Estar no sítio errado na hora errada.

Há pessoas que ao longo da vida vão atingindo as metas a que se propõem, com mais facilidade que as outras. São chamadas as pessoas de sorte. Os sortudos. Depois há outros que sem fazerem por isso, são apanhados pelo azar, o que faz com que estejam na hora errada no sítio errado. É o caso de “Checo” Perez.

A sua história na McLaren está prestes a acabar. E terá um final bem mais repetindo e menos glorioso do que a maioria esperava.
Perez vai ser mandado embora, sem apelo nem agravo, pelos chefes da McLaren, os mesmos que o foram buscar à Sauber para preencher a vaga de Hamilton, que resolveu bater com a porta. Os mesmos que lhe prometeram um carro para lutar pelo título e que lhe deram um dos piores carros de sempre da McLaren. E foi com este presente envenenado que lhe exigiram resultados.
Perez teve um início tímido. As primeiras corridas não mostraram o verdadeiro Checo. Whitmarsh pediu-lhe para ser mais agressivo e para perder a timidez. Perez assim fez. No Dubai deu água pela barba a quem se meteu com ele, Button que o diga. As corridas seguintes mostram mais um pouco do verdadeiro Perez. Um piloto agressivo, que vai à luta. Começou a cometer alguns exageros, típicos da idade e da posição em que se encontrava.
Começou a ser criticado, de forma injusta, pelos colegas de profissão, por tentar fazer aquilo todos deveriam fazer… ultrapassar. Não foi protegido pela equipa quando as críticas apareceram e o seu colega de equipa também não o poupou. Perez viu se sozinho, numa equipa nova, com novos métodos e com um carro com a velocidade de um tractor e o comportamento em pista de um cavalo selvagem. Perdeu fulgor, foi indo abaixo e o seu companheiro de equipa, mais experiente e tendo já passado por situações semelhantes, conseguiu fazer melhor que ele.
Nas últimas corridas, ainda mais pressionado pelos boatos que estaria a perder o lugar para a nova pérola da McLaren, Magnussen, Perez foi à luta. Os seus desempenhos nas últimas provas já são mais de acordo com o seu valor. A tentativa de mostrar que é uma alternativa válida para 2014 parece que não surtiu efeito. Muitas publicações dão conta de que a McLaren já escolheu Magnussen para 2014.
A confirmar-se é mais uma enorme injustiça neste ano de 2013, que não tem sido nada meigo para os mais jovens e talentosos. É verdade que tem metade dos pontos do seu colega de equipa, e que não foi consistente ao longo do ano. Mas as circunstancias não o ajudaram nada. Um piloto jovem numa equipa nova com muito mais responsabilidade dentro e fora de pista. São mudanças que demoram o seu tempo a assimilar. E nem só os resultados devem ser avaliados num piloto. Há também o talento e o potencial. Obviamente que Magnussen tem tudo para ser um piloto enorme. Esse é como o algodão…não engana. Não é a justiça da promoção de Magnussen que pomos em causa mas sim a injustiça da saída de Perez. Não foi a sua melhor época mas mostrou que tem talento para muito mais, tem a coragem para tentar passar onde mais ninguém tenta e a qualidade para o conseguir. É verdade que exagerou em algumas circunstâncias mas caramba o rapaz tem 23 anos. Quantos erros cometeram Alonso, Hamilton, Button aos 23?
Qual o futuro de Perez agora? Nem queremos pensar numa possível saída da F1. As portas que se abrem agora não são muitas. As equipas começam a fechar os line up´s, e das equipas que poderiam acolher Perez, apenas  a Lotus e a Force India poderiam abrir a porta ao mexicano. A Sauber poderia ver com bons olhos o regresso de Perez mas agora com os capitais russos será mais difícil que isso aconteça. De qualquer forma não será uma equipa capaz de o fazer lutar de forma regular por pódios, como deveria ser.

Veremos como será o futuro de Perez. Ele tem bons patrocinadores a apoiá-lo, será uma boa adição para qualquer equipa e de certeza que já haverá movimentações para que isso aconteça. Mas uma coisa é certa. Merecia outra oportunidade. Mas acreditamos que o futuro será risonho para o mexicano. A McLaren ainda se vai arrepender.  

P.S.: Hoje Perez partiu a loiça toda dizendo que faltou organização e humildade à McLaren. Com estas declarações está “confirmada” a saída. Embora o mexicano possa ter razão, pois esta época foi vergonhosa a todos os níveis para a McLaren e a culpa tem de ser de alguém, é pena Checo ter colocado ” a boca no trombone” nesta altura. Ficaria melhor se falasse apenas no final da época. Mas com poucas equipas capazes de o receber e tendo a McLaren guardado para esta altura a decisão, o que prejudica e muito Perez, é normal que a frustração fale mais alto. Um caso muito mal gerido. Esperemos que no final Perez consiga o lugar ou na Lotus ou na Force India.

Fábio Mendes
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