TCR Portugal – Edgar Florindo: “Quero ganhar as primeiras corridas do ano e lutar pelo título”

Foi um dos nomes em destaque no final da época 2017 no campeonato nacional de velocidade. Edgar Florindo terminou a época em grande, com 8 pódios em 8 corridas, incluindo 2 vitórias. Foi um ano que começou de forma menos positiva, mas o piloto conseguiu dar a volta à situação e tornar-se num dos destaques. Fomos falar com Florindo para nos fazer um balanço de 2017 e nos dar já uma perspectiva de 2018.

 

2017 foi um ano com alguns baixos e muitos altos. Que balanço fazes da época que passou?

Faço um balanço positivo. Em 2017 estreei-me no TCR Portugal, consegui subir ao pódio e vencer. Admito que os objectivos para esta época foram superados e estou muito satisfeito. Não foi um ano fácil e tivemos de enfrentar vários desafios, mas as corridas são mesmo assim e consegui no final mostrar o meu verdadeiro valor. Foi uma experiência que me fez crescer muito enquanto piloto. Na primeira metade do ano tive a companhia do Nuno Batista e criamos uma relação muito boa. Foi a primeira vez que partilhei o carro com outro piloto e a experiência foi positiva, embora os resultados não o tenham sido nessa fase. Acima de tudo, consegui mostrar valor e assumir-me num campeonato com pilotos de muita qualidade e isso deixa-me orgulhoso.

 

As primeiras corridas não correram da melhor forma. Não ficaste preocupado nessa fase?

Um bocadinho, admito que não foi uma fase fácil para toda a equipa. Tivemos dificuldade em encontrar a afinação correcta para o nosso carro, o que nos custou caro na primeira metade do ano, e principalmente no resultado final do campeonato. No Estoril não correu bem e em Portimão penso que até estivemos ligeiramente pior, mesmo tendo testado lá antes. Claro que começar assim nunca é bom, mas sempre mantive a mesma confiança até porque quando comparava os meus tempos com os dos meus colegas, que já tinham mais experiência, estava ao mesmo nível, por isso entendi que era uma situação que teríamos de enfrentar em conjunto. Fico só com a dúvida de onde poderia ter chegado se encontrássemos uma boa afinação desde o início, no mínimo talvez um 3º lugar nas contas finais, mas não perco muito tempo com isso. Foi duro, mas demos a volta e assim, as vitórias ganham outro sabor.

 

Qual foi o momento que ditou a mudança de rumo? Braga foi o ponto de viragem?

Braga foi o culminar de muito trabalho, mas senti que a equipa deu um passo rumo ao sucesso em Vila Real. A equipa entendeu que eram necessárias mudanças e trabalhou nesse sentido, com a adição de pessoas novas que foram muito importantes, como o caso do engenheiro de pista que passou a ajudar a equipa. Penso que aí foi o momento em que a equipa “engrenou” e começou a mostrar potencial. Em Vila Real senti que tinha um carro competitivo, mas infelizmente tal não se verificou em pista, devido ao acidente que tive, e com o problema na partida do Nuno na corrida 2. Mas tínhamos andamento para andar na frente. Em Braga confirmamos o que sentimos em Vila Real e os resultados apareceram. Encontramos uma afinação boa e consegui rodar mais perto dos pilotos da frente e isso fez toda a diferença.

 

Braga foi o momento mais alto do ano?

Tive alguns bons momentos este ano, mas Braga foi especial porque consegui chegar ao meu objectivo. Sabia que tinha um período de adaptação a esta nova realidade, mas nunca escondi a ambição de andar na frente. A sucessão de pódios em Braga, com a vitória na última corrida teve um sabor especial pois para além de ter sido a primeira, foi o confirmar daquilo que eu já sabia, mas poucos acreditavam…. Que podia vencer… Partilhar aquela vitória com quem sempre acreditou em mim, a minha família e os meus amigos foi sem dúvida algo muito importante.

 

Sentes que já conquistaste o teu espaço no automobilismo nacional?

Não penso muito nisso. É muito bom ver o esforço reconhecido, mas desde que comecei a competir que o meu foco esteve sempre na conquista de resultados. Sabia que para me evidenciar teria de o provar em pista e foi o que aconteceu tanto nos Legends como agora no TCR. Se acho que as pessoas olham para mim de forma diferente agora que venci corridas? Acredito que sim, mas a minha postura é a mesma.

