WTCC – Quem ficou a ganhar foi Monteiro

Não foi o regresso que o WTCC desejava. Depois de uma paragem de Verão tão grande como as férias da escola, os pilotos do mundial de turismos regressaram à competição… quer dizer, em parte.

O novo circuito de Ningbo foi incluído no calendário do WTCC e como qualquer novo traçado, levantava algumas dúvidas, mas o circuito asiático até foi uma das boas noticias do fim de semana. Não foi a única boa notícia e por isso, vamos passar em revista o que nos mereceu destaque.

Chuva e chuva e chuva e humidade!

Todos os pilotos que ouvimos durante a transmissão do Eurosport diziam a mesma coisa acerca das 3 voltas da corrida principal: o Bruno Correia era o piloto mais rápido e a pista estava muito perigosa. Se durante a corrida de abertura, ainda conseguimos ver a pista mais seca na trajectória usada, assim como aconteceu na qualificação, nas 3 voltas da segunda corrida de hoje o piso parecia estar cada vez mais molhado.

A chuva foi bastante e era perigosíssimo continuar, mesmo que tentassem chegar às 6 voltas que dariam metade dos pontos aos pilotos. Foi melhor para os pilotos que arriscavam, foi mau para o espectáculo, mas até foi bom para o campeonato!

Um traçado interessante

Ningbo pareceu ser um traçado muito engraçado e com possibilidade de muitas ultrapassagens, não fosse o tempo de chuva. Guerrieri deu a entender que existem várias travagens que podem trazer espectáculo a qualquer prova que seja recebida em Ningbo.

Com a construção iniciada em 2015, o projecto da Geely (dona da Volvo) foi pensado para trazer uma nova cultura motorizada à China, numa província em franco desenvolvimento. Com um grande porto próximo do circuito, faz com seja mais fácil e barato colocar toda a máquina logística do WTCC em território chinês. Só foi pena que as bancadas estivessem vazias, mas como se sabe, isso não acontece apenas na China, infelizmente.

Esteban Guerrieri

Com chuva ou sem chuva, o argentino que não sabia se continuaria no WTCC depois da sua prova caseira, já tinha mostrado que não é por correr com um Chevrolet pouco competitivo que se deixa ficar. É ultracompetitivo, esforçado e é muito bom com um volante entre as mãos.

A vitória de hoje não caiu dos céus, ao contrário da chuva, mas veio com duas ultrapassagens arriscadas com o clima que se fazia sentir. Foi uma maravilha no meio do marasmo provocado pelas condições da pista e nem mesmo Nicky Catsburg, que não é nenhum piloto fraco, conseguiu aguentar as investidas de Guerrieri.

Citroën esteve na China?

Os pilotos privados do C-Elyseé quase nem se fizeram notar no meio de tanta chuva, não fossem os maus momentos que provocaram. Filippi ainda conseguiu um lugar na linha da frente da grelha, mas logo depois do Safety Car sair de pista e a luta começar, se notou que o jovem não estava rápido o suficiente para aguentar os adversários atrás dele. Terminou em 6º porque já faltavam muitos pilotos em pista, porque possivelmente o resultado poderia ser pior pelo andamento que evidenciou, ou a falta deste.

Huff e Chilton envolveram-se num incidente normal com as condições que se faziam sentir, o que originou a saída mais cedo dos dois pilotos na corrida de abertura e a partida de Huff do pitlane na corrida principal.

Em sentido inverso estiveram Guerrieri com um Cruze velhinho e Gleason, Ehrlacher e também Filipe de Souza, nos Lada. Os 3 pilotos dos Lada, terminaram no top10 na corrida de Abertura, sendo talvez a melhor classificação dos carros russos este ano.

Monteiro deve ter sorrido

Tiago Monteiro, mesmo não tendo estado presente na ronda chinesa, foi um dos vencedores do dia. O português segue para as próximas provas ainda líder do campeonato, tendo como principal perseguidor Michelisz.

O húngaro esteve discreto, mas pelo fraco desempenho dos Volvo, dá um passo em frente em relação à luta pelo título. Fica nas mãos de cada um dos homens da Honda, a possibilidade de um deles ser campeão do mundo.

Os homens da Volvo estiveram francamente mal, não por culpa própria. O toque entre Bjork e Bennani possivelmente não seria o suficiente para o sueco abandonar, mas a equipa deveria estar mais compenetrada na corrida principal, que veio a terminar apenas à 3ª volta atrás do SC. Num fim de semana em que Bjork poderia passar a liderar o campeonato e Catsburg poderia chegar-se à frente numa posição mais cimeira, a Volvo sai do seu circuito um pouco mais fragilizada.

(Os pilotos foram pontuados com metade dos pontuação FIA, uma decisão tomada depois de já termos escrito esta análise. Assim sendo, Bjork ocupa agora a 1ª posição no mundial, com meio pontos de vantagem para Monteiro. Não obstante, mantemos o que escrevemos, foi um fim de semana fraco para a Volvo.)

Façamos de conta que esta ronda foi um bónus (no campeonato) para os restantes adversários de Monteiro e que estes não quiseram usar o Joker!

 

Pedro Mendes

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