A prestação da Red Bull terá decepcionado muita gente, nós incluídos, e o GP da Austrália mostrou fragilidades que não esperávamos por parte da Red Bull. Ricciardo esqueceu-se da sorte em casa e Verstappen conseguiu o resultado possível.
As primeiras sessões de treinos livres mostraram uma Red Bull algo distante da Ferrari e da Mercedes, mas a qualificação trouxe mais motivos de preocupação para os Bull’s. Verstappen ficou a 1.2 segundos dos homens da frente e Ricciardo acabou nas barreiras de protecção. Na corrida o australiano nem contou para as estatísticas e Verstappen acabou a mais de 28 segundos do líder.
Qual o problema do RB13? A suspensão! Lembram-se daquela história da Ferrari que quis saber se as suspensões da Mercedes e da Red Bull eram legais? O problema começa aí. Mercedes e Red Bull tiveram de reverter essa solução encontrada em 2016, e se no caso da Mercedes o caso ficou resolvido, na Red Bull não. Nos testes, Hamilton queixou-se do equilíbrio do carro… O motor realmente rodou num modo de potência mais baixo (que se estima fizesse perder 0.3 segundos por volta) mas que não era a verdadeira causa para a falta de andamento para os Ferrari. A Mercedes teve de arranjar soluções para dar a volta a situação criada pela ilegalidade da sua suspensão e conseguiu a tempo do primeiro GP e daí os rasgados elogios e agradecimentos a toda a equipa de Hamilton, que encontrou um carro com um equilíbrio ideal ou muito perto disso.
Já a Red Bull teve a vida mais dificultada. A suspensão, que também servia para baixar a traseira do carro nas rectas, deixou de poder ser usada e como Newey sabe que esta fórmula é ainda muito dependente do motor e da sua potência, fez um carro o mais limpo possível para evitar o arrasto provocado por demasiados apêndices aerodinâmicos. Em Melbourne surgiram algumas mudanças, mas nada que se compare a quantidade de asas que outras equipas usam.
Antes da qualificação os pilotos reagiram desta forma:
“Temos que trabalhar no carro. Precisamos de mais downforce, precisamos de mais aderência. Amanhã não teremos, mas com certeza a fábrica vai trabalhar duro. Chegando aqui, pensamos que se estivéssemos dentro de meio segundo, estaria tudo bem poderíamos construir a partir daí. Mas, obviamente, estamos a mais de um segundo.
“É difícil por agora. Ferrari e Mercedes são mais rápidos. Eu olho para os onboards e a traseira está mais estável. Parece que eles têm um pouco mais downforce de momento. Obviamente temos um pouco de trabalho a fazer. “
Na qualificação Verstappen fez o que pôde e Ricciardo foi apanhado numa saída de pista, algo muito raro no piloto australiano. Aqui os vários problemas do RB13 ficaram a nu… o carro é mais lento em relação a Mercedes e Ferrari em todos os sectores, falta-lhe apoio aerodinâmico e falta-lhe motor, com a unidade motriz da Renault ainda longe do ideal (os motores franceses rodaram com sistemas de recuperação de energia de 2016 afim de garantir fiabilidade). Além disso o RB13 é uma donzela sensível… se os mecânicos mudam alguma coisa, os pilotos notam em demasia em pista o desequilíbrio que isso provoca. Ou seja, a Red Bull vê-se agora obrigada a aumentar a carga aerodinâmica e assim perder nas rectas ou manter a filosofia e tentar resolver o problema da afinação com ênfase maior na suspensão. E aí o problema pode ser complicado, pois o carro provavelmente foi pensado para rodar com uma suspensão diferente da que está a ser usada e os engenheiros precisam de encontrar soluções para isso. É que nestes novos carros, quando a máquina começa a deslizar, perde aderência de forma muito mais abrupta, primeiro porque as velocidades são maiores e os pneus são diferentes. E se um piloto tem um carro mais instável na traseira devido à falta de apoio aerodinâmico, está mais sujeito a perder a retaguarda e acabar nas barreiras.
Se Ricciardo não tem motivos para sorrir depois do fim de semana, onde provavelmente perdeu um motor para o resto da época (lembramos que cada piloto só pode usar 4 motores), Verstappen terminou a corrida surpreendido com o ritmo, tendo ficado perto de Raikkonen (o que pode enganar, pois o finlandês rodou com o carro a fugir muito de frente o que o atrasou no primeiro stint).
Os Touros “júnior”, embora com um bom resultado final, também se queixaram, principalmente Sainz que achou que podia ter chegado mais longe. O espanhol queixou-se de falta de potência e por causa disso não pôde defender-se de Perez quando este o atacou na recta. Mas o problema maior foi no equilíbrio do carro. O espanhol nunca esteve 100% confortável no carro e pelos vistos o STR 12 é um carro sensível às mudanças de temperatura com a equipa a ter de mudar várias vezes a afinação do carro na qualificação, de forma a darem a afinação óptima aos pilotos. Sainz não gostou muito e Kvyat pareceu mais à vontade com o carro e não fosse um problema de pressão de ar no final, poderia ter conseguido um resultado melhor.
Ainda há muito trabalho pela frente para as equipas, mas para chegarem onde pretendem, a Red Bull terá de trabalhar depressa e bem… algo que já nos habituaram no passado.
fontes: motorsport.com; motorsportmagazine.com
Fábio Mendes