Análise ao CPVT do Racing Weekend de Braga

Muito se falou sobre o início do campeonato nacional. Uns diziam que estava acabado, outros diziam que não ia ter grandes motivos de interesse, mas depois da primeira amostra em Braga, há motivos para estaramos optimistas. Nunca duvidamos do potencial deste campeonato, especialmente pela qualidade das equipas e dos pilotos e a única coisa que faltava, era mais carros em pista. Faltava e falta, e o problema não está nos TCR. Tivemos 7 TCR em pista o que para a nossa realidade é muito bom. Faltaram sim os TCC e os Supercars. Com mais uns 5 ou 7 TCC a coisa ficava bem encaminhada e nem era preciso misturar os GT´s (se bem que gostamos de ver o GT-R em pista).

Para verem o potencial que temos e que poderia ser aproveitado, à grelha que tivemos em Braga, se juntassemos um César Machado (que definitivamente devia estar a competir, pelo grande talento que tem), um Edgar Florindo (o motivo para não participar no campeonato deste ano é agora público e perfeitamente válido), um Nuno Batista, se conseguissemos trazer de volta outros nomes como José Rodrigues e Fábio Mota (e estamos a falar apenas de pilotos que competem ou já competiram em TCR), estão a ver a qualidade de corridas que podiamos ter? Isto para não falar de outros pilotos já com provas dadas que encaixariam como uma luva neste formato. O que falta? Simples, falta dinheiro. Pelo vistos o promotor não tem o dinheiro que precisa para dar o salto e os pilotos veem-se aflitos para arranjar os orçamentos.

Em Braga esteve muita gente, todos se deram bem, vimos BMW azuis e não soubemos de ninguém que andasse à paulada. Se as grandes marcas deixassem de lado o futebol, cada vez mais podre, e apostassem noutras modalidades, talvez fosse bom para as marcas, que deixavam de estar ligadas a um desporto cada vez menos claro, era um “abre olhos” para o futebol e uma oportunidade de outros desportos crescerem. E na velocidade temos muito talento quer cá dentro quer lá fora. Faz confusão também as marcas não apostarem mais no automobilismo. Então se a Cupra quer vender carros, não faz sentido dar dinheiro a pilotos que usem as suas máquinas e em troca terem os pilotos a falarem dos carros e a mostrarem as capacidades dos mesmos? Eu pessoalmente ficava mais convencido de comprar um Cupra se visse um Mora, ou um Salvador a rasgar pneu à brava, do que ver dúzia e meia de bailarinos a fazer cambalhotas à volta de um carro espanhol, cujo o verdadeiro dono é alemão, ao som de uma música brasileira, cantada por americanos. Falamos com o promotor do evento e há mudanças que estão a ser pensadas para o futuro que podem melhorar os campeonatos, mas para isso é preciso que a FPAK também ajude. Escusamos de ir pelo jargão que em Portugal não se faz nada de jeito… Euro 2004? Melhor organização de um Europeu. Eurovisão? Melhor festival de sempre. Somos os melhores em tudo… desde que haja dinheiro. Sem condições é dificil.

Vamos terminar com o desabafo e seguimos já para algumas notas do que nos pareceu mais relevante:

 

– Ficamos agradados, assim como os elementos da Novadriver, pela vitória do Volkswagen Golf na corrida 1. Não costuma ser uma pista onde o carro se dê bem, mas a vitória na primeira corrida, com Armando Parente ao volante, deixou alguns queixos caídos. O Golf costuma abusar do “calçado” em Braga e na corrida 2, José Cautela não conseguiu fazer a mesma gestão do seu colega de equipa que aproveitou um excelente arranque para se manter na frente e conquistar a primeira vitória do ano. A pior já passou e as próximas pistas costumam ser mais acolhedoras para o VW.

– Bom andamento do Seat Leon DSG da BomPiso (apoiado pela Martins Speed), especialmente durante a segunda corrida com Daniel Teixeira ao volante. Mesmo que o carro tenha estado a competir com pneus Michelin, diferentes dos Yokohama, foi uma boa prova do Supercar. Daniel Teixeira mostrou que se pode misturar com “os grandes” do TCR e evidenciou um ritmo bem interessante. A seguir com atenção!

