a primeira posição de início a fim da corrida de abertura. Coronel, que largou do segundo posto, aproveitou para levantar o troféu de 2º classificado e Michigami tornou-se no primeiro japonês a subir ao pódio do WTCC. Bjork ainda lhe mordeu os calcanhares, mas Michelisz depressa chegou à traseira do Volvo, até à penúltima volta, quando bateu contra as protecções da pista e provocou um tampão, não deixando passar mais ninguém, acabando com a corrida mais cedo.

A 2ª prova do fim de semana era a oportunidade de ouro de Huff chegar à 9ª vitória em Macau e conseguiu. Michelisz apertou no início mas não acompanhou o andamento do britânico, que geriu a corrida de forma exemplar, numa pista molhada. Atrás, a única nota de destaque foi para a excelente exibição de Guerrieri e para o 10º lugar de Szabo. Claro que a corrida foi interessante, como sempre é em Macau, com a novidade da pista molhada, o que colocou um desafio extra aos pilotos.

 

Destaques:

 

Rob Huff: 9 vezes é obra! “Macau é a minha pista” disse ele na antevisão da prova e não está longe da verdade. É o piloto com mais sucesso no Circuito da Guia e compensou em Macau um ano que só pode ser avaliado de forma negativa. Tem um carro competitivo, tem talento, mas não tem os resultados que lhe permitam lutar pelo título, o seu objectivo no início do ano. Tem de se contentar com o troféu WTCC e aí as coisas estão também muito renhidas.

 

Os Citroen: Huff venceu, Bennani venceu e Chilton subiu ao pódio. Se esquecermos Filippi, que demora em mostrar algo mais, e Ma que teve um regresso para esquecer, foi um fim de semana daqueles a que estávamos acostumados num passado recente… com os C-Elysée sempre na frente. Este fim de semana teve uma diferença considerável, que foram os 0kg de lastro das máquinas francesas. Isto mostra bem da diferença que é ter uma equipa oficial ou ter uma equipa privada com menos recursos. Os carros são os mesmos, os pilotos têm qualidade mas falta o resto. Bennani conseguiu aproximar-se de Chilton, e está agora apenas a 0.5 pontos do britânico, líder do Troféu WTCC. Huff está a 13. No campeonato, Bennani subiu para 3º, ultrapassando Catsburg. A evolução do marroquino tem sido notável e já longe vão os tempos dos erros grosseiros.

Honda: Mais um bom fim de semana da equipa. O carro foi muito competitivo, mesmo com uns quilos a mais, Michelisz aproximou-se de Bjork e está na luta pelo título, Michigami resolveu ajudar na luta pelo campeonato de construtores que também será apenas decidido em Losail. Guerrieri mostrou novamente qualidade e tem sido uma aposta ganha. Está tudo em aberto e mesmo com alguns azares, a equipa mantém-se na luta pelo título.

 

Volvo: Por falar em título, os suecos tiveram um fim de semana fraco. Catsburg não parece gostar muito de citadinos e não esteve ao seu nível, Girolami também não convenceu e mesmo Bjork fez apenas os mínimos para se manter na frente. Foi a estreia do S60 em Macau e talvez por isso tenha havido alguma inexperiência à mistura, mas no geral foi uma estadia pouco positiva.

 

Ehralcher: Um fim de semana fraco. Não foi o Ehralcher do costume e não se notabilizou. E quando falamos de um jovem rookie desta forma negativa é… positivo. É sinal que esperamos mais dele.

Vamos ter então direito a uma grande final. Bjork vs Michelisz, Honda vs Volvo, no encerramento de um dos campeonatos mais renhidos dos últimos tempos. É uma final que promete ser emocionante por vários motivos: As decisões só por si e porque pode ser o fim desta era do WTCC. As negociações para que o mundial de turismos adopte a regulamentação do TCR prosseguem e dizem os rumores que pode ser uma realidade. O WTCC precisava de novidade e precisava de baixar os custos. Estas máquinas são espectaculares mas muito caras, e o interesse depressa desvaneceu, pois a Citroen entrou de rompante sem dar hipótese (talvez por culpa dos responsáveis que assim também o permitiram). Apenas a Volvo se interessou e vê-se agora na situação de ter de abandonar um projecto mais cedo que o previsto.

Mas o TCR pode ser uma boa solução para o WTCC. É muito mais barato, tem variedade de máquinas, o que agrada sempre, e vai proporcionar boas e recheadas grelhas de partida. É um retrocesso ao nível da exigência que se coloca no piloto, mas aumenta-se a exigência nas lutas em pista, o que o público prefere. O porreiro era que as marcas entrassem a serio para elevar o nível. Um campeonato sem marcas é interessante mas fica a faltar algo. Claro que é preciso avisar que não se pode gastar muito para os privados terem uma palavra a dizer, mas era uma mais valia.

Por tudo isto, pode ser um final de época em grande para o WTCC. Vai valer a pena ver.

 

Fábio Mendes

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