Lembram-se daquela malta que quer aproveitar os pneus até ao fim, mesmo esquecendo o código da estrada, e esperam que o arame fique de fora para fazer a troca? Pois bem, os pneus de Vettel levaram uma tareia valente, mas o alemão conseguiu vencer a segunda corrida do ano. Claro que para os mais cépticos terá sido uma corrida morna (já conhecemos o discurso) mas o Bahrein trouxe muitas lutas, ultrapassagens boas e… a segunda vitória de Vettel este ano.
Ferrari: “Está tudo sob controlo!”
Foi a mensagem rádio que Vettel lançou a dez voltas do fim, na tentativa de enganar a Mercedes. Na verdade queria dizer “está tudo f*****, mas vamos tentar ainda assim”. O alemão largou bem e aguentou a primeira posição na fase inicial da corrida, capitalizando o seu esforço na qualificação que lhe deu a pole. Quando parou a primeira vez, esperava que viesse a repetir a passagem pelas boxes, mas o incidente na paragem de Kimi, que feriu o mecânico, complicou as contas à Scuderia que deu ordens para o piloto ficar em pista… até ao fim… com pneus macios. Uma estratégia arrojada que tinha tudo para dar errado, mas deu certo graças à brilhante gestão de Vettel, que fez uma corrida “à la Red Bull”. Ainda teve o gostinho de passar Hamilton, mas as estratégias eram completamente diferentes. Bottas é que foi a maior ameaça, mas o tetra-campeão alemão não se assustou. Já Kimi estava a fazer uma boa corrida quando o pit stop o atirou para fora de prova. Uma falha na roda traseira direita e no sistema das boxes lançou a confusão e acabou com uma perna partida em dois sitio do mecânico da Ferrari. Nota para as paragens da Ferrari. O kit que a Haas usa é fornecido pela Ferrari e a Scuderia teve um problema similar ao da Haas durante o fim de semana. Há motivos para pensar que o hardware tem problema e que os italianos têm de ver com atenção o material usado nas paragens. Outra nota para a capacidade que o carro da Ferrari tem para fazer durar os pneus, um dos pontos fortes nos últimos anos.
Sebastian Vettel – nota 10
Kimi Raikkonen – sem nota
Ferrari – nota 9
Mercedes – Parece que fizeram asneira outra vez
É muito fácil dizer que sabíamos o resultado de um jogo depois de ele ter acontecido. A Mercedes tem errado ao nível da estratégia, mas não se pode dizer que tenham tido a vida fácil. Na última corrida ficou no ar a impressão de que poderiam ter pressionado mais Vettel. Hamilton e Bottas tinham uma estratégia mais favorável e tinham hipóteses de atacar mais o alemão. Aqui, o ponto chave foi que ninguém esperou que Vettel fizesse render os pneus quase 40 voltas quando a janela operacional destes era de aproximadamente 25 voltas. Foi este truque que lixou a Mercedes que ficou na expectativa de um decréscimo súbito dos pneus do Ferrari (chamdo de “cliff”) que não aconteceu. Se Bottas tivesse mais duas voltas teria passado Vettel sem grande problema mas para isso deveria ter puxado mais. Gestão de pneu? Gestão de combustível (factor importante nesta pista)? Só eles o saberão. Mas num 2 para 1 ficaram a perder. Bottas limpou um pouco a imagem e Hamilton fez uma boa recuperação depois da penalização por troca de caixa e subiu do nono para o terceiro lugar. A Mercedes tem o melhor carro mas nem sempre isso é suficiente para se vencer. As duas últimas corridas provaram-no de forma inequívoca.