– João Sousa esteve bem na corrida 1. Os TCC são uma boa aposta para o campeonato, para quem tenha um orçamento mais baixo e queira competir ao mais alto nível nacional. Por isso é que o piloto e a sua estrutura, a Garagem Veiga Competição, continuam a querer provar que pode ser por aqui o caminho para uma grelha maior. Esperam-se mais entradas nesta categoria nas próximas provas (foi nos dito que tal acontecerá em breve). Desde o ano passado que a equipa de Vila Real continua a dizer “por aqui também é caminho” sem ninguém dar valor ao seu trabalho, mas estamos certos que com a convicção demostrada e com o ritmo que apresentaram este fim de semana em pista, haverá gente a olhar de outra forma para estas máquinas.

– Boa demonstração da “velha guarda”. Francisco Carvalho e Pedro Salvador conseguiram excelentes resultados e a combinação de pilotos mais velhos, com alguma juventude irreverente (mesmo jovens são pilotos já com muitos Km’s) é fantástica. Dá um ar de WTCR ao Nacional e espectáculo para os adeptos. São poucos pilotos, mas muito bravos! O facto de ter os Supercars, principalmente o GT-R, em pista dá outro colorido à competição e impressiona os adeptos. Em conversa com Pedro Salvador, o piloto admitiu-nos que não estava ainda na forma que queria. Mesmo assim ganhou por isso, já estão a ver o que estes senhores podem trazer ao campeonato.

– O ponto mais negativo, foi a falta de fiabilidade do KIA. Mesmo tendo-se mostrado rápido, os problemas parecem ainda estar lá; as poucas desistências durante as corridas, parecem muitas porque o pelotão já é curto. O Kia pareceu bem rápido mas um furo na corrida 1 e uma correia partida na corrida 2 estragaram o fim de semana a Gião, que pode levar esta máquina a outros voos.

– A malta da Sports&You tem motivos para estar contente. Tem dois excelentes pilotos ao comando da nova máquina que ao vivo é um mimo de ver. Lobato deu a primeira pole ao 308 TCR em solo nacional e deu motivos para a Peugeot Portugal realçar o feito nas redes sociais (é assim que se vendem carros). Abreu teve o azar do seu lado com um encontro de primeiro grau com o campeão em título, mas a máquina mostrou potencial

– Mora esteve… fora. Rima mas é triste. O campeão não teve um fim de semana positivo, para quem vinha com claras e legítimas pretenções de vencer. O toque na corrida 1 acabou com o fim de semana, que até essa altura corrida como habitualmente.., sendo um dos mais rápidos. Mas a motivação que transpareceu na nossa conversa graças ao desafio TCR Europe (tal como aconteceu quando falamos com Abreu) mostrou-nos que Mora é um piloto feliz, motivado e com ganas de mostrar-se ao mundo.

– Uma última palavra para o trabalho do Clube Automóvel de Vila Real. Nota alta ao CAVR pela organização do Racing Weekend para onde foram convidados pela Federação. Adequaram-se a um ambiente que não conheciam (em trabalho como é óbvio) e deram uma bela resposta.

 

Extra 1 – A malta dos clássicos também tem motivos para ficar contente. Carlos Vieira tem trazido um colorido extra ao campeonato e Macedo Silva agora sua bem mais para vencer. Já tinhamos nomes de top como o grande Joaquim Jorge na frente da armada dos Escort este fim de semana mas com Vieira a coisa anima mais. Ainda bem que o campeão de ralis veio dar uma perninha à velocidade.

Extra 2 – Nos Legends o cenário é sempre bravo… boas corridas, bem disputadas, e este fim de semana com um Pedro Alves em grande forma. O piloto de Vila Real já no ano passado mostrou excelente andamento e este fim de semana somou mais 2 vitórias (terceira em quatro provas em 2018). Começa a mostrar-se cada vez mais. Não há por aí um TCR para o rapaz experimentar?

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