 

 

Olhando para trás e recordando o teu percurso até agora, sentes-te orgulhoso do que fizeste?

Muito! Entrei no automobilismo relativamente tarde e se formos a ver o número de corridas que tenho efectivamente feitas, são muito poucas. Se juntarmos tudo, entre Legends e agora TCR tenho 15 corridas feitas em circuitos, mais 3 Rampas e 1 Rali. Sem falsa modéstia, só posso estar orgulhoso do meu trajecto até agora. Há quem possa pensar que foi fácil, mas foi necessária muita dedicação e muito trabalho para chegar até aqui. Mas se calhar, graças a todas as dificuldades e todos os desafios que consegui ultrapassar, dou mais valor à posição em que estou agora. Trabalhei com muitas pessoas ao longo destes anos e todas elas sem excepção, foram importantes para o meu crescimento. Cada uma delas me acrescentou alguma coisa. Aprendi muito neste trajecto e tenho ainda muito mais a aprender, passei por momentos únicos, que agora à distância talvez me tenham feito gostar ainda mais das corridas.

 

Há termo de comparação dos Legends para o TCR?

Não. São mundos completamente diferentes. Nos Legends, para além de piloto, também era condutor do camião, chefe de equipa, assistente. Tinha de fazer um pouco de tudo e admito que era mais cansativo. Um fim de semana de provas era um desafio de início a fim com as montagens, a preparação e as provas. No TCR estou um patamar muito perto do profissional, onde me posso focar a 100% na minha pilotagem. Os carros TCR exigem muita minúcia e para se vencer, todos os pormenores contam. Se me perguntarem de qual gosto mais, a nível de pilotagem, gosto dos dois estilos. A nível de competitividade o TCR, pois nos Legends, um carro de maior potência faz toda a diferença e no TCR isso não existe. Além disso, o nível dos pilotos  é diferente.

 

 

Que planos tem para 2018? Vai competir no campeonato nacional? Sozinho ou dividindo carro? Em que estrutura vais competir?

Em 2018 quero manter-me no TCR Portugal a solo. Estou ainda em fase de negociação com os patrocinadores para ver se consigo o orçamento necessário para tal, mas se o conseguir o plano está definido. Esteve em cima da mesa a hipótese de fazer uma competição internacional, o TCR Europe, mas a vontade de ser campeão nacional fala mais alto. Este ano irei correr na Veloso Motorsport o que será um novo e motivante desafio para mim. No entanto gostaria de aproveitar para deixar um abraço especial a todos os elementos da Speedy.

 

Que objetivos tens para a próxima época? Ser campeão?

Acho que tenho valor para andar na frente, mas nas corridas tudo pode acontecer. Quero lutar pelo melhor possível e claro que o titulo está na minha mente, mas ainda falta preparar muita coisa e como tal, prefiro uma abordagem passo a passo. Quero ganhar as primeiras corridas do ano, isso digo-o com toda a frontalidade, mas a partir daí iremos passo a passo.

 

 

Quem viu o início do ano nunca pensaria que o piloto de Vila Real tivesse um final de ano tão forte. Poderia mesmo pensar-se num ano completo de adaptação e então em 2018 sim a aposta forte. Mas Florindo adaptou-se com rapidez e a forma como se apresentou no final prova que vai ser um nome a ter em conta para a época que se avizinha. Na nossa opinião, o ponto forte de Edgar Florindo é a força mental. A forma fria como aguentou a pressão dos adversários nas duas provas que venceu merece destaque, especialmente na vitória em Portimão onde teve de se defender de dois pilotos.

O facto de ter pensado já em rumar a outras paragens é um indicador forte da ambição e confiança que tem. São ingredientes fundamentais para o sucesso. Ter optado por ficar talvez tenha sido mesmo uma opção sensata, desde que o campeonato nacional apresente mais carros e mais pilotos.

Vila Real ganhou mais um digno embaixador das suas cores e da sua tradição e a bandeira da capital transmontana irá subir mais vezes ao pódio.

 

 

Chicane Motores

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