Valtteri Bottas – Nota 9
Lewis Hamilton – Nota 10
Mercedes – nota 8
Toro Rosso – Ficaram de olhos em bico de tanto sorrir
Pierre Gasly conquistou o seu melhor resultado na F1 e a Toro Rosso há muito tempo que não tinha ficado tão perto do pódio. A última vez que se viu uma festa tão grande, Vettel espalhava magia na STR… já lá vão uns aninhos. O francês fez uma corrida do catano, para completar o ramalhate, depois de uma qualificação também ela muito boa. A equipa teve a estratégia ideal e “Gas Gas” fez o que lhe competia… levou a Toro Rosso e a Honda a um quarto lugar. Isto há uma semana atrás soava a anedota. O piloto francês merece todo o crédito até porque teve de medir forças com Magnussen que não é conhecido por ser meigo em pista. Um dos melhores deste fim de semana. Já Hartley… começa a soar a desilusão. O rapaz é bom piloto sem dúvida e tem dois títulos de campeão do mundo de endurance no CV. Mas na F1 não parece conseguir mostrar o verdadeiro valor. Aquela travagem falhada com Pérez ficou mal e já tem sido recorrente. Tem de mostrar mais.
Pierre Gasly – Nota 10
Brendon Hartley – Nota 5
Toro Rosso – Nota 9
Haas – Magnussen a mostrar o que vale
Fora de pista parece ser um rapaz educado (quando Hulkenberg não está por perto) e afável, excepto nas conferencias de imprensa. Em pista tem um feitio difícil e não aceita muito bem que passem por ele sem pedir licença. Ainda nos lembramos das exibições dele na Formula Renault 3.5 e o rapaz tem um kit de unhas jeitoso. Ontem fez bom uso dele e conquistou um quinto lugar bem conseguido. A qualificação correu-lhe bem e na corrida mostrou que o potencial da Haas não é só teórico. Já Grosjean começou mal na qualificação que lhe deu cabo do resto do fim de semana, em que esteve longe do andamento do colega. Ainda tentou embrulhar-se com o colega de equipa mas foi mandado para as boxes antes que recebessem uma reprimenda por abuso de vernáculo.
Kevin Magnussen – Nota 8
Romain Grosjean – Nota 5
Haas – Nota 8
Renault – Quarta força do grid? Ainda não!
Esperávamos que fosse a Renault a estar na luta pelo top 5, mas ficamos a ver Hulkenberg atrás de um Haas e de um Toro Rosso. Isto na F1 muda mesmo rapidamente. Hulk fez uma boa corrida, com uma boa ultrapassagem no início da prova a Ocon e depois fez a corrida possível, sempre com Alonso a pressionar. Já Sainz esteve abaixo do esperado. Começou o fim de semana com muitas queixas, insatisfeito com o equilíbrio do carro, e talvez por isso nunca tenha chegado onde se esperava… perto do seu colega de equipa. Ficou fora dos pontos e não esteve ao nível do que nos habituou. A Renault continua a não mostrar o que se esperava.
Nico Hulkenberg – Nota 8
Carlos Sainz – Nota 5
Renault – Nota 7
McLaren – Soaram os alarmes… a Toro Rosso fez melhor
O pior cenário confirmou-se. A McLaren ficou atrás da STR logo à segunda corrida. A qualificação correu muito mal à equipa e os alarmes soaram, com uma conferência de imprensa cancelada e uma reunião com os engenheiros de equipa. Tudo resolvido internamente (ao contrário do que é moda agora em Portugal), mas com sinais claros de tensão. Em corrida as coisas correram melhor muito graças a Alonso e a uma boa estratégia. Vandoorne beneficiou disso e conseguiu recuperar da sua péssima largada, e Alonso mesmo com estratégias erradas consegue fazer milagres. Está em modo Ferrari 2013 em que com um carro fraco apresenta resultados. Alonso é aquele gestor de conta de sonho, ao qual damos 5 euros para investir e ele transforma aquilo numa férias de sonho. Já não se fazem empregados assim.
Fernando Alonso: Nota 8
Stoffel Vandoorne: Nota 8
McLaren: Nota 7
Alfa Romeo – Sauber – E não é que Ericsson marcou pontos???
Sabem quando foi a primeira vez quer Ericsson marcou pontos? Em 2015. E a última? Em 2015. Ericsson esteve dois anos a seco sem saber o que é estar no top 10. Ontem, com um Sauber ainda em fase de crescimento, fez o que poucos esperavam e colocou a equipa nos pontos. Estávamos confiantes que tal iria acontecer, mas suspeitávamos que fosse um sujeito de sotaque francês a fazê-lo. Ericsson fez questão de nos relembrar que não percebemos nada disto e foi ele que passado tantos anos, voltou a colocar o nome Alfa Romeo nos pontos. Ah “ganda” Marcus pá! Já Leclerc ficou apenas em 14º, mas não fez uma má corrida, ao contrário da qualificação em que errou e admitiu.
Marcus Ericsson: Nota 9
Charles Leclerc – Nota 7
Sauber – Nota 8
Force India – Pouca Force até ao momento
Estão fracos os homens de cor de rosa. O carro está ainda na fase de testes, e esperava-se que esta semana a nova asa dianteira permitisse um passo substancial. Nos F1 modernos a asa dianteira tem um papel fulcral na performance de um carro, pois direcciona o ar para as áreas que vão criar mais apoio aerodinâmico, mas pelos vistos esta nova evolução não teve os efeitos desejados e a nova peça foi rejeitada, algo raramente visto na Force, especialmente desde o uso do túnel de vento da Toyota. Ou seja… tanto trabalho para nada. Os resultados estão a vista e Ocon conseguiu um pontinho enquanto Perez ficou arredado dessa discussão devido ao toque com Hartley. Esta malta ainda vai dar a volta.
Sérgio Perez : Nota 6
Esteban Ocon: Nota 7
Force India: Nota 7
Williams – Dizer que foi fraco é eufemismo
Já se esperava que o inicio do ano fosse complicado para a Williams. Mas não que se tornasse trágico como está a acontecer. Sem andamento, sem carro (sem pilotos dirão alguns), está tudo mal na equipa. Os engenheiros vão perder muito cabelo e sanidade mental a tentar encontrar soluções para um carro que não rende nem de perto nem de longe o que se esperava. Voltaram a fechar o baile o que não deixa de ser triste para uma equipa com a história da Williams.
Sergey Sirotkin: Nota 6
Lance Stroll: Nota 6
Williams : Nota 4
Red Bull – Valia mais ter ido logo para a China
No paddock circulava o rumor que os Red Bull eram os mais rápidos em configuração de corrida, o que lhes poderia dar motivos para sorrir no domingo. Em vez de sorrisos tivemos mãos na cabeça e dose reforçada de anti-ácidos. O carro de Ricciardo morreu sem avisar e deixou o australiano apeado. Verstappen foi de faca nos dentes mas deu-se mal e acabou fora de prova também. Dupla desistência e um fim de semana para esquecer. Verstappen é um tipo agressivo em pista o que é bom, mas para seu bem terá de dosear melhor isso. No incidente com Hamilton fez o que tinha a fazer. Se não arrisca ali, mais vale encostar e ir para casa para o simulador. Mas temos a sensação que o rapaz está nervoso, que quer fazer tudo de uma vez e para quem vai já para a quarta época na F1, é estranho. Tem de ter mais calma. A malta sabe que és bom Max, mas respira!
Daniel Ricciardo / Max Verstappen / Red Bull: sem nota
O mecânico da Ferrari foi operado a dupla fractura e pelos vistos está a recuperar bem. É a prova que por mais Halos e medidas de segurança que se usem… o perigo do desporto motorizado é sempre uma constante. Outra nota para o comentário de Vettel que defendeu Hamilton por ter chamado…desastrado (por outras palavras) a Verstappen. Realmente estarmos com esse tipo de mariquice não ajuda. No futebol vemos malta a insultar o arbitro, a família do arbitro, os ancestrais e os filhos que ainda não nasceram e pensamos… normal está a desabafar. Um piloto de F1 que acaba de fazer um GP e está visivelmente cansado tem também direito a um desabafo mais jocoso. Até faz bem as audiências e tudo.
Já agora… façam o favor de comentar. Digam que concordam com as notas ou tratem-nos mal, ou façam-nos um desenho. Mas comentem ok? 😉